Olha só, Papai Noel, desisti. Enfrentei a fila do estacionamento com alguma impaciência, mas ainda tolerante. Enfrentei a fila da porta giratória fazendo piadinha para disfarçar o mau humor. Mas fila na pracinha do Papai Noel é demais pra mim! Desisti. Tinha até feito uma listinha de presentes. Pra mim e pra todos. Mas, ó, desisto!
E tem mais. Não é só por causa da fila não. Tô numa fase desconfiada. Tô achando que essa história de Papai Noel é propaganda enganosa. Foi o pai do meu bisavô que contou pro avô do meu pai, que confidenciou pro meu avô, que deu com a língua nos dentes pro meu pai e meu pai, que não guarda segredos, contou pra mim. É tudo lenda. Mas, como já vi o velhinho na tevê e achei-o até simpático, embora um pouco ingênuo, fiquei na dúvida. Agora estou mais é desconfiada. Tô achando que é mesmo conversa pra boi dormir.
E mais, estou adotando a simplicidade voluntária. Vou esvaziar os maleiros aqui de casa, jogar fora as caixas que estão amontoadas em cada quarto e as pilhas de jornais que estão se multiplicando no escritório. Ah, vou me desfazer também dos quilômetros de fios, conectores, placas e outros restos de computador que estão se acumulando num canto do armário do Daniel, para um dia serem reaproveitados num novo computador que ele um dia vai montar.
Os papéis velhos, contas quitadas, documentos antigos de carro que já nem tenho mais, apostilas de cursos vencidos, rascunhos de textos que nunca terminei, rascunhos de textos que terminei e ficaram uma droga, receitas médicas, crachás, contracheques do meu primeiro emprego, vai tudo pro lixo também. Só não jogo fora os desenhos dos meninos, mas um dia vão também, tenho certeza!
Vou criar espaços vazios. Tô precisando. Então, não vou cair mais nessa armadilha do Papai Noel. Quero nada! Só isso! Outra coisa. Também não quero amigo oculto em 2006. Quero um amigo presente. O ano inteiro. Daqueles da espécie para o que der e vier. Com um ombro bem largo e acolhedor. E que saiba olhar nos olhos quando precisar dizer a verdade. E com um coração bem grande, que possa ficar também à minha disposição, se eu precisar, né? Um sorriso farto, humor de sobra e doses e doses a mais de paciência. Enfim, perfeito! Só isso.
E vou fazer a tal faxina, nem que seja de olhos fechados, mas vou. Quero entrar 2006 mais leve, mais simples, menos enredada para seguir em frente. Vou mesmo. Vou fazer isso de todo ou de qualquer jeito. Quando voltar de férias, é claro! Iuhuuu! Na segunda já não precisaria mais trabalhar, mas vou ter de fazer uma concessão, para concluir tudo que assumi neste final de ano. Não me incomodo. Me odeio quando deixo as coisas pela metade. Mas, a partir de terça estou fora e de quarta, de volta ao paraíso tropical.
Lá, como já disse, é difícil pensar em qualquer coisa. Além do mais, estou levando três livros que pretendo ler até o final e, portanto, vão ocupar boa parte do meu tempo. Mas se tiver uma recaída, não tenham dúvida, entro na fila da lan house e disputo um computador até a tapa com o bando de adolescentes que fica por ali, na beira da bancada, voando e zoando até chegar sua vez. Ou dou outro jeito, que sempre tem.
Temos também outros planos para 2006. Daniel me fez uma proposta irrecusável. Ele tirou do fundo do baú um projeto antigo que iniciamos, lá pelos idos de 2002. Dani estava com 12 anos e já dominava os mares da internet. Juntos montamos o seu primeiro site: Viajeiros. Pretendia ser uma comunidade latino americana de mochileiros. Ficou lindo! Só que não conseguimos alimentá-lo de conteúdo. Eu não tinha tempo, disposição e inspiração. Ele não tinha paciência, experiência e controle da gramática. Hoje continuamos do mesmo jeito, só que ficamos mais atrevidos.
Então, outro dia desses, enquanto descansava dos estudos prolongados, (a quem interessar possa, ele passou! ufa!) Daniel montou um novo blog, recuperando o velho Viajeiro. E já está no ar, só que sem posts ainda. Mais uma vez, vamos ficar na América Latina. Vai ser emocionante, pois já sei que teremos eleições em quase todos os países e muitas mudanças à vista. É isso que vamos acompanhar ao longo do ano e tentar entender. Tinha até pensado em uma coisa diferente. Ia fazer um outro blog, que se chamaria Preciso ir!, mas não resisti ao convite do Dani. Então, nessas férias teremos mais uma tarefa, fazer um intensivo sobre a América Latina para pegar o fio da meada.
É claro que não vou abandonar essa praça daqui, né? Vai que me dá vontade de pensar? Mas vou tentar me dividir entre um e outro. Isso se o Daniel não mudar de idéia, coisa que ele faz de três em três minutos. Se isso acontecer, volto com o Preciso ir!.
Bom, é isso moçada. Tô indo. Se bater uma onda, volto em 2006!
Que a força esteja com vocês! E, do lado, um amigo presente o ano inteiro!
Só consigo pensar escrevendo. De outro jeito, me confundo toda. Os pensamentos vêm em ondas e se misturam uns com os outros e, no final, morrem na praia. Por isso criei esse blog. Para todos que só conseguem pensar escrevendo. Ou, pelo menos, só assim conseguem dar precisão ao que pensam.
sexta-feira, dezembro 23, 2005
O enterro da Barbie
Meu control c – control v estão travados. Dou um passo à frente, depois volto e repito. Hoje vou voltar à história das barbies. Hehehe. A Ruthinha encontrou o texto de Rubem Alves. Data de janeiro de 1994, já é adolescente, e chama-se justamente Barbie. Diferente do que imaginei, naquela época, as meninas ainda não manifestavam o seu ódio contra essa boneca anoréxica. Mas Rubem Alves já identificava, no seu texto, os primeiros sintomas desse comportamento. As meninas daquela época perdiam o medo de dormir sozinhas no escuro quando estavam abraçadinhas a seus bebezinhos ou ursinhos de pelúcia, mas nunca com uma de suas barbies.
Isso, porque as barbies, sempre para Alves, não são bonecas, mas bruxas. Enfeitiçavam as meninas que, dominadas, passavam a pensar e fazer tudo aquilo que a lourinha magricela pudesse desejar. E Alves foi pensar sobre isso junto com Alvim Toffler, que no seu livro O choque do futuro, no capítulo A sociedade do joga-fora, começava sua reflexão justamente citando as barbies. Bem antes de 94, em 1971, já haviam 12 milhões de barbies circulando pelo mundo. Passados mais de 30 anos e ignorando qualquer movimento de crescimento, podemos dizer, sem medo de errar, que esse número hoje já deve estar próximo de 40 milhões!
É um universo paralelo mesmo! E o que Rubem Alves observa é mesmo aquilo que citamos. O segredo de sucesso da frágil bonequinha é que ela está sempre incompleta. Já vem com uma pitada de infelicidade, como diz o autor. E aí vai o pai ou a mãe comprar o que, imaginam, preencherá esse vazio: o carrinho da Barbie, a moto da Barbie, o guarda-roupa da Barbie e assim por diante. Só que isso, já sabemos, não é suficiente, pois se não existir mais nada na prateleira, os criadores de barbies tratarão logo de inventar mais um acessório que se tornará o mais novo sonho de consumo das meninas.
Além da frustração, Rubem Alves chama atenção para um outro sintoma importante, fundamental para entendermos a origem desse ódio mortal das inglesinhas contemporâneas. Nesse universo barbiano, as meninas descobrem um novo sentimento nada nada agradável para quem está sentindo: a inveja. Pois fulana tem o carrinho da Barbie e ela não tem. Sicrana tem o aviãozinho da Barbie e ela não tem. Eu tenho, você não tem! Hehehehe, a senha para despertar esse monstrinho que tentamos manter sempre trancafiados dentro de nós, porque ele faz muito mal mesmo.
É por isso que, no final do seu texto, Rubem Alves propõe uma saída para esse labirinto em que estão perdidas as nossas meninas. Ele sugere aos fabricantes de Barbie um último e definitivo complemento para a bruxa de plástico: uma urna funerária! Uau! Ele foi radical mesmo. Não sei ainda se apoio essa proposta. Fico pensando que uma outra solução seria convocar os soldados de bush para enfrentar este grupo terrorista, que atua de um universo paralelo, formado por milhões e milhões de barbies! Talvez bush tivesse mais sucesso nessa missão!
Uma beijoca para todos. Essas são da paz!
Isso, porque as barbies, sempre para Alves, não são bonecas, mas bruxas. Enfeitiçavam as meninas que, dominadas, passavam a pensar e fazer tudo aquilo que a lourinha magricela pudesse desejar. E Alves foi pensar sobre isso junto com Alvim Toffler, que no seu livro O choque do futuro, no capítulo A sociedade do joga-fora, começava sua reflexão justamente citando as barbies. Bem antes de 94, em 1971, já haviam 12 milhões de barbies circulando pelo mundo. Passados mais de 30 anos e ignorando qualquer movimento de crescimento, podemos dizer, sem medo de errar, que esse número hoje já deve estar próximo de 40 milhões!
É um universo paralelo mesmo! E o que Rubem Alves observa é mesmo aquilo que citamos. O segredo de sucesso da frágil bonequinha é que ela está sempre incompleta. Já vem com uma pitada de infelicidade, como diz o autor. E aí vai o pai ou a mãe comprar o que, imaginam, preencherá esse vazio: o carrinho da Barbie, a moto da Barbie, o guarda-roupa da Barbie e assim por diante. Só que isso, já sabemos, não é suficiente, pois se não existir mais nada na prateleira, os criadores de barbies tratarão logo de inventar mais um acessório que se tornará o mais novo sonho de consumo das meninas.
