Eu penso assim. Têm coisas que a gente não sabe e não tem importância. Uma hora a gente procura saber e acaba aprendendo. Copia de alguém que sabe, olha, escuta e acaba fazendo. Até na marra. Não que faz perfeito da primeira vez nem que vira um especialista, mas aprende de um jeito que fica bom. Satisfaz. Exemplo: não sabia fazer risoto. Daí, um dia, cismei. Que troço é esse? Li as instruções num livro, li outras versões em outros e topei fazer. Não ficou bonito nem excepcional, mas ficou com um gosto bom. Me pediram e eu repeti. Ficou melhor. Agora, continuo fazendo quando dá na telha. Não virei especialista, só faço quando tenho gosto e é assim. Aprendi.
Têm outras coisas que parece que a gente nasce sabendo. A gente nem sabia que sabia, mas quando chega a hora, a gente faz como se sempre tivesse feito. Não é muita coisa nem grandes coisas. São miudezas, até difíceis de a gente perceber mesmo, mas quem olha percebe e até comenta: puxa, parece que ela tem jeito pra isso. Não é jeito. É que já sabia. Exemplo: não costumo fazer trabalhos manuais. Acho que é porque não sei nem dei importância. Mas um dia precisei montar a maquete de um vilazinha. Tinha que ser eu mesma, porque uma criança de quatro anos não ia montar. Não sabia. E montei. Com ruas, casas, prédios, árvores, carros, postes e tudo. E foi como se sempre tivesse feito isso. Ficou bárbara. Ficamos até com pena de desmanchar e essa vilazinha durou quase quatro anos, até ir pro lixo. Fiz isso uma vez e nunca mais, mas se for preciso, acho que faço de novo. Já sabia.
Têm coisas ainda que a gente não sabe, mas também ninguém sabe. São aquelas da ordem do imponderável. Agora, têm coisas que a gente não sabe mesmo. Não sabe nem nasce pra saber e pronto. Não adianta querer nem querer muito. Não presta ser esforçado e se empenhar de corpo e alma. É gastar vontade à toa. Vai perder tempo querendo copiar, repetir e fazer outra vez, que não vai ficar de um jeito bom. E isso é fácil de perceber. Sobre essas coisas, sabemos apenas que não nascemos pra elas. E já é muito. Exemplo: inglês. Passei de ano, passei no vestibular, me especializei, mas nunca graças ao inglês. O que precisei, decorei. Entender, não entendo até hoje. Já tentei, sem nenhum compromisso nem vontade, assim como quem só brinca e também não funcionou. Não nasci pra falar ou ler inglês e pronto. Ponto final.
Então é assim que penso. E tem hora que as pessoas são como somos com as coisas que estão postas por aí. Tem gente que parece que nasce pronta. Tem jeito pra vida. Vive fácil, sem sofrimento, mesmo quando sofre. Não carrega o mundo nas costas nem carece. Segue passeando. Pelo menos parece. Tem outro tipo de gente que consegue mudar, parece que amadurece. É de um jeito e depois muda, sem mudar na aparência mas mudando na essência. Evolui. Mas tem outro tipo que não se emenda. É gente de um jeito difícil de ser e fica assim até o resto da vida. Pode passar o pão que o diabo amassou. Pode até alcançar o paraíso. E ainda pode dar a sorte de correr meio mundo, de conhecer todo tipo de gente boa para se copiar, mas não resolve. Parece que nasceu só para ser o que é. E pronto. Somos a maioria, admito. Mas é o tipo de gente que deveria virar pedra na virada. Exemplo exemplar: bush. Esse é o cara difícil do momento. Não se emenda.
Olha só. Ele ficou meio sumido do noticiário desde que Mahmoud Ahmadinejad lhe enviou uma carta, no início do mês passado. Que ele leu, é claro, mas não mostrou pra ninguém e sumiu. Nós, eu e minha santa ignorância, pensamos: está refletindo. Quem sabe vai amadurecer. Que nada. O diacho dessa gente é isso. Só é o que é. E bushit estava é arrumando confusão nos bastidores. Maquiando o mundo real mais uma vez, para vender no mercado. Que nem que fez quando não conseguiu entender o 11/9. Que nem que fez quando resolveu invadir o Iraque. E agora de novo, depois de outras tantas.
É a BBC que está mostrando o que é. Está exibindo as imagens de corpos de vários adultos e crianças iraquianas que, segundo a polícia local, integravam um grupo de 11 civis executados por tropas americanas em março passado. E o mais estranho é que não acontece nada com bush. Já teve época, nos Estados Unidos, em que uma mentirazinha de nada, corriqueira, já era motivo mais do que suficiente para derrubar um presidente. Agora, podem inventar o que vier, que Elvis não morreu, que o sonho não acabou, que os juros não vão subir e tudo cola. Será que os americanos também estão mais tolerantes? O que se passa?
Inté.
Sonhos supreendentes para todos. Tão reveladores que os inspirem novos jeitos de ser, mesmo continuando do jeito que são.
Um comentário:
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