domingo, dezembro 18, 2005

Somos todos suspeitos

Nem ia passar por aqui. Minha porção diária de sopa de letrinhas está temporariamente racionada e tudo que sei sobre o que se passa é só de ouvir falar. Também meu tempo para divagar foi drasticamente reduzido. Até o final do mês meu nome é só trabalho. Mas hoje, enquanto estava ali, adiantando serviço de segunda-feira, minha atenção foi dispersada por um mar de pensamentos incontrolável. Estava bem centrada, lendo um artigo sobre a crise política brasileira. Os autores estavam analisando as coalizões que foram formadas nos governos FHC e Lula para compreender as dificuldades que um e outro tiveram para governar. A partir daí, eles buscaram construir um entendimento mais coerente e menos novelesco da origem da crise que vivemos ao longo de todo esse ano.

Estava mergulhada no texto, mas bateu um pensamento no meio da leitura que foi me levando a outro que me levou a mais um e a outro mais e pronto, dispersei. Foi que nem uma onda vindo atrás da outra e mais uma e outra mais, até bater na areia e dispersar um mundão de água pra tudo quanto é lado. Foi um pensamento bobo que tirou minha atenção. Lembrei da pesquisa divulgada essa semana sobre intenção de votos, que dá a Serra a liderança na preferência do eleitorado para a disputa do ano que vem. Ficou com 36% dos votos contra 29% para Lula. Acho esse tipo de pesquisa uma bobagem. Parece jogo de aposta. Diz muito pouco do que o eleitorado poderá fazer quando for pra valer. Principalmente, levando-se em conta que estamos ainda no meio do caos.

E tem mais. Me cheira a manipulação marota das elites políticas paulistanas. Elas pensam que o Brasil mora em São Paulo. Só dá Serra e Alckmin nessas pesquisas. Então não temos outras opções nesse brasilzão? Parece que querem nos impôr uma falsa preferência, antecipando um quadro como se este já fosse dado. Eu, heim? Mas aí, fiquei pensando que esta será uma das eleições mais difíceis que teremos, desde o início da redemocratização. Jogamos as últimas fichas em 2002. E agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora José?

Além da falta de novas alternativas, vamos ter de enfrentar o descrédito na política. Tudo bem, a descrença nos políticos não é uma variável nova nos processos eleitorais. Não é de hoje que o povo desconfia de políticos. Mas ele não deixa de dar o seu voto, na hora em que é convocado às urnas. Só que agora essa desconfiança ficou concreta. Ganhou um, dois, três, dezenas de rostos. Um para cada gosto. Tem nome, tem história, tem versões, uma para cada finalidade. Então, continuei pensando, de duas, uma. Ou vai chover voto nulo na urnas ou então o brasileiro vai ficar mais exigente, mais criterioso, mais cuidadoso na hora de apertar a tecla. E aí, até que terá valido a pena que penamos. Mas será?

O sentimento de desconfiança se generalizou. Não se restringe mais apenas ao Parlamento, que é mesmo o poder mais exposto à avaliação do eleitorado. Contaminou também o Executivo, que tem um nome de plantão: Lula. Ele está se equilibrando na beirada do poço desde o início do segundo semestre. E nos últimos três meses, a confiança dos eleitores no presidente chegou ao seu pior nível desde o início do governo, segundo pesquisa do Ibope. Hoje, 53% dos brasileiros dizem que não confiam mais no presidente, contra 51% em setembro. Se considerarmos que Lula esteve e ainda está no paredão, até que esse não é um percentual muito ruim. Mas que ele sofreu uma queda, não resta a menor dúvida.

Até aí, no entanto, também não temos novidade. Isso acontece. Já passamos por situações semelhantes em outras eras. Só que, dessa vez, parece que o bicho pegou. O ânimo do eleitor vai estar contaminado ainda por outras descrenças. É uma desconfiança que está batendo fundo. Outro dia desses, enquanto tomava café, filei de rabo de olho uma notícia que saiu no jornal, sobre uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial. Ela foi realizada em 20 países e mostra um quadro dramático de queda de confiança nas instituições. A descrença forte em relação aos políticos e aos governos já era de se esperar. A crise da representação vem desde o final dos anos 80. Mas agora essa desconfiança se estende com a mesma intensidade para as empresas e as próprias entidades da sociedade civil. Não escapou ninguém. Nem as Organizações das Nações Unidas (ONU), que eu acho o máximo! Foram os piores resultados desde o início dos levantamentos, em 2001.

No Brasil, esse índice de confiança sofreu uma retração de nove pontos entre 2004 e 2005, atingindo todas as instituições, incluindo as empresas globalizadas e locais e até as ongs de todas as bandeiras. E esse é o quadro novo. Só pai e mãe escaparam. Mas essa confiança se contrói e se limita para dentro da família. Pôs o pé na rua, todo mundo vira suspeito. Essa falta de confiança nas pessoas e instituições e o clima de competição acirrada e permanente que reina em todo o mundo é que me deixam desconfiada em relação às eleições do ano que vem. Acho que vai dar um desânimo do cão sair para votar. Fico pensando, o que vai motivar o eleitor a sair de casa para levar o seu voto até a seção eleitoral mais próxima?

A situação está tão periclitante, que acho que nem Deus escapa de uma oitiva. Olhem só, em outubro, se me lembro bem, li uma notinha que foi publicada no site do Terra que deixava o Todo Poderoso bem mal na foto. Um romeno, chamado Pavel M., que está preso, entrou com um processo na Justiça contra Deus. Ele acusa o Chefão lá de cima de traição, abuso e tráfico de influência. Huahuahuahua. Pave alega que seu batismo é um contrato entre ele e Deus, que teria por obrigação manter o Diabo afastado dele, assim como todos os problemas. E parece que Pavel está metido em vários, nessa sua passagem aqui pelo andar de baixo. Isso configuraria a quebra do contrato, gerando, portanto, uma quebra da confiança, né?

A reclamação foi enviada para a Corte de Timisoara e encaminhada para o escritório do Procurador. Hehehe. Só que o processo vai ser arquivado. Tão achando que o Todo Poderoso está assim à disposição, como Roberto Jefferson, Zé Dirceu, Delúbio, Marcos Valério e as CPIsnetes, musas das oitivas, entre outros reles mortais? Tão, é? Pois estão enganados. E como os procuradores não tem como convocar Deus para depor, o processo vai direto para a gaveta. Mas Pavel, pelo menos, já está olhando esquisito para Deus. E, se a moda pega, vai ter muito mais gente olhando de rabo de olho para o Poderoso.

Então, fiquem com os anjinhos, que, por enquanto, estão fora dessa encrenca.

8 comentários:

Anônimo disse...

Mae, melhoro o blog finalmente

Anônimo disse...

brincadera, tah horrivel

patricia duarte disse...

ae Rafael! Que bom que vc passou por aqui. Fico muito feliz, porque eu te adoro, adoro, adoro. E suas críticas serão sempre bem vindas. Ainda que desconfie que vc esteja apenas me censurando, só porque estou no computador. Tá com ciúme é bichim? Bjim!

Anônimo disse...

vc tah me obrigano a ouvir isso, que nem nas sala de tortura dos EUA, e naum baxi o nivel comigo sra Bush

patricia duarte disse...

Tô pasma! Vc está muito agressivo, Rafael. Além do mais, não quero ficar guerreando com você no meu blog. Eu sou da paz, carinha!Outro bijim. Da sua mãe.

Anônimo disse...

mae vc n manda in mim, eu auterei todo o seu texto. vc fla q n tem editor, aki to eu, em pessoa(capettttaaaaaa, para de fze esse blog!)c vc naum gosta de guerrea, intaum admit q eu so melhor q vc!
ela tah tentanu autera o meu texto, mais soh por issu eu naum vou. ela tenta me engana, mais n consegue!eu vo tira o (************) por conta propria!

patricia duarte disse...

Ok Rafael, você venceu! Vamos dormir que amanhã o dia começa é cedo! Tiau.

Anônimo disse...

Eu posso durmir ateh tarde e vc n!
agora q eu to reparando, seu blog n melhoro nd des de a ultima vez, ou seja horrivel! Brincadera.Brincadera da brincadera. crianças n tente tramar essa briga em casa, pq saum feitos por atores proficionais, alem disso contem golpes baixos d brincadeira e tem um conteudo chulo e na verdade naum deveria ser lido por ninguem. To zuano, mae, seu blog melhoro sim, tah