Além da frustração, Rubem Alves chama atenção para um outro sintoma importante, fundamental para entendermos a origem desse ódio mortal das inglesinhas contemporâneas. Nesse universo barbiano, as meninas descobrem um novo sentimento nada nada agradável para quem está sentindo: a inveja. Pois fulana tem o carrinho da Barbie e ela não tem. Sicrana tem o aviãozinho da Barbie e ela não tem. Eu tenho, você não tem! Hehehehe, a senha para despertar esse monstrinho que tentamos manter sempre trancafiados dentro de nós, porque ele faz muito mal mesmo.
É por isso que, no final do seu texto, Rubem Alves propõe uma saída para esse labirinto em que estão perdidas as nossas meninas. Ele sugere aos fabricantes de Barbie um último e definitivo complemento para a bruxa de plástico: uma urna funerária! Uau! Ele foi radical mesmo. Não sei ainda se apoio essa proposta. Fico pensando que uma outra solução seria convocar os soldados de bush para enfrentar este grupo terrorista, que atua de um universo paralelo, formado por milhões e milhões de barbies! Talvez bush tivesse mais sucesso nessa missão!
Uma beijoca para todos. Essas são da paz!
terça-feira, dezembro 20, 2005
Admito, eu odeio também!
Não tem jeito. Olhem que tenho me esforçado pra valer para me tornar uma pessoa assim, tipo bem séria mesmo. Bem do jeito que todo mundo me vê ou, se não todo mundo, pelo menos o meu amigo oculto das festas de final de ano. Foi assim que ele me descreveu para os demais convidados. Estou incorporando esse espírito nas mínimas coisas. Mas, aí vem os loucos dos ingleses e me tiram do sério novamente. Dãrw.
Olhem só, não é brincadeira. Pesquisadores da Universidade de Bath observaram, por um longo período, crianças de 7 a 11 anos, com o objetivo de analisar a influência das marcas nas suas vidas. Mas a pesquisa acabou sofrendo um desvio de foco, quando os acadêmicos começaram a investigar o comportamento das meninas com suas doces bonecas Barbies.
As meninas, ao invés de se divertirem com as lindas amiguinhas, levando-as para fazer feira, cuidar da casa, passear no parque e outras invencionices que nascem na cabeça de qualquer criança, elas transformaram suas loucas Barbies em objeto de tortura. Viram? Pasmem-se também! Os métodos de mutilação, segundo matéria que li no grande jornal dos mineiros, são variados e criativos, incluindo arrancar cabelos, decapitação e queimaduras.
Algumas bonecas são inclusive postas no microondas, mas, antes, têm suas pernas e braços removidos. Argh! Que horror! São as crianças inglesas, hem? Depois dizem que essa amizade de Tony Barbie com bush não tem problema, né? Os pesquisadores ficaram em pânico com esse comportamento. “Normalmente se espera que meninas adorem a Barbie, mas elas sentem é ódio” – disse abobalhada Agnes Naim, uma das pesquisadoras.
Os acadêmicos ingleses, envolvidos no projeto, estão atônitos! Não sabem de onde elas tiraram essa idéia. Uma psicóloga do grupo disse que é um rito de passagem, da infância para a adolescência. Mas, sinceramente, não me lembro de ter sentido nada disso em relação a nenhuma de minhas bonecas. Às vezes me desafazia de algumas delas, mas por absoluta indiferença, não por ódio. E uma, a preferida, claro, guardo até hoje! Também não me lembro de minhas amigas terem uma reação dessas. É muito esquisito. Será que elas estão vendo muita televisão, noticiário da guerra do Iraque, terremoto no Afeganistão, atentados no metrô de Londres, essas coisas banais que estão toda hora na tevê?
Acho que não. O ódio que elas sentem pela Barbie, pela caixa de barbies que todas têm, deve ter outra origem. Pode ser até um pouco de frustração. Nunca serão como essa magricela, de cintura fina, olhos azuis, cabelos lindamente longos e loiros e com roupas chiquerézimas! O que nos entristece - digo nós, mas nunca tive uma Barbie, embora, com certeza, já devo ter tido vontade de ter uma. Então, o que nos entristece, eu acho, é que Barbie nunca poderá ser verdadeiramente nossas filhas. Sua herança genética não está presente no sangue da maioria dos povos desse planeta. É um falso ideal. Abaixo essas bonecas horrorosas, magras, esqueléticas, idiotas, famintas, lindas, burras, famosas, encantadoras, fofoqueiras, fedorentas. burras, burras, burras...Ops! Acho que perdi o controle.
Mas acho que quem desvendou o mistério desse ódio gratuito pelas Barbies não foram esses pesquisadores ingleses, mas Rubem Alves. Segundo Ruthinha, ele tem um texto antigo que fala dessa rejeição natural que as meninas acabam nutrindo por essa boneca. Ter uma Barbie, no fundo, no fundo, é colecionar um mundo de frustrações, conforme explicou Rubem Alves. Porque não basta ter uma Barbie para ser feliz. É preciso ter as roupinhas da Barbie. Os sapatinhos da Barbie. A casinha da Barbie. O carro da Barbie. A moto da Barbie. O namorado da Barbie. O pianinho da Barbie. A sandalinha da Barbie. As bolsinhas da Barbie. O perfume da Barbie. As perucas da Barbie. O cachorrinho da Barbie. O avião da Barbie. As jóias da Barbie. O banheiro da Barbie. O parquinho da Barbie. O computador da Barbie. A escova de cabelo da Barbie. O fogãozinho da Barbie. O cavalinho da Barbie......infinitamente tudo e qualquer coisa da Barbie.
Não pode, né? Ninguém aguenta isso! Nem os pais, que têm de financiar esse universo paralelo chamado Barbie, nem as pobres meninas que nunca conseguem ser felizes com sua doce bonequinha, chamada Bibi.
Meninas! Atenção, meninas! Como diz o Rafa, não tentem fazer isso em casa. Tratem bem suas bonecas, se não Papai Noel não traz brinquedo novo, hem!
Escapei do trabalho um instante só, vocês perceberam, né? Mas não pude resistir. Esses ingleses me tiram do sério!
Até de repente!
Olhem só, não é brincadeira. Pesquisadores da Universidade de Bath observaram, por um longo período, crianças de 7 a 11 anos, com o objetivo de analisar a influência das marcas nas suas vidas. Mas a pesquisa acabou sofrendo um desvio de foco, quando os acadêmicos começaram a investigar o comportamento das meninas com suas doces bonecas Barbies.
As meninas, ao invés de se divertirem com as lindas amiguinhas, levando-as para fazer feira, cuidar da casa, passear no parque e outras invencionices que nascem na cabeça de qualquer criança, elas transformaram suas loucas Barbies em objeto de tortura. Viram? Pasmem-se também! Os métodos de mutilação, segundo matéria que li no grande jornal dos mineiros, são variados e criativos, incluindo arrancar cabelos, decapitação e queimaduras.
Algumas bonecas são inclusive postas no microondas, mas, antes, têm suas pernas e braços removidos. Argh! Que horror! São as crianças inglesas, hem? Depois dizem que essa amizade de Tony Barbie com bush não tem problema, né? Os pesquisadores ficaram em pânico com esse comportamento. “Normalmente se espera que meninas adorem a Barbie, mas elas sentem é ódio” – disse abobalhada Agnes Naim, uma das pesquisadoras.
Os acadêmicos ingleses, envolvidos no projeto, estão atônitos! Não sabem de onde elas tiraram essa idéia. Uma psicóloga do grupo disse que é um rito de passagem, da infância para a adolescência. Mas, sinceramente, não me lembro de ter sentido nada disso em relação a nenhuma de minhas bonecas. Às vezes me desafazia de algumas delas, mas por absoluta indiferença, não por ódio. E uma, a preferida, claro, guardo até hoje! Também não me lembro de minhas amigas terem uma reação dessas. É muito esquisito. Será que elas estão vendo muita televisão, noticiário da guerra do Iraque, terremoto no Afeganistão, atentados no metrô de Londres, essas coisas banais que estão toda hora na tevê?
Acho que não. O ódio que elas sentem pela Barbie, pela caixa de barbies que todas têm, deve ter outra origem. Pode ser até um pouco de frustração. Nunca serão como essa magricela, de cintura fina, olhos azuis, cabelos lindamente longos e loiros e com roupas chiquerézimas! O que nos entristece - digo nós, mas nunca tive uma Barbie, embora, com certeza, já devo ter tido vontade de ter uma. Então, o que nos entristece, eu acho, é que Barbie nunca poderá ser verdadeiramente nossas filhas. Sua herança genética não está presente no sangue da maioria dos povos desse planeta. É um falso ideal. Abaixo essas bonecas horrorosas, magras, esqueléticas, idiotas, famintas, lindas, burras, famosas, encantadoras, fofoqueiras, fedorentas. burras, burras, burras...Ops! Acho que perdi o controle.
Mas acho que quem desvendou o mistério desse ódio gratuito pelas Barbies não foram esses pesquisadores ingleses, mas Rubem Alves. Segundo Ruthinha, ele tem um texto antigo que fala dessa rejeição natural que as meninas acabam nutrindo por essa boneca. Ter uma Barbie, no fundo, no fundo, é colecionar um mundo de frustrações, conforme explicou Rubem Alves. Porque não basta ter uma Barbie para ser feliz. É preciso ter as roupinhas da Barbie. Os sapatinhos da Barbie. A casinha da Barbie. O carro da Barbie. A moto da Barbie. O namorado da Barbie. O pianinho da Barbie. A sandalinha da Barbie. As bolsinhas da Barbie. O perfume da Barbie. As perucas da Barbie. O cachorrinho da Barbie. O avião da Barbie. As jóias da Barbie. O banheiro da Barbie. O parquinho da Barbie. O computador da Barbie. A escova de cabelo da Barbie. O fogãozinho da Barbie. O cavalinho da Barbie......infinitamente tudo e qualquer coisa da Barbie.
Não pode, né? Ninguém aguenta isso! Nem os pais, que têm de financiar esse universo paralelo chamado Barbie, nem as pobres meninas que nunca conseguem ser felizes com sua doce bonequinha, chamada Bibi.
