Do fundo do poço, continuo desentendo tudo que está acontecendo. Olhem só. Não ouso discordar e tendo a concordar com a Marilena Chauí, quando ela fala que os militantes do PT tiveram um papel importante na construção da democracia brasileira. E quando ela diz: No pasarán!.
E não discordo e também tendo a concordar com o Leo, quando ele diz: que se vayam los todos. Olhem só que confusão!
Andei e pensei que, talvez, em vez das macas e da CTI Epistêmica, estejamos todos precisados é de algumas horas de divã e de mais alguns bons escutadores, para podermos (des)entender o ponto da fervura desse nosso caldo político e cultural.
Tiauuuuuuuuuuuuu
PS: Achei mais uma dica sobre como sair do fundo do poço: recitar Cassiano Ricardo. Olhem se não dá:
O Cacto
Vamos, todos, brincar de cacto/na areia da nossa tristeza./Uma folha sobre outra,/em caminho do céu intacto.
Uns nos ombros dos outros,/um braço a nascer de outro braço,/uma folha sobre outra,/formaremos um grande cacto.
De cada braço, já no espaço,/nascerá mais um braço, e deste/outros braços, qual ramalhete/de flores para um só abraço.
Filhos da pedra e do pó,/ fique aqui embaixo o nosso orgulho,/pisados sobre o pedregulho./Formaremos, num corpo só/
(uma folha sobre outra/uma folha sobre outra,/um braço a nascer de outro braço),/a nossa escada de Jacó.
Pra que Torre de Babel/ou o Empire State, compacto,/se, uns nos ombros dos outros,/chegaremos ao céu, num cacto?
Uma folha sobre outra/e já uma árvore de feridas/por entre os anjos de azulejo/e as borboletas repetidas.
Que fique aqui embaixo a terra;/lá de cima nós tiraremos/uma grande fotografia/do seu rosto de ouro e prata.
Pra provar a Deus que a terra,/numa fotografia exata,/não é redonda, mas chata;/não é redonda, mas chata.
Pra prova, por B mais H,/que o homem, animal suicida,/já sabe fabricar estrelas.../Se é que Deus disto duvida.
Que iríamos fabricar luas/(se não fôra, para Seu gáudio,/o espião nos ter furtado a fórmula)/ mais bonitas que a Sua.
Vamos, todos, brincar de cacto,/uns nos ombros dos outros,/um braço a nascer de outro braço,/uma folha sobre a outra.
Vamos subir, de folha em folha,/mais alto do que vai o avião./Lá onde os anjos jogam pedras/ no cão da constelação.
Que outros usem avião a jato/pra uma viagem em linha reta:/nós, filhos da planície abjeta,/subiremos ao céu num cacto.
Uns nos ombros dos outros,/injustiças sobre injustiças,/formaremos um verde pacto.../Vamos, todos, brincar de cacto.
Vamos, todos, brincar de cacto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário