Nada como uma hora depois da outra. Nada como uma onda mais mansa e silenciosa, depois de um mar de pensamentos incontrolável. Agorinha mesmo, enquanto esperava o forno esquentar para assar uns pães de queijo, passei os olhos no jornal que o Paulo me emprestou. Olhem só, vi um artigo que falava sobre os desafios do quadro eleitoral para 2006. Não olhava do mesmo lugar de onde olhei, mas de um outro ângulo, que me fez ver o mesmo que via antes, mas agora de um jeito bem diferente.
Gosto de ver o mundo com olhos de caleidoscópio. Cada movimento que você faz, por mínimo que seja, muda tudo na sua frente. Como é mesmo aquela frase? Um ponto de vista depende do ponto de onde você avista? É isso? Sei lá. O que sei é que você sempre pode olhar um ponto de vários pontos e, dependendo do ponto de onde você olha, o ponto se mostra de um jeito diferente. Acho que estou aumentando um ponto neste conto e vou acabar é embolando a linha.
Então, só para concluir o mar de pensamentos. O artigo que li agora, do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, publicado no Estadão desta segunda, resume os processos eleitorais dos últimos anos, pós-redemocratização, e avalia os desafios para o pleito do ano que vem. Diferente do quadro de desânimo do eleitor que pintei para 2006, ele enxerga uma outra possibilidade.
Esgotadas as alternativas que tínhamos para exercitar com originalidade a alternância no poder, o que teremos pela frente agora é a opção de uma escolha mais madura. As forças políticas que estarão se enfrentando em 2006, já terão, todas elas, experimentado, de um jeito ou de outro, a dura batalha que é governar um país e aí, sem mais ilusões, estarão preparadas para um diálogo mais franco com seus eleitores. Pode não ser muito agradável, mas, quem sabe, permitirá um debate mais consistente sobre o país que queremos construir e nos fazer avançar a passos que se equivalem ao tamanho de nossas pernas. Sem megafantasias. Bom, pelo menos foi o que entendi.
É engraçado, mas nem sempre os sonhos, a esperança, a paixão são as melhores ferramentas mesmo para transformar o mundo, embora sejam imprenscindíveis em alguns momentos. Hoje mesmo nós falávamos sobre isso, quando avaliávamos nosso trabalho em 2005. E aqui também, quando fico pensando nas eleições do ano que vem, pode ser que o choque de realidade seja preferível aos encantamentos dos discursos vazios dos marqueteiros.
Inté, bons sonhos, mas durmam de olhos bem abertos!
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