Meninas! Atenção, meninas! Como diz o Rafa, não tentem fazer isso em casa. Tratem bem suas bonecas, se não Papai Noel não traz brinquedo novo, hem!
Escapei do trabalho um instante só, vocês perceberam, né? Mas não pude resistir. Esses ingleses me tiram do sério!
Até de repente!
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Olhos de caleidoscópio
Nada como uma hora depois da outra. Nada como uma onda mais mansa e silenciosa, depois de um mar de pensamentos incontrolável. Agorinha mesmo, enquanto esperava o forno esquentar para assar uns pães de queijo, passei os olhos no jornal que o Paulo me emprestou. Olhem só, vi um artigo que falava sobre os desafios do quadro eleitoral para 2006. Não olhava do mesmo lugar de onde olhei, mas de um outro ângulo, que me fez ver o mesmo que via antes, mas agora de um jeito bem diferente.
Gosto de ver o mundo com olhos de caleidoscópio. Cada movimento que você faz, por mínimo que seja, muda tudo na sua frente. Como é mesmo aquela frase? Um ponto de vista depende do ponto de onde você avista? É isso? Sei lá. O que sei é que você sempre pode olhar um ponto de vários pontos e, dependendo do ponto de onde você olha, o ponto se mostra de um jeito diferente. Acho que estou aumentando um ponto neste conto e vou acabar é embolando a linha.
Então, só para concluir o mar de pensamentos. O artigo que li agora, do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, publicado no Estadão desta segunda, resume os processos eleitorais dos últimos anos, pós-redemocratização, e avalia os desafios para o pleito do ano que vem. Diferente do quadro de desânimo do eleitor que pintei para 2006, ele enxerga uma outra possibilidade.
Esgotadas as alternativas que tínhamos para exercitar com originalidade a alternância no poder, o que teremos pela frente agora é a opção de uma escolha mais madura. As forças políticas que estarão se enfrentando em 2006, já terão, todas elas, experimentado, de um jeito ou de outro, a dura batalha que é governar um país e aí, sem mais ilusões, estarão preparadas para um diálogo mais franco com seus eleitores. Pode não ser muito agradável, mas, quem sabe, permitirá um debate mais consistente sobre o país que queremos construir e nos fazer avançar a passos que se equivalem ao tamanho de nossas pernas. Sem megafantasias. Bom, pelo menos foi o que entendi.
É engraçado, mas nem sempre os sonhos, a esperança, a paixão são as melhores ferramentas mesmo para transformar o mundo, embora sejam imprenscindíveis em alguns momentos. Hoje mesmo nós falávamos sobre isso, quando avaliávamos nosso trabalho em 2005. E aqui também, quando fico pensando nas eleições do ano que vem, pode ser que o choque de realidade seja preferível aos encantamentos dos discursos vazios dos marqueteiros.
Inté, bons sonhos, mas durmam de olhos bem abertos!
Gosto de ver o mundo com olhos de caleidoscópio. Cada movimento que você faz, por mínimo que seja, muda tudo na sua frente. Como é mesmo aquela frase? Um ponto de vista depende do ponto de onde você avista? É isso? Sei lá. O que sei é que você sempre pode olhar um ponto de vários pontos e, dependendo do ponto de onde você olha, o ponto se mostra de um jeito diferente. Acho que estou aumentando um ponto neste conto e vou acabar é embolando a linha.
Então, só para concluir o mar de pensamentos. O artigo que li agora, do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, publicado no Estadão desta segunda, resume os processos eleitorais dos últimos anos, pós-redemocratização, e avalia os desafios para o pleito do ano que vem. Diferente do quadro de desânimo do eleitor que pintei para 2006, ele enxerga uma outra possibilidade.
Esgotadas as alternativas que tínhamos para exercitar com originalidade a alternância no poder, o que teremos pela frente agora é a opção de uma escolha mais madura. As forças políticas que estarão se enfrentando em 2006, já terão, todas elas, experimentado, de um jeito ou de outro, a dura batalha que é governar um país e aí, sem mais ilusões, estarão preparadas para um diálogo mais franco com seus eleitores. Pode não ser muito agradável, mas, quem sabe, permitirá um debate mais consistente sobre o país que queremos construir e nos fazer avançar a passos que se equivalem ao tamanho de nossas pernas. Sem megafantasias. Bom, pelo menos foi o que entendi.
É engraçado, mas nem sempre os sonhos, a esperança, a paixão são as melhores ferramentas mesmo para transformar o mundo, embora sejam imprenscindíveis em alguns momentos. Hoje mesmo nós falávamos sobre isso, quando avaliávamos nosso trabalho em 2005. E aqui também, quando fico pensando nas eleições do ano que vem, pode ser que o choque de realidade seja preferível aos encantamentos dos discursos vazios dos marqueteiros.
Inté, bons sonhos, mas durmam de olhos bem abertos!
domingo, dezembro 18, 2005
Somos todos suspeitos
Nem ia passar por aqui. Minha porção diária de sopa de letrinhas está temporariamente racionada e tudo que sei sobre o que se passa é só de ouvir falar. Também meu tempo para divagar foi drasticamente reduzido. Até o final do mês meu nome é só trabalho. Mas hoje, enquanto estava ali, adiantando serviço de segunda-feira, minha atenção foi dispersada por um mar de pensamentos incontrolável. Estava bem centrada, lendo um artigo sobre a crise política brasileira. Os autores estavam analisando as coalizões que foram formadas nos governos FHC e Lula para compreender as dificuldades que um e outro tiveram para governar. A partir daí, eles buscaram construir um entendimento mais coerente e menos novelesco da origem da crise que vivemos ao longo de todo esse ano.
Estava mergulhada no texto, mas bateu um pensamento no meio da leitura que foi me levando a outro que me levou a mais um e a outro mais e pronto, dispersei. Foi que nem uma onda vindo atrás da outra e mais uma e outra mais, até bater na areia e dispersar um mundão de água pra tudo quanto é lado. Foi um pensamento bobo que tirou minha atenção. Lembrei da pesquisa divulgada essa semana sobre intenção de votos, que dá a Serra a liderança na preferência do eleitorado para a disputa do ano que vem. Ficou com 36% dos votos contra 29% para Lula. Acho esse tipo de pesquisa uma bobagem. Parece jogo de aposta. Diz muito pouco do que o eleitorado poderá fazer quando for pra valer. Principalmente, levando-se em conta que estamos ainda no meio do caos.
E tem mais. Me cheira a manipulação marota das elites políticas paulistanas. Elas pensam que o Brasil mora em São Paulo. Só dá Serra e Alckmin nessas pesquisas. Então não temos outras opções nesse brasilzão? Parece que querem nos impôr uma falsa preferência, antecipando um quadro como se este já fosse dado. Eu, heim? Mas aí, fiquei pensando que esta será uma das eleições mais difíceis que teremos, desde o início da redemocratização. Jogamos as últimas fichas em 2002. E agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora José?
Além da falta de novas alternativas, vamos ter de enfrentar o descrédito na política. Tudo bem, a descrença nos políticos não é uma variável nova nos processos eleitorais. Não é de hoje que o povo desconfia de políticos. Mas ele não deixa de dar o seu voto, na hora em que é convocado às urnas. Só que agora essa desconfiança ficou concreta. Ganhou um, dois, três, dezenas de rostos. Um para cada gosto. Tem nome, tem história, tem versões, uma para cada finalidade. Então, continuei pensando, de duas, uma. Ou vai chover voto nulo na urnas ou então o brasileiro vai ficar mais exigente, mais criterioso, mais cuidadoso na hora de apertar a tecla. E aí, até que terá valido a pena que penamos. Mas será?
O sentimento de desconfiança se generalizou. Não se restringe mais apenas ao Parlamento, que é mesmo o poder mais exposto à avaliação do eleitorado. Contaminou também o Executivo, que tem um nome de plantão: Lula. Ele está se equilibrando na beirada do poço desde o início do segundo semestre. E nos últimos três meses, a confiança dos eleitores no presidente chegou ao seu pior nível desde o início do governo, segundo pesquisa do Ibope. Hoje, 53% dos brasileiros dizem que não confiam mais no presidente, contra 51% em setembro. Se considerarmos que Lula esteve e ainda está no paredão, até que esse não é um percentual muito ruim. Mas que ele sofreu uma queda, não resta a menor dúvida.
Até aí, no entanto, também não temos novidade. Isso acontece. Já passamos por situações semelhantes em outras eras. Só que, dessa vez, parece que o bicho pegou. O ânimo do eleitor vai estar contaminado ainda por outras descrenças. É uma desconfiança que está batendo fundo. Outro dia desses, enquanto tomava café, filei de rabo de olho uma notícia que saiu no jornal, sobre uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial. Ela foi realizada em 20 países e mostra um quadro dramático de queda de confiança nas instituições. A descrença forte em relação aos políticos e aos governos já era de se esperar. A crise da representação vem desde o final dos anos 80. Mas agora essa desconfiança se estende com a mesma intensidade para as empresas e as próprias entidades da sociedade civil. Não escapou ninguém. Nem as Organizações das Nações Unidas (ONU), que eu acho o máximo! Foram os piores resultados desde o início dos levantamentos, em 2001.
No Brasil, esse índice de confiança sofreu uma retração de nove pontos entre 2004 e 2005, atingindo todas as instituições, incluindo as empresas globalizadas e locais e até as ongs de todas as bandeiras. E esse é o quadro novo. Só pai e mãe escaparam. Mas essa confiança se contrói e se limita para dentro da família. Pôs o pé na rua, todo mundo vira suspeito. Essa falta de confiança nas pessoas e instituições e o clima de competição acirrada e permanente que reina em todo o mundo é que me deixam desconfiada em relação às eleições do ano que vem. Acho que vai dar um desânimo do cão sair para votar. Fico pensando, o que vai motivar o eleitor a sair de casa para levar o seu voto até a seção eleitoral mais próxima?
