sexta-feira, setembro 16, 2005

A Bola nerd

Ó dúvida!Vou ou não vou pensar sobre isso. Vou, não vou? Vou, não vou? Fui. Até que é um bom assunto para encerrar uma semana agitada. Olhem só. Li nos jornais desta sexta-feira que a Fifa testará, durante o torneio mundial de sub17, que começa hoje no Peru, a tal da bola “inteligente”. Isso mesmo. A danada tem um microchip que avisa o juiz quando ela cruza a linha de gol. Agora pensem comigo: isso não é muito esquisito?

Tá certo. A bola agora vai falar. Mais um para dar palpite dentro do campo, hem? E pode até ser, como acreditam o Sardenberg e o Armando Nogueira, ao comentarem o assunto na CBN, que incorporando os avanços da tecnologia, os juízes cometerão menos injustiças e garantirão resultados mais precisos para as disputas futebolísticas. Eles são modernos! Só que não é isso que me preocupa neste momento. Não é o dentro, mas o fora do campo. Pois quem disse que o jogo acaba quando o juiz apita? E quem disse que o melhor do jogo é a bola rolando no gramado?

Se fosse assim, terminava o show e todo mundo ia embora pra casa tocar a vida. Desligavam a televisão ou o rádio e iam caçar o que fazer. Mas não é isso que acontece na vida real. Ficam igual enxurrada depois da chuva. Um monte de bolinhos espalhados na porta do estádio ou nas redondezas ou nos bares ou em casa mesmo, na mesa da copa, discutindo, polemizando, gesticulando, só por conta de um lance. Aquela bola entrou ou não entrou? Entrou! Não entrou!

Pronto, o debate está servido. Isso rende dias, semanas, meses. Dependendo da importância da partida, até décadas. Rende até desafetos, por alguns dias. Rende comentários e mais comentários nos programas de esporte da hora do almoço. E tem até um efeito didático, preparam os jovens para o debate, já que outros temas são, para eles, menos palatáveis. E quanto mais imprecisos os lances de uma partida, mais ingredientes são adicionados nesta lauta refeição. Essa é uma das alegrias da galera.

Mas agora, com a bola nerd, acabou-se o que era doce. E junte a isso as regras que a Fifa tem inventado todo dia – não pode isso, não pode aquilo, isso nem pensar, pode dar até expulsão – e, pronto, acabou-se a polêmica no futebol. Fim de jogo, fim da diversão. Agora só falta acabar com a espontaneidade dos jogadores, as gingas, aqueles dribles fenomenais e aí o futebol volta a ser um esporte inglês. Se não é isso mesmo que eles estão querendo. Em bom portunhol, deixo aqui o meu protesto: caramba, ora buelas, este despuerte estay mutjo cri-cri, djo no voi mas acompañar futeboolll!

3 comentários:

Anônimo disse...

Olha só o que estava pensando agora. Tá lá o jogo rolando. Aí um jogador vai e faz um gol. Uma jogada meio esquisita, meio imprecisa e tal. A bola apita. O juiz apita e confirma o gol. Os jogadores do time adversário se revoltam. A torcida idem. Aquele fuzuê no campo. Invasão!!!! Correm atrás de quem? Do juiz? Não. Da bola! Cadê aquela imbecil? Cadê a tagarela? Cadê a filha de uma mãe?!Encontram a coitadinha escondida dentro do gol. Aí chutam a bola. Chutam para um lado, chutam para o outro, pisoteiam a cuja, pulam cinco em cima dela.Cospem na bruxa banguela, xingam a mãe de todas as bolas e isolam a diaba para fora do estádio. Que espetáculo!!

Anônimo disse...

Oi, Patricia, sabia que somos primos? Sou filho da Carminha e do Zé Mauro. Talvez vc tenha visitado Volta Grande qdo era mais nova. Soube do seu blog ontem, pelo Roberto. Parabéns! Bom saber que a família continua a manter destaques talentosos envolvendo o uso da pena (ou do teclado - mais adequado ao século XXI). Abraço. Caetano Mauro

Anônimo disse...

Então, não estamos na beira da piscina, mas continuamos na roda, não é mesmo? E é claro que já visitei Volta Grande, principalmente, passei várias e boas férias por lá. Aliás, aprendi com seu pai,Zé Mauro, que a vida sem uma trilha sonora não tem muita graça. Não importa se o som é ambiente ou se toca no volume máximo, o que importa é que a música está rolando. Aprendi com ele também a gostar de nhá benta, da kopenhagen, apesar de hoje achar que ela é mais doce do que realmente gostaria. Mas ainda assim cometo a ousadia de comprar uma de vez em quando. Então, bem vindo ao mundo das divagações.