quarta-feira, maio 28, 2008

Tudo que tenho de fazer

Queria um dia no ritmo de uma carroça

Continuo atolada de coisas para fazer. Se não estivesse, estaria aqui mais vezes. Se não estivesse, estaria lendo um livro de poesia ou arrumando uma gaveta ou vendo um filme, ouvindo uma música, jogando conversa fora, andando por aí ou qualquer outra coisa parecida. Mas estou mesmo atolada de coisas para fazer e isso me aborrece muito. Às vezes suporto e eventualmente até curto estar assim tão ocupada. Eventualmente, mas, de fato, só muito raramente, pois prefiro muito mais não ter o que fazer e inventar uma bobeira qualquer para passar o tempo, do que ficar enrolada numa teia de coisas para fazer que não acaba nunca.

E exatamente porque estou assim, com uma lista interminável de coisas para fazer, urgentes, urgentíssimas e super urgentíssimas, é que não tenho tido oportunidade para estar aqui mais vezes. Mas, como dizem os meninos, vai passar. Enquanto não passa, tiro férias de 10 minutos ao longo da manhã, outros 10 no meio da tarde e mais 10 no início da noite e vou tocando o barco. Quando sobra tempo rio um pouco, xingo outro tanto e saio fora do ar para me concentrar melhor e tentar terminar tudo que tenho de fazer mais rápido do que está previsto.

Agora tudo que tenho de fazer já está me chamando de volta. E por isso já vou.

Um restinho de semana só de divagações para todos.

Inté, quando for possível outra vez.

Foto: minha, numa manhã de plena quarta-feira, já no sufoco

terça-feira, maio 13, 2008

Vira folha

Marina Silva com sua indefectível écharp (pescada na internet)


Agora fiquei preocupada outra vez. A terra está tremendo de 15 em 15 dias, cada hora num lugar diferente. Tremendo e soltando fogo de suas entranhas, espalhando cinzas nos céus do Norte e do Sul. Os italianos e chilenos sabem muito bem disso. E agora mais essa. Marina Silva desistiu. Não poderia ter tido notícia pior. Justo neste momento.

Mas no lugar dela, acho, também teria desistido. Nem resistiria tanto tempo. Por isso, Marina Silva foi, antes de tudo, uma forte. Não acredito que ela seja insubstituível, ninguém é, mas todos somos, de uma certa forma. Cada um de nós tem um jeito de fazer as coisas que é próprio só de cada um mesmo e, nesse sentido, somos insubstituíveis. Mas, tem certas horas, que temos de assumir essa condição, de substituíveis, como única possibilidade de mudança.

Acho que é nisso que Marina Silva estava pensando quando escreveu a sua carta de demissão. Ela sabe da urgência das mudanças que são necessárias para enfrentarmos os tempos que virão. Sabe, o que não queremos saber, dos riscos que estamos correndo. Sabe dos dramas que já estamos vivendo. Ela sabe o angu de caroço em que nos metemos. Talvez saiba até inventar um jeito de fazer uma polenta desse angu, mas entre saber e fazer vai uma distância. E aí é que está. Por isso desconfio que Marina deve conhecer muito bem também a força dos interesses que impedem os governos de tomar decisões impopulares. Evo, por exemplo, não sabe ou não teria feito a besteira que fez e nem repetido a besteira maior, concordando com o referendo para avaliar a popularidade dos governantes durante o mandato, o chamado referendo revocatório. (Veja na foto pescada na internet: Evo e seu dedinho em riste!)

Mas, talvez, assim como Marina, Evo deve estar pensando que chega uma hora que é melhor mesmo desistir, recuar, jogar a toalha e deixar outros, mais crentes, tentarem o que vínhamos tentando. Lamento muito a saída de Marina Silva, mas não tenho dúvida de que ela continuará no front, mobilizando nossas vontades para fazer alguma coisa acontecer. De Evo, ainda não sei. Agora é com os bolivianos. Eles é que precisam saber. Pensando bem, pensando nas peças que recuam no tabuleiro, para tentar avançar, Hillary, como Evo e Marina, deveria também rever sua disposição férrea e ceder. Até eu estou fazendo isso, porque Hillary não pode, essa reles mortal como todos nós? E se fizer, será mais uma junto com tantas outras. Olha que isso vai acabar virando modinha. (Veja na foto pescada na internet, Hillary e seus dois dedinhos em riste!)

Então vou admitir. Não tive a sorte de colecionar acertos nas minhas divagações sobre as eleições americanas. Por isso, aceitei o conselho do Márcio e fui me informar melhor sobre os dois candidatos democratas à presidência dos Estados Unidos. Apostei numa possibilidade de mudanças na política norte-americana, apenas com uma mudança de gênero. Mas, definitivamente, hoje isso é irrelevante. Obama, de fato, me surpreendeu. Muito mais do que Hillary. Nem tanto pelos projetos que apresentou no Senado, mas pela leitura que faz do mundo. A sua compreensão da diversidade como um atributo importante para as sociedades contemporâneas, muito mais do que as lutas pelos direitos de um grupo, faz uma diferença brutal em relação a Hillary. Enfim, também recuei, desisti e mudei de opinião.

A vida é assim. Ainda bem.

Inté não sei quando, porque ando apertada de costura.