A situação está tão periclitante, que acho que nem Deus escapa de uma oitiva. Olhem só, em outubro, se me lembro bem, li uma notinha que foi publicada no site do Terra que deixava o Todo Poderoso bem mal na foto. Um romeno, chamado Pavel M., que está preso, entrou com um processo na Justiça contra Deus. Ele acusa o Chefão lá de cima de traição, abuso e tráfico de influência. Huahuahuahua. Pave alega que seu batismo é um contrato entre ele e Deus, que teria por obrigação manter o Diabo afastado dele, assim como todos os problemas. E parece que Pavel está metido em vários, nessa sua passagem aqui pelo andar de baixo. Isso configuraria a quebra do contrato, gerando, portanto, uma quebra da confiança, né?
A reclamação foi enviada para a Corte de Timisoara e encaminhada para o escritório do Procurador. Hehehe. Só que o processo vai ser arquivado. Tão achando que o Todo Poderoso está assim à disposição, como Roberto Jefferson, Zé Dirceu, Delúbio, Marcos Valério e as CPIsnetes, musas das oitivas, entre outros reles mortais? Tão, é? Pois estão enganados. E como os procuradores não tem como convocar Deus para depor, o processo vai direto para a gaveta. Mas Pavel, pelo menos, já está olhando esquisito para Deus. E, se a moda pega, vai ter muito mais gente olhando de rabo de olho para o Poderoso.
Então, fiquem com os anjinhos, que, por enquanto, estão fora dessa encrenca.
Estava mergulhada no texto, mas bateu um pensamento no meio da leitura que foi me levando a outro que me levou a mais um e a outro mais e pronto, dispersei. Foi que nem uma onda vindo atrás da outra e mais uma e outra mais, até bater na areia e dispersar um mundão de água pra tudo quanto é lado. Foi um pensamento bobo que tirou minha atenção. Lembrei da pesquisa divulgada essa semana sobre intenção de votos, que dá a Serra a liderança na preferência do eleitorado para a disputa do ano que vem. Ficou com 36% dos votos contra 29% para Lula. Acho esse tipo de pesquisa uma bobagem. Parece jogo de aposta. Diz muito pouco do que o eleitorado poderá fazer quando for pra valer. Principalmente, levando-se em conta que estamos ainda no meio do caos.
E tem mais. Me cheira a manipulação marota das elites políticas paulistanas. Elas pensam que o Brasil mora em São Paulo. Só dá Serra e Alckmin nessas pesquisas. Então não temos outras opções nesse brasilzão? Parece que querem nos impôr uma falsa preferência, antecipando um quadro como se este já fosse dado. Eu, heim? Mas aí, fiquei pensando que esta será uma das eleições mais difíceis que teremos, desde o início da redemocratização. Jogamos as últimas fichas em 2002. E agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora José?
Além da falta de novas alternativas, vamos ter de enfrentar o descrédito na política. Tudo bem, a descrença nos políticos não é uma variável nova nos processos eleitorais. Não é de hoje que o povo desconfia de políticos. Mas ele não deixa de dar o seu voto, na hora em que é convocado às urnas. Só que agora essa desconfiança ficou concreta. Ganhou um, dois, três, dezenas de rostos. Um para cada gosto. Tem nome, tem história, tem versões, uma para cada finalidade. Então, continuei pensando, de duas, uma. Ou vai chover voto nulo na urnas ou então o brasileiro vai ficar mais exigente, mais criterioso, mais cuidadoso na hora de apertar a tecla. E aí, até que terá valido a pena que penamos. Mas será?
O sentimento de desconfiança se generalizou. Não se restringe mais apenas ao Parlamento, que é mesmo o poder mais exposto à avaliação do eleitorado. Contaminou também o Executivo, que tem um nome de plantão: Lula. Ele está se equilibrando na beirada do poço desde o início do segundo semestre. E nos últimos três meses, a confiança dos eleitores no presidente chegou ao seu pior nível desde o início do governo, segundo pesquisa do Ibope. Hoje, 53% dos brasileiros dizem que não confiam mais no presidente, contra 51% em setembro. Se considerarmos que Lula esteve e ainda está no paredão, até que esse não é um percentual muito ruim. Mas que ele sofreu uma queda, não resta a menor dúvida.
Até aí, no entanto, também não temos novidade. Isso acontece. Já passamos por situações semelhantes em outras eras. Só que, dessa vez, parece que o bicho pegou. O ânimo do eleitor vai estar contaminado ainda por outras descrenças. É uma desconfiança que está batendo fundo. Outro dia desses, enquanto tomava café, filei de rabo de olho uma notícia que saiu no jornal, sobre uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial. Ela foi realizada em 20 países e mostra um quadro dramático de queda de confiança nas instituições. A descrença forte em relação aos políticos e aos governos já era de se esperar. A crise da representação vem desde o final dos anos 80. Mas agora essa desconfiança se estende com a mesma intensidade para as empresas e as próprias entidades da sociedade civil. Não escapou ninguém. Nem as Organizações das Nações Unidas (ONU), que eu acho o máximo! Foram os piores resultados desde o início dos levantamentos, em 2001.
No Brasil, esse índice de confiança sofreu uma retração de nove pontos entre 2004 e 2005, atingindo todas as instituições, incluindo as empresas globalizadas e locais e até as ongs de todas as bandeiras. E esse é o quadro novo. Só pai e mãe escaparam. Mas essa confiança se contrói e se limita para dentro da família. Pôs o pé na rua, todo mundo vira suspeito. Essa falta de confiança nas pessoas e instituições e o clima de competição acirrada e permanente que reina em todo o mundo é que me deixam desconfiada em relação às eleições do ano que vem. Acho que vai dar um desânimo do cão sair para votar. Fico pensando, o que vai motivar o eleitor a sair de casa para levar o seu voto até a seção eleitoral mais próxima?
A situação está tão periclitante, que acho que nem Deus escapa de uma oitiva. Olhem só, em outubro, se me lembro bem, li uma notinha que foi publicada no site do Terra que deixava o Todo Poderoso bem mal na foto. Um romeno, chamado Pavel M., que está preso, entrou com um processo na Justiça contra Deus. Ele acusa o Chefão lá de cima de traição, abuso e tráfico de influência. Huahuahuahua. Pave alega que seu batismo é um contrato entre ele e Deus, que teria por obrigação manter o Diabo afastado dele, assim como todos os problemas. E parece que Pavel está metido em vários, nessa sua passagem aqui pelo andar de baixo. Isso configuraria a quebra do contrato, gerando, portanto, uma quebra da confiança, né?
A reclamação foi enviada para a Corte de Timisoara e encaminhada para o escritório do Procurador. Hehehe. Só que o processo vai ser arquivado. Tão achando que o Todo Poderoso está assim à disposição, como Roberto Jefferson, Zé Dirceu, Delúbio, Marcos Valério e as CPIsnetes, musas das oitivas, entre outros reles mortais? Tão, é? Pois estão enganados. E como os procuradores não tem como convocar Deus para depor, o processo vai direto para a gaveta. Mas Pavel, pelo menos, já está olhando esquisito para Deus. E, se a moda pega, vai ter muito mais gente olhando de rabo de olho para o Poderoso.
Então, fiquem com os anjinhos, que, por enquanto, estão fora dessa encrenca.
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Como quieres
Arte Fractal - Cláudio Duarte
Ai ai, mas tem chuvido, hem? Faz quatro dias que só chove em Belo Horizonte. Dá até vontade de chorar também. A cidade fica toda espelhada. Vejo faróis vindo de todos os lados em minha direção. Saem até de dentro do vidro do parabrisa. Cada gota que escorre, arrasta um feixo de luz e parece que alguma coisa vai bater bem dentro dos meus olhos. Só ando em sobressaltos. É muito emocionante, essa temporada de chuva!
Tem horas que até parece que vai parar. Mas aí despenca aquele aguaceiro danado de novo. Arre égua! Não pára nunca! Vou sair de fininho. Vou mudar de assunto. Vou só ouvir a chuva e pensar no sol. Tem uma semana, aliás, que o rádio só fala nisso. Um dia desses, estava ali, tentando me desviar de um não-farol e ouvi, na CBN, um médico falando sobre os malefícios do sol. Ai ai, de novo. E ele estava era bravo!
Passou a maior descompostura em quem fica com moderação na hora de usar o protetor solar. Nada de parcimônia. Sejamos generosos! – disse ele. Eca! E dá-lhe FPS 30 no rosto, protetor labial FPS 25 e, no corpo, FPS 15. Sempre e sempre. No clube ou na praia, FPSs variados e chapéu e boné e canga para cobrir os ombros e sombrinha, nem que seja de uma árvore, e não sei mais lá o quê. Então não seria melhor ficar em casa? Tá doido siô!
Eu e Ruthinha já concordamos sobre isso. Somos do tempo em que o sol fazia bem! Clareava o dia, secava a roupa, corava o rosto dos meninos, escancarava as janelas e punha cadeira na porta das casas. O sol era bom demais pra brincar na rua, andar descalça, cavar a terra, fazer um buraco enorme de grande pra nos levar pro Japão! Servia também para armar arapuca de caixa de sapato pra pegar passarinho e caçar minhoca pra jogar no canteiro de beijinhos. Farto era melhor ainda, porque aí a gente podia brincar de chuva com a mangueira do jardim.
O sol fazia bem o dia inteiro. De manhã, dava pique para correr do pegador. De tarde, dava era aquela preguiça preguiçosa de tanta preguiça. Daí, o jeito era todo mundo sentar no murinho da frente e ficar ali, esquentando a sombra da árvore e falando bobagem. Claro, até sair a primeira briga, né? Aí escapava menino pra tudo quanto é lado e só voltávamos no finalzinho mesmo da tarde. Naquela hora em que o dia fica laranja e o sol vira uma bola vermelha, enorme, na outra ponta da cidade.
Era só isso e era tudo. E, olhem só, não me lembro nunca da minha mãe gritar: sai do sol, menina!. Era só assim que ela se zangava: sai da chuva, menina! E mãe, sabem como é, elas nunca se enganam. Pra elas, era chuva que fazia mal, gripava e, pior, prendia meia duzia de espoletas dentro de casa o dia inteiro. Podia até enlouquecer! Sol é que fazia bem. Os meninos sumiam no mapa. Sol é que era bom. Passava o dia inteiro e ninguém via nem sombra de pai e mãe atrás de você mandando fazer isso, fazer aquilo, não fazer isso, não fazer aquilo.
Mas nem tudo está definitivamente condenado. Ainda bem! E ainda bem também que os médicos não são muito bons em criar consensos. Outro dia desses, antes de ouvir o doutor enfurecido na CBN, escutei outro especialista, na mesma rádio, que discordava do primeiro. Estava fechado era comigo e com a Ruth. Em poucos segundos, ele detonou com a moda FPS. Essa mania de passar protetor solar, até para ver se eu estou na esquina, está provocando uma verdadeira epidemia de osteoporose. Qui meda! Até homens, antes raro, já apresentam índices crescentes e significativos de osteoporose.
É óbvio, né? Se lambuzam todo de protetor solar e se esquecem de que precisamos também de raios de sol. Tanto quanto de água de chuva. É claro que ninguém vai se espichar, às duas horas da tarde, debaixo de uma lua daquelas e ficar lá que nem jacaré na lama, né? Mas o sol da manhã, sem pudor, sem receio, sem restrição, é básico. Sem ele, não tem cálcio que consiga se fixar nos ossos e, com o tempo, eles tendem a se desmanchar como um pedaço de giz.
Então? Sol ou chuva? Sol com ou sem protetor? Cheguei à conclusão de que é como quieres. Ou queiras. E basta o suficiente.
Raitos de sol para todos.
Ai ai, mas tem chuvido, hem? Faz quatro dias que só chove em Belo Horizonte. Dá até vontade de chorar também. A cidade fica toda espelhada. Vejo faróis vindo de todos os lados em minha direção. Saem até de dentro do vidro do parabrisa. Cada gota que escorre, arrasta um feixo de luz e parece que alguma coisa vai bater bem dentro dos meus olhos. Só ando em sobressaltos. É muito emocionante, essa temporada de chuva!
Tem horas que até parece que vai parar. Mas aí despenca aquele aguaceiro danado de novo. Arre égua! Não pára nunca! Vou sair de fininho. Vou mudar de assunto. Vou só ouvir a chuva e pensar no sol. Tem uma semana, aliás, que o rádio só fala nisso. Um dia desses, estava ali, tentando me desviar de um não-farol e ouvi, na CBN, um médico falando sobre os malefícios do sol. Ai ai, de novo. E ele estava era bravo!
Passou a maior descompostura em quem fica com moderação na hora de usar o protetor solar. Nada de parcimônia. Sejamos generosos! – disse ele. Eca! E dá-lhe FPS 30 no rosto, protetor labial FPS 25 e, no corpo, FPS 15. Sempre e sempre. No clube ou na praia, FPSs variados e chapéu e boné e canga para cobrir os ombros e sombrinha, nem que seja de uma árvore, e não sei mais lá o quê. Então não seria melhor ficar em casa? Tá doido siô!
Eu e Ruthinha já concordamos sobre isso. Somos do tempo em que o sol fazia bem! Clareava o dia, secava a roupa, corava o rosto dos meninos, escancarava as janelas e punha cadeira na porta das casas. O sol era bom demais pra brincar na rua, andar descalça, cavar a terra, fazer um buraco enorme de grande pra nos levar pro Japão! Servia também para armar arapuca de caixa de sapato pra pegar passarinho e caçar minhoca pra jogar no canteiro de beijinhos. Farto era melhor ainda, porque aí a gente podia brincar de chuva com a mangueira do jardim.
O sol fazia bem o dia inteiro. De manhã, dava pique para correr do pegador. De tarde, dava era aquela preguiça preguiçosa de tanta preguiça. Daí, o jeito era todo mundo sentar no murinho da frente e ficar ali, esquentando a sombra da árvore e falando bobagem. Claro, até sair a primeira briga, né? Aí escapava menino pra tudo quanto é lado e só voltávamos no finalzinho mesmo da tarde. Naquela hora em que o dia fica laranja e o sol vira uma bola vermelha, enorme, na outra ponta da cidade.
Era só isso e era tudo. E, olhem só, não me lembro nunca da minha mãe gritar: sai do sol, menina!. Era só assim que ela se zangava: sai da chuva, menina! E mãe, sabem como é, elas nunca se enganam. Pra elas, era chuva que fazia mal, gripava e, pior, prendia meia duzia de espoletas dentro de casa o dia inteiro. Podia até enlouquecer! Sol é que fazia bem. Os meninos sumiam no mapa. Sol é que era bom. Passava o dia inteiro e ninguém via nem sombra de pai e mãe atrás de você mandando fazer isso, fazer aquilo, não fazer isso, não fazer aquilo.
Mas nem tudo está definitivamente condenado. Ainda bem! E ainda bem também que os médicos não são muito bons em criar consensos. Outro dia desses, antes de ouvir o doutor enfurecido na CBN, escutei outro especialista, na mesma rádio, que discordava do primeiro. Estava fechado era comigo e com a Ruth. Em poucos segundos, ele detonou com a moda FPS. Essa mania de passar protetor solar, até para ver se eu estou na esquina, está provocando uma verdadeira epidemia de osteoporose. Qui meda! Até homens, antes raro, já apresentam índices crescentes e significativos de osteoporose.
É óbvio, né? Se lambuzam todo de protetor solar e se esquecem de que precisamos também de raios de sol. Tanto quanto de água de chuva. É claro que ninguém vai se espichar, às duas horas da tarde, debaixo de uma lua daquelas e ficar lá que nem jacaré na lama, né? Mas o sol da manhã, sem pudor, sem receio, sem restrição, é básico. Sem ele, não tem cálcio que consiga se fixar nos ossos e, com o tempo, eles tendem a se desmanchar como um pedaço de giz.
Então? Sol ou chuva? Sol com ou sem protetor? Cheguei à conclusão de que é como quieres. Ou queiras. E basta o suficiente.
Raitos de sol para todos.
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Protocolo de Serra Leoa
Hoje é hoje. E para bush isso não muda nada. Apesar de um em cada quatro senadores americanos estarem cobrando, pedindo, suplicando, implorando para que o país assine logo o tal Procolo de Kioto e acabe logo com essa lenga-lenga, bush não tá nem aí. Vai terminar a 11ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas e ele não passa nem perto de caneta, para não ficar tentado. Foge das velhas bics como se fugisse do diabo.
Não topa nem discutir o assunto. Ignorou solenemente até a petição dos esquimós contra os Estados Unidos, apresentada durante a conferência junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Os esquimós denunciam os estragos que as emissões americanas de dióxido de carbono e de outros gases estão fazendo nas geleiras do Ártico, ameaçando o modo de vida inuit. Parece inútil né?, mas não é, diz respeito à cultura dos povos árticos, dos esquimós.
Aí fiquei pensando que, nesse caso, até que bush está sendo estupidamente coerente. Defende interesses - imediatos que sejam - dos próprios americanos. O que significa o Protocolo de Kioto ou qualquer outra convenção que venha estabelecer limites para produção de gases poluentes? Na minha idiotice crônica, penso que significa impôr limites ao crescimento econômico e estabelecer novos modelos de desenvolvimento, compatíveis com a sobrevivência do planeta.
Êpa! Mas, pera lá! Quem é que está no comando? Quem é que manda no pedaço? Quem é o dono da bola? Isso é o que bush deve ficar pensando, quando deita a sua cabecinha no travesseiro. Que povo chato e pretensioso, ele deve pensar. Pois se somos nós que estamos no controle do manche, quem deve dizer o quê, o quanto e como vamos trabalhar, somos nós e não eles. Então, pra começo de conversa, não me venham com democratismos. Quem decide isso somo nós. Isso é o bush lá pensando, né?
E pra fim de conversa, impôr limites ao crescimento econômico é uma contratição inconcebível para o modus operandi capitalista. É uma facada nas costas. Ora essa, se esses terráqueos inconstantes, incoerentes e inconsequentes toparam aderir ao modelo de sociedade exportada pelos americanos, agora que agüentem. E tá lá o bush pensando! Os Estados Unidos nunca iludiu ninguém. Vendeu para o resto do mundo a sociedade do consumo ilimitado. E ninguém pode consumir o que não é produzido. Então, se virem!
Tudo é mesmo produzível na sociedade de consumo. Encontra-se de tudo no mercado: durex dupla-face; sapatos para diabéticos; moletons para safenados; brincos de brilhante para cãezinhos de estimação; cremes de beleza com magma de ouro para a eterna juventude; folhas de metal com memória, que tomam a forma desejada de acordo com a sua aplicação; relógio/cronometro/calendário/agenda/celular/computador, tudo junto numa só pulseira; mulheres em vários modelos e tamanho, com peito 100% silicone e cabelos de verdade e homens idem, tudo por módicos 6 mil dólares; pílulas para antes, durante e depois; amores descartáveis; amigos invisíveis e assim vai.
Uai, querem encontrar tudo isso na esquina - e ai se não encontram! É como se o céu despencasse sobre suas cabeças e aí, coitado é do dono da bodega, dá-lhe códigos de defesa do consumidor goela abaixo . E é assim mesmo que é. Ou não é? Ninguém tem mais um sonho de consumo, temos um hipermercado inteiro. Pra hoje, pra ontem. Então, é como a Rutinha costuma dizer, não adianta ficar gastando fosfato, tentando inventar soluções mirabolantes, serão sempre paliativas. O que é preciso fazer é descer ao fundo do poço, buscar as raízes do problema.
Então, fiquei pensando que, pra começo de conversa, temos de criar uma escala decrescente é para os nossos desejos de consumo. Simplicidade voluntária ou Protocolo Serra Leoa. Mesmo porque, já no curto prazo, não teremos outra opção. Já consumimos muito mais do que o planeta pode suportar. E isso tem gerado toneladas de problemas. O efeito estufa é só um detalhe.
Um exemplo: o lixo. Já nem sabemos o que fazer com a quantidade de entulho que produzimos. O Brasil - e, olhem só, por aqui o consumo está restrito quase que só aos 10% da população que detém a grana, a bufunfa mais gordinha, os outros 90% ajudam é a reciclar o que descartamos -, e, ainda assim, falta lote vago para tanta sobra de lixo. Li outro dia um texto da Fabiana que diz que, enquanto a população brasileira cresceu 16% entre 1989 e 2000, a quantidade de lixo gerada no mesmo período aumentou 46%. Como a pobreza não diminuiu no período, imagino que os mesmos estão consumindo cada vez mais e descartando na mesma proporção. É brincadeira?
Já estamos ficando sem espaço até para enterrar nossos mortos. Ói se pode! Li num desses jornais que em Biritiba-Mirim, cidade do interior de São Paulo!, está proibido morrer, porque não tem mais vaga no cemitério. Huahuahuahua! A Prefeitura encaminhou à Câmara Municipal um projeto de lei que proíbe os biritibanos mirins de partir dessa pra melhor e ainda estabelece que eles deverão cuidar da saúde para não falecer. Hehehehe. A matéria não diz se o projeto prevê penalidades para quem desobedecer. Mas deve ter. Se morir, vai pro inferno!
Vida eterna para todos!
A pão e água, claro!
Até a próxima.
Não topa nem discutir o assunto. Ignorou solenemente até a petição dos esquimós contra os Estados Unidos, apresentada durante a conferência junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Os esquimós denunciam os estragos que as emissões americanas de dióxido de carbono e de outros gases estão fazendo nas geleiras do Ártico, ameaçando o modo de vida inuit. Parece inútil né?, mas não é, diz respeito à cultura dos povos árticos, dos esquimós.
Aí fiquei pensando que, nesse caso, até que bush está sendo estupidamente coerente. Defende interesses - imediatos que sejam - dos próprios americanos. O que significa o Protocolo de Kioto ou qualquer outra convenção que venha estabelecer limites para produção de gases poluentes? Na minha idiotice crônica, penso que significa impôr limites ao crescimento econômico e estabelecer novos modelos de desenvolvimento, compatíveis com a sobrevivência do planeta.
Êpa! Mas, pera lá! Quem é que está no comando? Quem é que manda no pedaço? Quem é o dono da bola? Isso é o que bush deve ficar pensando, quando deita a sua cabecinha no travesseiro. Que povo chato e pretensioso, ele deve pensar. Pois se somos nós que estamos no controle do manche, quem deve dizer o quê, o quanto e como vamos trabalhar, somos nós e não eles. Então, pra começo de conversa, não me venham com democratismos. Quem decide isso somo nós. Isso é o bush lá pensando, né?
E pra fim de conversa, impôr limites ao crescimento econômico é uma contratição inconcebível para o modus operandi capitalista. É uma facada nas costas. Ora essa, se esses terráqueos inconstantes, incoerentes e inconsequentes toparam aderir ao modelo de sociedade exportada pelos americanos, agora que agüentem. E tá lá o bush pensando! Os Estados Unidos nunca iludiu ninguém. Vendeu para o resto do mundo a sociedade do consumo ilimitado. E ninguém pode consumir o que não é produzido. Então, se virem!
Tudo é mesmo produzível na sociedade de consumo. Encontra-se de tudo no mercado: durex dupla-face; sapatos para diabéticos; moletons para safenados; brincos de brilhante para cãezinhos de estimação; cremes de beleza com magma de ouro para a eterna juventude; folhas de metal com memória, que tomam a forma desejada de acordo com a sua aplicação; relógio/cronometro/calendário/agenda/celular/computador, tudo junto numa só pulseira; mulheres em vários modelos e tamanho, com peito 100% silicone e cabelos de verdade e homens idem, tudo por módicos 6 mil dólares; pílulas para antes, durante e depois; amores descartáveis; amigos invisíveis e assim vai.
Uai, querem encontrar tudo isso na esquina - e ai se não encontram! É como se o céu despencasse sobre suas cabeças e aí, coitado é do dono da bodega, dá-lhe códigos de defesa do consumidor goela abaixo . E é assim mesmo que é. Ou não é? Ninguém tem mais um sonho de consumo, temos um hipermercado inteiro. Pra hoje, pra ontem. Então, é como a Rutinha costuma dizer, não adianta ficar gastando fosfato, tentando inventar soluções mirabolantes, serão sempre paliativas. O que é preciso fazer é descer ao fundo do poço, buscar as raízes do problema.
Então, fiquei pensando que, pra começo de conversa, temos de criar uma escala decrescente é para os nossos desejos de consumo. Simplicidade voluntária ou Protocolo Serra Leoa. Mesmo porque, já no curto prazo, não teremos outra opção. Já consumimos muito mais do que o planeta pode suportar. E isso tem gerado toneladas de problemas. O efeito estufa é só um detalhe.
Um exemplo: o lixo. Já nem sabemos o que fazer com a quantidade de entulho que produzimos. O Brasil - e, olhem só, por aqui o consumo está restrito quase que só aos 10% da população que detém a grana, a bufunfa mais gordinha, os outros 90% ajudam é a reciclar o que descartamos -, e, ainda assim, falta lote vago para tanta sobra de lixo. Li outro dia um texto da Fabiana que diz que, enquanto a população brasileira cresceu 16% entre 1989 e 2000, a quantidade de lixo gerada no mesmo período aumentou 46%. Como a pobreza não diminuiu no período, imagino que os mesmos estão consumindo cada vez mais e descartando na mesma proporção. É brincadeira?
Já estamos ficando sem espaço até para enterrar nossos mortos. Ói se pode! Li num desses jornais que em Biritiba-Mirim, cidade do interior de São Paulo!, está proibido morrer, porque não tem mais vaga no cemitério. Huahuahuahua! A Prefeitura encaminhou à Câmara Municipal um projeto de lei que proíbe os biritibanos mirins de partir dessa pra melhor e ainda estabelece que eles deverão cuidar da saúde para não falecer. Hehehehe. A matéria não diz se o projeto prevê penalidades para quem desobedecer. Mas deve ter. Se morir, vai pro inferno!
Vida eterna para todos!
A pão e água, claro!
Até a próxima.
quarta-feira, dezembro 07, 2005
A terceira margem
Olhem só, outro dia desses aí pra trás, fomos caminhar com Guimarães. Não o Ulisses, o Rosa. Entramos só de passagem pela estória de Lélio e Lina e fomos direto para A Terceira Margem do Rio. Uau! Antes tinha na cabeça uma birra teimosa de Guimarães e do Mário de Andrade de Macunaíma. Era com o jeito estranho de eles escreverem. Achava que era pirraça, para atrapalhar nosso caminho nas histórias. E pra mim, me interessava muito mais as histórias. De como os personagens iam surgindo, se encontrando, se envolvendo, se movendo dentro dos cenários inventados e, às vezes, desaparecendo sem mais. Ainda me interessam. É o como de Lisbela.
Só que depois fui aprendendo que as palavras também são fundamentais, claro! Foi preciso dar muitas vezes com os burros n'água, aqui na vida real, para entender isso, que as palavras, mesmo que parecidas no dicionário, são sempre diferentes. Tem sempre a hora certa de se usar uma palavra. E tem também o lugar certo para ela entrar sem provocar ruídos. Elas são, portanto, como personagens da história. E assim é em Guimarães. Por isso só agora, recentemente, me animei a ler seus textos. Livrei-me da birra. Menos uma.
Então, lemos e relemos a história do homem que foi e não voltou, sem ter ido a lugar algum. Ficou se indo ali no seu barquinho, vagueando na terceira margem do rio. Dias depois, me deu um clique. Olhem só, se não estamos também numa canoinha, zanzando na terceira margem do rio. Desde que me entendo por gente, que o Brasil está indo. De repente, muda alguma coisa e a gente pensa, é agora que vai! E não vai. Nem para um lado, nem para o outro.
É claro que mudamos. Igual o homem do barco mudou, ficou velho, barbudo, minguou. Zoando ali no rio, parecia que o tempo não passava. Que só as águas corriam rio abaixo. Mas passava. E pra nós também, né? O Brasil multiplicou-se, isso é inevitável, principalmente nos trópicos (rs). Se espalhou e cresceu, mas sempre ali, na inércia da terceira margem. Foi se indo.
Agora, de novo, nós pensamos, dessa vez vai. Na nossa democracia roseana - não a de sarney, mas a de guimarães -, encontramos uma alternância que, acreditamos, levaria o nosso barco para algum lugar. Ou ia atracar numa das margens ou ia embora seguindo um destino novo, ainda não-encontrável. Não foi. Foi uma droga. Que coisa hem siô! E tamos nós lá de novo. Zanzando no meio do rio. Não fomos nem ficamos nem voltamos. Continuamos indo indo indo a lugar nenhum.
Aí li outro dia no jornal um comentário do brasilianista Kenneth Maxwell. Ele fez uma palestra, em Washington, sobre "Lula, PT e o futuro da democracia brasileira". Não sei se ele está certo, mas quem está de fora tem uma visão diferente de quem está dentro e que, às vezes, ajuda a entender o que rola aqui pertinho e ninguém percebe. E o carinha disse, lá em Washington!, que a nossa crise tem cheiro de boicote. Igual na Venezuela. Huahuahua! Tem "elementos de natureza conspiratória".
Vou copiar: "É curioso olhar para a história do Brasil e ver que, quando as reformas chegam até certo ponto...bingo! Acontece uma crise. É o que eu chamo de conspiração do sistema, não necessariamente de pessoas". É curioso mesmo. Por isso ficamos aqui, esquentando o sol na terceira margem do rio. Ficamos não indo a lugar nenhum. Parece que sofremos do "grave frio dos medos". Na hora que o bicho vai pegar mesmo, dá o desatino e corremos do pau. E nós rio abaixo, rio a fora, rio adentro.
Uma boa navegada pra todos.
Até o próximo porto!
Só que depois fui aprendendo que as palavras também são fundamentais, claro! Foi preciso dar muitas vezes com os burros n'água, aqui na vida real, para entender isso, que as palavras, mesmo que parecidas no dicionário, são sempre diferentes. Tem sempre a hora certa de se usar uma palavra. E tem também o lugar certo para ela entrar sem provocar ruídos. Elas são, portanto, como personagens da história. E assim é em Guimarães. Por isso só agora, recentemente, me animei a ler seus textos. Livrei-me da birra. Menos uma.
Então, lemos e relemos a história do homem que foi e não voltou, sem ter ido a lugar algum. Ficou se indo ali no seu barquinho, vagueando na terceira margem do rio. Dias depois, me deu um clique. Olhem só, se não estamos também numa canoinha, zanzando na terceira margem do rio. Desde que me entendo por gente, que o Brasil está indo. De repente, muda alguma coisa e a gente pensa, é agora que vai! E não vai. Nem para um lado, nem para o outro.
É claro que mudamos. Igual o homem do barco mudou, ficou velho, barbudo, minguou. Zoando ali no rio, parecia que o tempo não passava. Que só as águas corriam rio abaixo. Mas passava. E pra nós também, né? O Brasil multiplicou-se, isso é inevitável, principalmente nos trópicos (rs). Se espalhou e cresceu, mas sempre ali, na inércia da terceira margem. Foi se indo.
Agora, de novo, nós pensamos, dessa vez vai. Na nossa democracia roseana - não a de sarney, mas a de guimarães -, encontramos uma alternância que, acreditamos, levaria o nosso barco para algum lugar. Ou ia atracar numa das margens ou ia embora seguindo um destino novo, ainda não-encontrável. Não foi. Foi uma droga. Que coisa hem siô! E tamos nós lá de novo. Zanzando no meio do rio. Não fomos nem ficamos nem voltamos. Continuamos indo indo indo a lugar nenhum.
Aí li outro dia no jornal um comentário do brasilianista Kenneth Maxwell. Ele fez uma palestra, em Washington, sobre "Lula, PT e o futuro da democracia brasileira". Não sei se ele está certo, mas quem está de fora tem uma visão diferente de quem está dentro e que, às vezes, ajuda a entender o que rola aqui pertinho e ninguém percebe. E o carinha disse, lá em Washington!, que a nossa crise tem cheiro de boicote. Igual na Venezuela. Huahuahua! Tem "elementos de natureza conspiratória".
Vou copiar: "É curioso olhar para a história do Brasil e ver que, quando as reformas chegam até certo ponto...bingo! Acontece uma crise. É o que eu chamo de conspiração do sistema, não necessariamente de pessoas". É curioso mesmo. Por isso ficamos aqui, esquentando o sol na terceira margem do rio. Ficamos não indo a lugar nenhum. Parece que sofremos do "grave frio dos medos". Na hora que o bicho vai pegar mesmo, dá o desatino e corremos do pau. E nós rio abaixo, rio a fora, rio adentro.
Uma boa navegada pra todos.
Até o próximo porto!
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Teoria da conspiração
Hoje vou costurar. E vai ser uma costura em linha reta, bem fácil e rápida, porque eu não posso perder a hora. Vou deixar de lado a minha Remington, presente de meu irmão, e pedir emprestada à minha mãe a velha Singer que ela herdou da minha vó que, por sua vez, recebeu-a de herança de sua mãe. Pedala, Patricia!
É o seguinte: hoje fiquei tiririca com a Folha de São Paulo. Ela, além de achar que seus leitores moram todos em São Paulo - não assume nem a pau a sua condição de jornal de circulação nacional - deu para pensar também que seus leitores são todos uns distraídos. Olhem só a manchete que ela soltou no domingão: PT fez depósito suspeito para firma de vice.
Primeira leitura: Zé de Alencar entrou pra lista do mensalão. Pomba, será possível! Até tu Zé? Aí fui ler a matéria. A história é um pouco diferente do título. O depósito não é suspeito. Foi contabilizado pela empresa como pagamento de uma dívida do PT com a Coteminas, pela compra de 2,7 milhões de camisetas, distribuídas ou vendidas, sei lá, na campanha de 2004. Comprou, pagou, né gente? Negócios, negócios, coligações à parte.
O que é suspeito é a origem do dinheiro, como de outros que são investigados pelas CPIs. Pelo menos foi o que eu entendi. Seguindo a lógica do que está em questão nessas investigações, o título escandaloso deveria ser alguma coisa assim: CPI prova uso de caixa 2 na campanha do PT.
Mas não é esse o objetivo do jogo. Fiquei, na minha santa ignorância, tentando descobrir, então, qual seria a missão da FSP nessa partida. Aí, me lembrei que a menos de cinco dias atrás, no dia 1° de dezembro, o vice José de Alencar, falando de improviso num seminário sobre a Amazônia, no Ministério da Defesa, ele sentou a pua outra vez na política de juros da equipe econômica do governo Lula. Ele afirmou que os altos juros são responsáveis pela falta de recursos em áreas "absolutamente essenciais".
Ele disse: "Às vezes eu chego inevitavelmente à conclusão de que para tudo que é absolutamente essencial para o Brasil falta recursos, menos para os juros 10% superiores aos existentes no mercado internacional. Isso é muito sério". José de Alencar, é teimoso esse cara, afirmou ainda que é "censurado" por insistir em suas críticas à política de juros. E condenou, mais uma vez, o uso do dinheiro público para pagamento de juros.
Pomba! Falou tudo isso no meio do fogo cruzado entre Dilma e Palloci e Palloci e CPIs. E a avenida Paulista ia ouvir tudo isso caladinha? Heeimm? Aposto que não. A avenida Paulista ficou furiosa, impaciente, irritada e de saco cheio. Acho que ela estava só esperando a hora para puxar o tapete do Zé de Alencar. E aí, a descoberta da CPI foi o prato cheio que a avenida Paulista aguardava. Serviu-o quente e em mesa farta.
Mas é claro, antes de levantar essa hipótese, fiquei pensando. Puxa vida, será que a avenida Paulista teria razões para fazer isso? O empresariado todo tem brigado pela queda dos juros, tem ido pra rua pedir a redução das taxas, tem protestado em repetidas reuniões contra a política monetária do Banco Central, não tem? Ou não tem? Mais ou menos, né gente? Temos empresários e empresários. Para alguns, a turma de chão de fábrica, a queda dos juros é fundamental para sua sobrevivência, mas, para outros, os que estão na pontinha da pirâmide, as taxas de juros remuneram seu capital com muito mais competência do que o mercado.
Os empresários do setor financeiro, por exemplo. Olhem só, em 1996, os bancos privados nacionais acumularam ganhos de R$ 2,7 bilhões, uma rentabilidade de 13,5% sobre a soma de seus patrimônios. Em 2004, o resultado já havia subido para R$ 12,5 bilhões, um retorno de 21,9%. Eles quase dobraram seus ganhos, já elevados, nesse período de menos de 10 anos. Nada mal, né? E vai o José de Alencar brigar com esses caras? Então, toma distraído.
E eu vou andando. Mesmo porque, o pedal dessa Singer está meio enferrujado e meus pés já estão doendo.
Um dia de sol para todos vocês.
Até uma próxima.
Da idiota de plantão
É o seguinte: hoje fiquei tiririca com a Folha de São Paulo. Ela, além de achar que seus leitores moram todos em São Paulo - não assume nem a pau a sua condição de jornal de circulação nacional - deu para pensar também que seus leitores são todos uns distraídos. Olhem só a manchete que ela soltou no domingão: PT fez depósito suspeito para firma de vice.
Primeira leitura: Zé de Alencar entrou pra lista do mensalão. Pomba, será possível! Até tu Zé? Aí fui ler a matéria. A história é um pouco diferente do título. O depósito não é suspeito. Foi contabilizado pela empresa como pagamento de uma dívida do PT com a Coteminas, pela compra de 2,7 milhões de camisetas, distribuídas ou vendidas, sei lá, na campanha de 2004. Comprou, pagou, né gente? Negócios, negócios, coligações à parte.
O que é suspeito é a origem do dinheiro, como de outros que são investigados pelas CPIs. Pelo menos foi o que eu entendi. Seguindo a lógica do que está em questão nessas investigações, o título escandaloso deveria ser alguma coisa assim: CPI prova uso de caixa 2 na campanha do PT.
Mas não é esse o objetivo do jogo. Fiquei, na minha santa ignorância, tentando descobrir, então, qual seria a missão da FSP nessa partida. Aí, me lembrei que a menos de cinco dias atrás, no dia 1° de dezembro, o vice José de Alencar, falando de improviso num seminário sobre a Amazônia, no Ministério da Defesa, ele sentou a pua outra vez na política de juros da equipe econômica do governo Lula. Ele afirmou que os altos juros são responsáveis pela falta de recursos em áreas "absolutamente essenciais".
Ele disse: "Às vezes eu chego inevitavelmente à conclusão de que para tudo que é absolutamente essencial para o Brasil falta recursos, menos para os juros 10% superiores aos existentes no mercado internacional. Isso é muito sério". José de Alencar, é teimoso esse cara, afirmou ainda que é "censurado" por insistir em suas críticas à política de juros. E condenou, mais uma vez, o uso do dinheiro público para pagamento de juros.
Pomba! Falou tudo isso no meio do fogo cruzado entre Dilma e Palloci e Palloci e CPIs. E a avenida Paulista ia ouvir tudo isso caladinha? Heeimm? Aposto que não. A avenida Paulista ficou furiosa, impaciente, irritada e de saco cheio. Acho que ela estava só esperando a hora para puxar o tapete do Zé de Alencar. E aí, a descoberta da CPI foi o prato cheio que a avenida Paulista aguardava. Serviu-o quente e em mesa farta.
