domingo, novembro 27, 2005

No donut for you

Preciso devolver o teclado dum-dum do Maick. Então, como o domingo já está acabando, o Atlético foi rebaixado e amanhã vai ser dureza de aguentar, vou suspender minha trégua com os loucos dos ingleses. Eles não batem bem da cabeça e, talvez por isso mesmo, defendam com todas as letras a política de dar tiro na cabeça em casos de abordagem a suspeitos de terrorismo.

Tudo bem, no Brasil morre-se muito de bala na cabeça também. Fiz uma pesquisa na Folha de São Paulo e encontrei mais de 370 registros de crimes em que a vítima morreu com tiro na cabeça, incluindo policiais, ladrões, publicitários, dentistas, bancários e outros. Brasileiro também anda batendo muito a cabeça né? Mas aí é outra história. Depois penso nela.

Lá em Londres, o caso é diferente. É uma política, uma determinação. Só que, uma semana dessas pra trás, alguns ingleses resolveram questionar essa ordem. Acho que foi por conta da morte de Jean Charles de Menezes. Lembram-se dele? Aquele mineiro que estava em Londres e foi confundido com terrorista. Distraiu e levou, para trazer de souvenir, mais de oito tiros na cabeça. E não foi qualquer tiro não, foi de balas do tipo dum-dum, de uso proibido na guerra pelas convenções internacionais. Sabem porquê? Porque além de matar, essas balas estilhaçam quando em contato com o corpo e não dão à vítima nenhuma chance de sobrevivência. Morreu tá morrido.

Bom, mas aí uma parte dos ingleses começou a questionar essa política. Outra parte achava que não. Que é uma boa tática para enfrentar os suspeitos de terrorismo. Aí veio o Tony Barbie e, num dia de george bucha, não só defendeu a política do tiro na cabeça, como sugeriu que ela deveria ser empregada também em outras ocasiões. E deu exemplo. Se alguém está segurando uma criança de 10 anos com uma faca no pescoço dela e vai começar a cortá-lo, o que fazer? Para ele, o único tiro possível é na cabeça e, nesse caso, é o que tem de ser feito.

Ôw, esses caras, não sei não. Se eles têm uma polícia bem preparada, não precisa de uma política para dizer o que ela deve ou não fazer em cada situação, não é não? Cada caso é um caso, ou não é? Além disso, tem mais uma coisa. Ao mesmo tempo em que discutia essa tática do tiro na cabeça, Tony Barbie baixava uma outra política. A da boa convivência, lembram-se dela também? O inglês que não souber se comportar bem em público vai receber uma notificação, multa e até ordem de prisão. Em vez de tiros, ABOs na cabeça.

Então. O sujeito está lá andando na rua e tem um murrinha na sua frente. O que fazer? Ele não pode simplesmente esbarrar com o ombro no tal carinha e passar na frente não. Ele tem de pedir licença e, se por ventura esbarrar, tem de pedir desculpas também. Palavrinhas mágicas! Mas e aí? Cumquequié que fica? O policial vai lá pedir licença pro tal suspeito ou pro zé mané que está com a faca no pescoço do menino de 10 anos e, só depois, atirar? E depois de disparar um certeiro, vai lá pedir desculpa? Eu, heim? Quem que entende?

E tem mais, esses ingleses não param nunca. Sabem qual é o esporte predileto dos ingleses? Não é futebol, não. Futebol é só desculpa. O que eles gostam mesmo é de fazer binge drinking. Também não sabia o que era isso, mas já sei e vou explicar. Binge drinking é um hábito que eles têm de entornar todas no menor espaço de tempo e depois sair trôpegos pelas ruas já no finalzinho da noite. Eles adquiriram essa mania salutar porque lá a venda de bebida alcoólica é expressamente proibida depois das 23 horas.

Então, se eles trabalham até às 18 horas, 20 para os workholics, eles têm, no máximo, quatro ou cinco horas para beber. Aí já viu, vai todo mundo pro pub - porque lá não tem bar -, a casa fica cheia, o garçon de mal humor e ainda tem aquela dúvida – vou beber o quê? E para beliscar?. Bom, tudo resolvido, já se passou pelo menos uma hora, sobram três ou quatro. Aí vira gincana. É um copo atrás do outro para terminar rapidinho. Huahuahuahua.

Bom, mas depois de toda trapalhada que vem aprontando, o Tony Barbie resolveu limpar sua barra com os ingleses e baixou uma nova lei, em vigor desde a última quinta-feira, flexibilizando o horário de fechamento de locais que vendem bebidas. É um agrado, sacaram. Política de compensação. Não foi uma canetada geral, claro, porque lá não é essa bagunça que vocês estão pensando, né? Quem quiser adotar o novo horário tem de pedir autorização. E aí só 1. 212 pontos de venda obtiveram autorização para ficarem abertos 24 horas e, destes, só 359 são pubs ou clubes.

Hehehe, pode ser que os ingleses aprendam a beber mais devagar, mas ainda vão ter de enfrentar casa cheia ou então vão continuar praticando o esporte nacional: binge drinking.

Valeu Maick. Já passei o secador no teclado. Está novinho de novo.

Sonhos em dose dupla para todos vocês

PS: Eu, como não bebo, vou pensar na prestação de contas das campanhas do referendo das armas. Hehehe, quem financiou mesmo a campanha do Não, aquela vitoriosa, à favor da venda de armas? A resposta é do naipe do óbvio ululante, as fábricas de armas: Taurus e Companhia Brasileira de Cartuchos. Mas tem uma historinha interessante nesse rolo. Depois eu conto. Ah, ia me esquecendo. Vou anotar pra não perder. Tive uma idéia de como baixar os juros no Brasil. Sério. É uma idéia legal. Depois vou explicar.

Ufa, fiquei tonta. Essa dose foi cavalar!

Bye.

Nenhum comentário: