Meu control c – control v estão travados. Dou um passo à frente, depois volto e repito. Hoje vou voltar à história das barbies. Hehehe. A Ruthinha encontrou o texto de Rubem Alves. Data de janeiro de 1994, já é adolescente, e chama-se justamente Barbie. Diferente do que imaginei, naquela época, as meninas ainda não manifestavam o seu ódio contra essa boneca anoréxica. Mas Rubem Alves já identificava, no seu texto, os primeiros sintomas desse comportamento. As meninas daquela época perdiam o medo de dormir sozinhas no escuro quando estavam abraçadinhas a seus bebezinhos ou ursinhos de pelúcia, mas nunca com uma de suas barbies.
Isso, porque as barbies, sempre para Alves, não são bonecas, mas bruxas. Enfeitiçavam as meninas que, dominadas, passavam a pensar e fazer tudo aquilo que a lourinha magricela pudesse desejar. E Alves foi pensar sobre isso junto com Alvim Toffler, que no seu livro O choque do futuro, no capítulo A sociedade do joga-fora, começava sua reflexão justamente citando as barbies. Bem antes de 94, em 1971, já haviam 12 milhões de barbies circulando pelo mundo. Passados mais de 30 anos e ignorando qualquer movimento de crescimento, podemos dizer, sem medo de errar, que esse número hoje já deve estar próximo de 40 milhões!
É um universo paralelo mesmo! E o que Rubem Alves observa é mesmo aquilo que citamos. O segredo de sucesso da frágil bonequinha é que ela está sempre incompleta. Já vem com uma pitada de infelicidade, como diz o autor. E aí vai o pai ou a mãe comprar o que, imaginam, preencherá esse vazio: o carrinho da Barbie, a moto da Barbie, o guarda-roupa da Barbie e assim por diante. Só que isso, já sabemos, não é suficiente, pois se não existir mais nada na prateleira, os criadores de barbies tratarão logo de inventar mais um acessório que se tornará o mais novo sonho de consumo das meninas.
Além da frustração, Rubem Alves chama atenção para um outro sintoma importante, fundamental para entendermos a origem desse ódio mortal das inglesinhas contemporâneas. Nesse universo barbiano, as meninas descobrem um novo sentimento nada nada agradável para quem está sentindo: a inveja. Pois fulana tem o carrinho da Barbie e ela não tem. Sicrana tem o aviãozinho da Barbie e ela não tem. Eu tenho, você não tem! Hehehehe, a senha para despertar esse monstrinho que tentamos manter sempre trancafiados dentro de nós, porque ele faz muito mal mesmo.
É por isso que, no final do seu texto, Rubem Alves propõe uma saída para esse labirinto em que estão perdidas as nossas meninas. Ele sugere aos fabricantes de Barbie um último e definitivo complemento para a bruxa de plástico: uma urna funerária! Uau! Ele foi radical mesmo. Não sei ainda se apoio essa proposta. Fico pensando que uma outra solução seria convocar os soldados de bush para enfrentar este grupo terrorista, que atua de um universo paralelo, formado por milhões e milhões de barbies! Talvez bush tivesse mais sucesso nessa missão!
Uma beijoca para todos. Essas são da paz!
Um comentário:
Olá, gostaria de saber a referência do texto de Rubem Alves ao qual se refere. em que livro, ou jornal foi publicado? Obrigada.
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