segunda-feira, setembro 12, 2005

Tragam as macas

Ontem desentendi tudo o que está acontecendo no palco da política. Ouvi só um trecho da entrevista de Severino Cavalcanti, mas foi o suficiente para desencadear todo o meu desentendimento. Tudo começou quando alguém da imprensa, não me lembro quem, inciou sua pergunta com um supondo que...O Daniel, que estava pilotando a sua dremel multipro 395AX, iniciando as obras de mais um casemod, retrucou, lá de fora, imediatamente: supondo que sua pergunta não tenha sido feita, hem? Hem? O que eu responderia? Nada. Absolutamente nada, já que nada me foi perguntado. É um adolescente e, como tal, cruel e intolerante.

Eu até que desentendi aonde a repórter queria chegar, como desentendi outras tantas versões sobre a mesma questão e até tirei um conclusão precipitada e infundada da coletiva concedida por Severino. É uma tese antiga, com algumas incomprovadas ocorrências. Ela diz o seguinte: uma mesma pergunta pode ser formulada de duas até dez diferentes formas, no mínimo, ou até ao infinito, mas se não for a pergunta certa, a resposta será sempre a mesma. Não adianta insistir. Acho que o Severino desconfiava disso também e tornou-se enfadonhamente repetitivo, durante a entrevista.

E, como ele, tenho observado que, muitos parlamentares, empresários, autoridades do executivo, jornalistas e, admitamos, nós mesmos, estamos nos tornando muito previsíveis, quando vamos comentar essa bagunça política que aí está. Minha xará e amiga reclamou outro dia, depois de passear por aqui, que estou escrevendo muito e ninguém aguenta mais discurso, blábláblá, titititi e enhenhenhe. Ela está certa, como sempre. Mas eu não tenho mais conserto, desde que demiti meu editor, para ver se conseguia pôr esse blog no ar. Ele dava tanto palpite, corta aqui, corta ali, esse ângulo é melhor, não, não, esse ângulo não, está equivocado, chi, essa palavra não, é muito ambígua, nossa, você está despencando no óbvio, no lugar comum e assim por diante. Aí dispensei. E, agora, estou assim, sem limites.

Mas acho que os demais ainda têm salvação. Claro, depois de um tratamento intensivo, supervisionado pelos filósofos puros, pelos engenheiros (que têm uma racionalidade espantosa quando vão discorrer sobre qualquer assunto) e pelas crianças entre 7 e 11 anos. Então:

- Tragam as macas! - como diria o Barão Vermelho. Todos para o CTI Epistêmico!

Se escaparem, despercebo que teremos alguma chance de deixar de descompreender a nossa realidade e começar a vislumbrar alguns contornos de coerência no horizonte e, quiça, já desenhar algumas evidências dos fatos. Caso contrário, continuaremos livres, pelo menos isso, para escolher em qual mentira vamos acreditar. Em qual mentira você vai acreditar?

Tentem o unidunitê, às vezes funciona!

Vou me recolher.

PS: Não desisti, continuo pensando na alegria dos pobres e, agora, ainda mais, nas porteiras desse mundão besta. Quando as idéias brotarem, volto para postá-las.

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