terça-feira, dezembro 20, 2005

Admito, eu odeio também!

Não tem jeito. Olhem que tenho me esforçado pra valer para me tornar uma pessoa assim, tipo bem séria mesmo. Bem do jeito que todo mundo me vê ou, se não todo mundo, pelo menos o meu amigo oculto das festas de final de ano. Foi assim que ele me descreveu para os demais convidados. Estou incorporando esse espírito nas mínimas coisas. Mas, aí vem os loucos dos ingleses e me tiram do sério novamente. Dãrw.

Olhem só, não é brincadeira. Pesquisadores da Universidade de Bath observaram, por um longo período, crianças de 7 a 11 anos, com o objetivo de analisar a influência das marcas nas suas vidas. Mas a pesquisa acabou sofrendo um desvio de foco, quando os acadêmicos começaram a investigar o comportamento das meninas com suas doces bonecas Barbies.

As meninas, ao invés de se divertirem com as lindas amiguinhas, levando-as para fazer feira, cuidar da casa, passear no parque e outras invencionices que nascem na cabeça de qualquer criança, elas transformaram suas loucas Barbies em objeto de tortura. Viram? Pasmem-se também! Os métodos de mutilação, segundo matéria que li no grande jornal dos mineiros, são variados e criativos, incluindo arrancar cabelos, decapitação e queimaduras.

Algumas bonecas são inclusive postas no microondas, mas, antes, têm suas pernas e braços removidos. Argh! Que horror! São as crianças inglesas, hem? Depois dizem que essa amizade de Tony Barbie com bush não tem problema, né? Os pesquisadores ficaram em pânico com esse comportamento. “Normalmente se espera que meninas adorem a Barbie, mas elas sentem é ódio” – disse abobalhada Agnes Naim, uma das pesquisadoras.

Os acadêmicos ingleses, envolvidos no projeto, estão atônitos! Não sabem de onde elas tiraram essa idéia. Uma psicóloga do grupo disse que é um rito de passagem, da infância para a adolescência. Mas, sinceramente, não me lembro de ter sentido nada disso em relação a nenhuma de minhas bonecas. Às vezes me desafazia de algumas delas, mas por absoluta indiferença, não por ódio. E uma, a preferida, claro, guardo até hoje! Também não me lembro de minhas amigas terem uma reação dessas. É muito esquisito. Será que elas estão vendo muita televisão, noticiário da guerra do Iraque, terremoto no Afeganistão, atentados no metrô de Londres, essas coisas banais que estão toda hora na tevê?

Acho que não. O ódio que elas sentem pela Barbie, pela caixa de barbies que todas têm, deve ter outra origem. Pode ser até um pouco de frustração. Nunca serão como essa magricela, de cintura fina, olhos azuis, cabelos lindamente longos e loiros e com roupas chiquerézimas! O que nos entristece - digo nós, mas nunca tive uma Barbie, embora, com certeza, já devo ter tido vontade de ter uma. Então, o que nos entristece, eu acho, é que Barbie nunca poderá ser verdadeiramente nossas filhas. Sua herança genética não está presente no sangue da maioria dos povos desse planeta. É um falso ideal. Abaixo essas bonecas horrorosas, magras, esqueléticas, idiotas, famintas, lindas, burras, famosas, encantadoras, fofoqueiras, fedorentas. burras, burras, burras...Ops! Acho que perdi o controle.

Mas acho que quem desvendou o mistério desse ódio gratuito pelas Barbies não foram esses pesquisadores ingleses, mas Rubem Alves. Segundo Ruthinha, ele tem um texto antigo que fala dessa rejeição natural que as meninas acabam nutrindo por essa boneca. Ter uma Barbie, no fundo, no fundo, é colecionar um mundo de frustrações, conforme explicou Rubem Alves. Porque não basta ter uma Barbie para ser feliz. É preciso ter as roupinhas da Barbie. Os sapatinhos da Barbie. A casinha da Barbie. O carro da Barbie. A moto da Barbie. O namorado da Barbie. O pianinho da Barbie. A sandalinha da Barbie. As bolsinhas da Barbie. O perfume da Barbie. As perucas da Barbie. O cachorrinho da Barbie. O avião da Barbie. As jóias da Barbie. O banheiro da Barbie. O parquinho da Barbie. O computador da Barbie. A escova de cabelo da Barbie. O fogãozinho da Barbie. O cavalinho da Barbie......infinitamente tudo e qualquer coisa da Barbie.

Não pode, né? Ninguém aguenta isso! Nem os pais, que têm de financiar esse universo paralelo chamado Barbie, nem as pobres meninas que nunca conseguem ser felizes com sua doce bonequinha, chamada Bibi.

Meninas! Atenção, meninas! Como diz o Rafa, não tentem fazer isso em casa. Tratem bem suas bonecas, se não Papai Noel não traz brinquedo novo, hem!

Escapei do trabalho um instante só, vocês perceberam, né? Mas não pude resistir. Esses ingleses me tiram do sério!

Até de repente!

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