quinta-feira, setembro 15, 2005

Vou demitir meu piloto automático

Ia fazer um monte de coisas ontem, inclusive pesquisar uns dados sobre subsídios para agricultura, que estou precisando com urgência, para fundamentar algumas bobagens que ando pensando. Mas não deu tempo. Nunca dá. É im-pres-sio-nan-te! Estamos sempre correndo atrás do tempo e ele, disparado lá na frente, nos obrigando a avançar cada vez mais depressa, principalmente depois dos enta. Por isso, torço para que o jump day dê certo. Aliás, preciso retomar meus treinamentos. Dia 20 de julho de 2006 está aí.

Voltando ao tempo. Se o dia tivesse mais duas horas - pela manhã, de preferência - já ficaríamos bem arrumadinhos. O horário de verão vai dar um jeito nisso, mas é pouco. Preciso de mais. Eu quero sempre mais! Foi aí que a Carminha, que anda, engraçadamente, sintonizada na minha freqüência, enviou-nos um artigo que explica direitinho porque estamos sempre com essa sensação, de que o tempo está acelerado. O texto é de um carinha chamado Airton Luiz Mendonça, mas não sei onde foi publicado.

Antes de entrar no fundamental, vamos aos detalhes. Fiquei pasma. Ele diz que um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia. Isso é uma fartura impensável! É de enlouquecer mesmo. Que fossem 30 mil pensamentos por dia, já seria uma barbaridade. E é! Com tanta opção de escolha, não sei como, tantas vezes, perdemos tempo pensando bobagem. Deve ser interferência do espírito de porco. Aliás, a Rutinha me mostrou um outro texto, que fala sobre as três transmutações do espírito. É bárbaro! O texto está no livro Assim falou Zaratustra, do Nietzsche. Mas depois penso sobre ele.

Voltando ao fundamental, Mendonça explica que nossa noção da passagem do tempo está muito ligada ao movimento - das coisas, das pessoas - e à repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol. Se, por exemplo, nos fecharem numa sala vazia por alguns dias, loguinho perdemos a noção de tempo. O que não quer dizer que ele não passe, claro. Então, meninas, não se alegrem. Isso não é terapia de rejuvenescimento.

Depois, ele explica que o nosso cérebro é um grande gerente e sabe, como ninguém, otimizar seus recursos. Olhem só para vocês verem. O que ele faz com aqueles 60 mil pensamentos que processamos diariamente? Ele pega a maioria deles e joga no automático. Fica como se não tivéssemos pensado. Vou dar um exemplo. Quando saimos de casa, fechamos as janelas, ligamos o alarme, apagamos as luzes, trancamos a porta, driblamos a cachorrinha, que sobe como uma louca desorientada para pular e sujar de terra nossa roupa limpinha, e aí abrimos e batemos o portão. Tudo uma repetição sem fim. Tudo detalhe sem importância. Então, fazemos essa seqüência complexa de atividades no automático. Não pensamos outra vez para realizá-la. É como se, naquele momento, o tempo não estivesse passando. Sacaram?

Nós, adultos, temos essa sensação de que o tempo está acelerando, por isso. Porque estamos operando muito no automático. Estamos deixando de vivenciar as nossas experiências mais banais e jogando o tempo no lixo. E aí? Pois é. Nós precisamos também da rotina para não enlouquecermos. Não dá para ficar negociando com 60 mil pensamentos por dia, né?

Aí entra o Mendonça de novo e nos dá algumas dicas. Ele criou o antítodo para aceleração do tempo, chamado M&M. Mude e Marque. Mude, para sair do automático, óbvio. Então inventem novos caminhos da casa para o trabalho, do trabalho para casa; tenham filhos (eles são destruidores contumazes de rotina); viajem; passeiem; leiam livros direrentes, escovem os dentes de olhos fechados; atendam ao telefone com a mão esquerda; escutem música; dançem (mesmo que isso seja um pouco esquisito!); cozinhem pratos diferentes e tudo o mais que for novidade para vocês. A Cris falou que é bom ligar o carro de olhos fechados. Vou testar isso agorinha.

E marquem. Marquem para criarmos a oportunidade dos eventos cíclicos, que também regula a nossa noção da passagem do tempo. Como fazer isso, sem cair no automático? Celebrem a vida! Sabem aquele lanchinho no início da noite, com a família toda reunida? Aproveitem para comemorar. O quê? Qualquer coisa, o dia bom que tiveram, a idéia legal que passou pela sua cabeça, a prisão de um corrupto, a vitória do Cruzeiro (tá difícil, hem?), a derrota do Atlético (essa é fácil!), as 24 horas de tevê desligada. Inventem, meus amigos! Inventem! O primeiro beijo! Ou um olhar que vocês receberam lá atrás, mas que vocês se esqueceram e nunca comemoraram. Aproveitem, comemorem!

O segredo é esse. Inventar jeitos novos de viver, sempre, always! E comemorá-los! Porque se vocês viverem intensamente as diferenças, as novidades, deixando o piloto automático apenas para aqueles momentos mais chatos, o tempo vai parecer mais longo. Vamos passear na vida, amigos! Chega de correria! Então, não é fácil! Bom passeio!

Vou indo...(digitei essas palavras com o cotovelo, para fazer diferente, né! Foi emocionante! O tempo custou a passar e agora já estou atrasada. Vou ligar o automático de novo!)

4 comentários:

Anônimo disse...

Achei essa do piloto automático incrível, incrível não, muito crível. Incrível é não ter percebido isso antes e por conta própria. Pois eu gosto dessa brincadeira: coar o café segurando a chaleira com a mão esquerda, pegar outro ônibus em uma outra rua, levantar pelo outro lado da cama... e outras. Eu devo achar divertido por isso: eu vejo o tempo! Por uma frestinha, é verdade, mas vejo. O invisível.

Anônimo disse...

Então, liguei o carro de olhos fechados. Pra dizer a verdade, não foi uma experiência muito boa. Esqueci de tirar a primeira e o carro pulou! Mas estou aprendendo. Amanhã vou fazer de novo e depois esquecer. Se não vira rotina. Ah! E escovei os dentes de olhos abertos, para variar. Mas, de costas para o espelho, claro!(rs)Vamos treinando para as novidades, né? porque ainda tem muita vida pela frente! Falando nisso, tem algum treinamento do torneio de triatletas virtuais para essa sexta?

Anônimo disse...

Simples e criativa a parte do seu texto que aponta nossas rotinas que tomam tempo e que não computamos, por isso corremos! Legal demais, Patrícia. Vamos desligar o piloto automático. Desligar, não, demitir o danado. Ontem disquei só com a mão esquerda (se tivesse carro, teria ligado com os olhos fechados, porque com a mão esquerda deve dar torcicolo no corpo todo), e vou seguir inventando coisas novas velhas diferentes, como fumar um cigarro com as colegas enquanto morro de rir.

Anônimo disse...

Cris, e aquela sugestão do macarrão com maionese? Sorvete com catchup? Queijo gorgonzola com uva passa? Vamos testar?