quinta-feira, setembro 22, 2005

bush, bush....

Lá vem mais um furacão! Tudo bem, parece que Rita desanimou e está chegando mais mansa, mas o risco de afetar a produção das refinarias do Texas continua. E aí? Como é que é? Vai ou não vai assinar esse Protocolo de Kioto? Que teimosia, siô. É intrigante mesmo a resistência dos Estados Unidos em aderir a esse acordo. É um acordinho danado de merreca, mas é o primeiro grande esforço mundial, com o objetivo de reduzir o impacto dos gases poluentes no clima do planeta.

Fui pensar um pouco sobre isso e a história é bem complicada, apesar de poder ser resumida em uma só palavra: business. O Protocolo de Kioto, que não foi assinado pelos Estados Unidos, exige que os países desenvolvidos reduzam suas emissões de gases de efeito estufa, no período de 2008 a 2012, a um nível não inferior a 5% do registrado em 1990. Ratificado por 141 países, menos os Estados Unidos, o Protocolo entrou em vigor em fevereiro de 2005.

E o que será que bush estará pensando sobre isso, nesta noite? Ele deve estar pensando o que sempre pensa todas as noites, quando olha para o mundo: em negócios. Com a entrada em vigor do Protocolo, que os Estados Unidos não assinou, criou-se um mercado de compra e venda de emissões de carbono, que já cresce – pasmem! - a taxas turbinadas de 200% ao ano.

O que é isso? Não sei bem, mas vou tentar explicar. Me acompanhem: os países em desenvolvimento não são obrigados, por enquanto, a reduzir suas emissões de gases. Mas, se as suas empresas reduzirem emissão ou retirarem dióxido de carbono da atmosfera, poderão vender esses "créditos" a firmas ou governos de nações ricas, que precisam reduzir seus índices, mas não estão conseguindo.

Para se ter uma idéia da dimensão desse negócio, a estimativa é a de que o mercado de carbono sequestrado movimentará até 2012, cerca de US$ 30 bilhões por ano. Segundo matéria publicada no Globo de outro dia, o Brasil poderá abocanhar pelo menos 10% desses recursos, ou, segundo cálculos de uma empresa de consultoria americana, cerca de US$ 1 bilhão por ano até 2012.

Então é uma coisa boa para os países em desenvolvimento, que poderão obter recursos baratos para investimentos em programas de controle da poluição, em setores como o siderúrgico, papel e celulose, indústria química e até para aterros sanitários, pois o melhor aproveitamento do lixo orgânico é fonte poderosa de créditos de carbono. Se estou entendendo, é isso.

E é bom também para as nações ricas, que podem comprar créditos dos países em desenvolvimento. E créditos baratos, se comparados aos investimentos que teriam de fazer, para reduzir as emissões de carbono de suas empresas. E daí? Onde entra os Estados Unidos, que não assinou ainda o Protocolo? Pois é, aí fui pensar com o José Goldemberg, que, se não me engano, está na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Ele explicou que, no lugar de adotar metas quantitativas para reduzir suas próprias emissões, por meio de leis e regulamentos, os Estados Unidos, que não assinou o Protocolo, se propõem a investir em pesquisas de novas tecnologias para o controle das emissões. Estão sacando? Trocou o compromisso de Kioto, pela ação bondosa de ensinar ao mundo como controlar suas emissões de gases. Ao invés de comprar créditos, vende tecnologia. Política de compensação, eu acho.

Mas para quê novas tencologias, se já existem outras disponíveis, para uso imediato, e a preços módicos, de ocasião mesmo? Justamente. Porque novas tecnologias, mais sofisticadas, são mais caras e geram novas necessidades no mercado, que serão atendidas por quem? Pelos Estados Unidos, que não assinou o Protocolo de Kioto. Negócios, meus amigos, negócios! Fazer o quê? Estamos ou não num mundo dominado pelo mercado?

Mas ainda não estou entendendo. Por quê, por quê, os Estados Unidos, que vocês já sabem o quê, não poderiam fazer as duas coisas juntas? Assinaria o Protocolo, pois ainda não assinou, e venderia tecnologia para os pobres? Não sei, não sei, gente! Tenho de pensar. Sei que o lobby da indústria do carvão nos Estados Unidos, que blá blá blá blá blá blá, é muito forte e que esse lobby é inimigo mortal do Protocolo de Kyoto, que os Estados Unidos não assinou. Mas não sei ainda o que isso quer dizer. Não sei se a indústria de carvão apoiou bush nas últimas eleições...., vai ver, são compromissos de campanha, né? Vou continuar pensando.

Bye

2 comentários:

Anônimo disse...

Well,

Para que vc possa entender melhor o cenario todo, nao deixe de assistir um documentario chamado "The corporation".
Acontece que as grandes corporacoes aqui nos EUA nao possui um "dono", a empresa e composta no final da linha, por investidores, que compram acoes na bolsa de valores. Dai, voce analizando friamente, comeca a ver que a empresa precisa de qualquer jeito apresentar lucro para atender os "desejos" dos investidores e valorizar as acoes... e assim vai.
Portanto, para as grandes corporacoes os fins justificam os meios.
Manipulam presidentes, senados, partidos, populacoes inteiras. Nao 'e o presidente em si, mas toda a estrutura por traz dele.
E mais complexo um pouco, nao leve para o lado pessoal, o presidente apenas representa uma nacao.
Assista o filme.
Abracos.

Fernando.

patricia duarte disse...

Obrigada pela visita e pela dica. Vou dar um jeito de ver o filme.
Inté