Mas é claro, antes de levantar essa hipótese, fiquei pensando. Puxa vida, será que a avenida Paulista teria razões para fazer isso? O empresariado todo tem brigado pela queda dos juros, tem ido pra rua pedir a redução das taxas, tem protestado em repetidas reuniões contra a política monetária do Banco Central, não tem? Ou não tem? Mais ou menos, né gente? Temos empresários e empresários. Para alguns, a turma de chão de fábrica, a queda dos juros é fundamental para sua sobrevivência, mas, para outros, os que estão na pontinha da pirâmide, as taxas de juros remuneram seu capital com muito mais competência do que o mercado.
Os empresários do setor financeiro, por exemplo. Olhem só, em 1996, os bancos privados nacionais acumularam ganhos de R$ 2,7 bilhões, uma rentabilidade de 13,5% sobre a soma de seus patrimônios. Em 2004, o resultado já havia subido para R$ 12,5 bilhões, um retorno de 21,9%. Eles quase dobraram seus ganhos, já elevados, nesse período de menos de 10 anos. Nada mal, né? E vai o José de Alencar brigar com esses caras? Então, toma distraído.
E eu vou andando. Mesmo porque, o pedal dessa Singer está meio enferrujado e meus pés já estão doendo.
Um dia de sol para todos vocês.
Até uma próxima.
Da idiota de plantão
quinta-feira, dezembro 01, 2005
Papai Noel, eu me comportei!
Não vou dizer que fiz tudim, tudim bem certim, certim, né? Mas, olha só, eu tentei.
Tentei (de verdade) cuidar bem de todos os que estão ao meu lado.
Tentei (deveras também) cuidar bem de todos os que estão longe, mas também estão ao meu lado.
Tentei (por instinto de preservação) não me descuidar daqueles que jamais estarão ao meu lado.
Tentei (com vontade) reclamar menos.
Tentei (quando reclamava) não perder o senso de humor.
Tentei (sem querer) parar de fumar.
Tentei (sem muito esforço) fazer um esporte qualquer.
Tentei (mesmo não gostando) aprender inglês.
Tentei (e às vezes consegui) ler os livros que li até o fim.
Tentei (com muito esforço) entender alguma coisa das coisas que estão acontecendo.
Tentei (com o coração à larga) acompanhar todos os depoimentos nas CPIs do Congresso.
Tentei (na diagonal) ler o que os jornais estavam dizendo sobre todos os depoimentos nas CPIs do Congresso.
Tentei (com muita impaciência) assistir ontem à sessão de votação do processo de cassação de José Dirceu.
Tentei (com dificuldade) organizar as idéias, mesmo sabendo que, para isso, teria de voltar a escrever. Coisa que já havia descartado da minha biografia.
Tentei (distraidamente) escrever frases mais curtas, textos mais tolos e usar só as palavras que me vinham a cabeça.
Tentei (propositadamente) aprender novas palavras, como superávit primário, déficit, ajuste fiscal, PIB, dívida pública, transgênico, mercado do carbono e outras expressões nada divertidas.
Tentei (e não adiantou) aprender a usar vírgulas, os quês e porquês, a crase e outros mistérios da nossa língua portuguesa.
Tentei (e consegui!) não brigar no trânsito, com os idiotas dos homens que acham que só porque são homens podem nos fechar na rua, como se não estivessem fazendo nada de errado; com os babacas dos homens que só porque são homens acham que quando uma mulher está manobrando o carro para entrar numa vaga e não parar na fila dupla na frente do colégio, ela está é querendo empatar o trânsito; com as dondocas das mulheres que acham que só porque são mulheres, louras e de nariz arrebitado, podem sair por aí fazendo baianadas em qualquer esquina que está tudo bem; com as espaçosas das mulheres que acham que só porque são mulheres podem ser distraídas também no volante que todo mundo vai achar normal; com os boys cansados que acham que só porque são homens e boys podem ficar andando em marcha lenta na sua frente, quando faltam apenas cinco minutos para o portão do colégio fechar e 30 minutos para você voltar para casa, almoçar e voltar para trabalhar; com o pastel do pedestre que acha que só porque é pedestre, não tem de seguir as regras do trânsito e aí atravessa fora da faixa, com sinal aberto e toda sorte de situações de risco; e com toda essa fauna que não vou ficar aqui descrevendo, porque estou tentando e conseguindo de verdade não brigar com nenhum membro dessas espécies!
Tentei (com entusiasmo) aprender a operar os controles da tv e do dvd, mesmo sabendo que eles nunca ficarão nas minhas mãos.
Tentei (com a curiosidade de uma criança) aprender coisas que antes nunca tinha escutado falar. Tentei mesmo sabendo também que jamais conseguirei aprender de fato todas essas coisas.
Tentei (com sucesso) fazer risoto de camarão!
Tentei (sem sucesso) fazer uma peixada capixaba.
Tentei (e foi um fracasso) pagar as contas em dia.
Tentei (e foi um fracasso maior ainda) devolver os filmes da locadora no dia certo.
Tentei (mudando de assunto) não ficar triste por não poder tentar outras coisas que desejei e que...bom deixa pra lá, melhor mudar de assunto.
Tentei (e foi uma decisão acertada) ouvir mais música, a toda hora e a todo momento.
Tentei (e foi bem mais prazeroso) ouvir muito mais rádio e ver menos televisão.
Tentei (é sério) entender para que serve o orkut. Ainda não entendi muito bem, mas o orkut me ajudou a descobrir muitas comunidade divertidas, como essa de onde tirei emprestado o título desse texto: “Papai Noel, eu me comportei!”.
Tentei (com orgulho e dor no coração) deixar os meus filhos conhecer a vida lá fora.
Tentei (de coração) falar menos e ouvir mais o que eles tinham para me dizer.
Tentei (e continua dando certo) estar sempre ao lado do Cláudio pro que der e vier.
Tentei (porque isso me faz bem) continuar acreditando que meu trabalho é muito importante.
Tentei (porque isso me faz mal) não dar ouvidos a conversas de corredor, ao bláblá da hora do café e ao tititi que às vezes rola no correio eletrônico.
Tentei (porque isso faz bem a alma) conhecer novas pessoas e admirá-las por elas serem como são.
Tentei (porque isso me irrita profundamente) não ficar perto de pessoas que se fazem de vítima.
Tentei (o ano inteiro) não zoar dos atleticanos, coitados! (rsrsrs)
Tentei (só nessa última semana) fingir que o Atlético não foi para a segunda divisão! (rsrsrs)
Tentei (pelos meus filhos) achar que o América é um grande time!
Tentei (e fui vencida pelo cansaço) gostar muito dos MC Racionais.
Tentei (e ainda não foi o suficiente) fazer com que meus filhos também gostem das músicas que eu gosto.
Tentei (e já tenho pelo menos as manhas) aprender a consertar fio quebrado de ferro elétrico, válvula de descarga quando começa a disparar e tomadas.
Tentei (se cuidem! huahuahuahua) aprender a operar uma furadeira!
Tentei (e sábado acho que consigo) montar a nossa árvore de natal sem luzinhas.
Tentei (e sábado acho que consigo também) montar o nosso presépio português.
Tentei (mas acho que já tomei muito seu tempo) um tanto de outras coisas, mas principalmente, tentei (e vou continuar) prosseguir tentando fazer o melhor. Se não o melhor do melhor, o melhor do que eu posso, que já é alguma coisa, não é não?
Então. Satisfeito? Prestei contas direitinho? Já posso pedir? Posso fazer a minha lista? Posso? Posso? Posso? Já adianto que quero tudo de tudo! Huahuahua. Brincadeira, basta uma Pentax digital 6.1 Mpixels com um zoom turbinado! Ah, ia me esquecendo, e um ipod nano 4 GB. Brincadeira de novo! Hehehehe. Quero mesmo é tudo de tudo. Essa lista eu vou ter de pensar direitinho, por isso volto outro dia.
Vamos lá gente, princípio da transparência, se não Papai Noel não traz presente, hem! Coragem bush, condolezza, tony, a turminha da Faixa de Gaza, os amigos do Zé e demais vizinhos.
Un bielo día para tuedos, hermanos!
Com luzitas cuoloridas pielo camino!
Tentei (de verdade) cuidar bem de todos os que estão ao meu lado.
Tentei (deveras também) cuidar bem de todos os que estão longe, mas também estão ao meu lado.
Tentei (por instinto de preservação) não me descuidar daqueles que jamais estarão ao meu lado.
Tentei (com vontade) reclamar menos.
Tentei (quando reclamava) não perder o senso de humor.
Tentei (sem querer) parar de fumar.
Tentei (sem muito esforço) fazer um esporte qualquer.
Tentei (mesmo não gostando) aprender inglês.
Tentei (e às vezes consegui) ler os livros que li até o fim.
Tentei (com muito esforço) entender alguma coisa das coisas que estão acontecendo.
Tentei (com o coração à larga) acompanhar todos os depoimentos nas CPIs do Congresso.
Tentei (na diagonal) ler o que os jornais estavam dizendo sobre todos os depoimentos nas CPIs do Congresso.
Tentei (com muita impaciência) assistir ontem à sessão de votação do processo de cassação de José Dirceu.
Tentei (com dificuldade) organizar as idéias, mesmo sabendo que, para isso, teria de voltar a escrever. Coisa que já havia descartado da minha biografia.
Tentei (distraidamente) escrever frases mais curtas, textos mais tolos e usar só as palavras que me vinham a cabeça.
Tentei (propositadamente) aprender novas palavras, como superávit primário, déficit, ajuste fiscal, PIB, dívida pública, transgênico, mercado do carbono e outras expressões nada divertidas.
Tentei (e não adiantou) aprender a usar vírgulas, os quês e porquês, a crase e outros mistérios da nossa língua portuguesa.
Tentei (e consegui!) não brigar no trânsito, com os idiotas dos homens que acham que só porque são homens podem nos fechar na rua, como se não estivessem fazendo nada de errado; com os babacas dos homens que só porque são homens acham que quando uma mulher está manobrando o carro para entrar numa vaga e não parar na fila dupla na frente do colégio, ela está é querendo empatar o trânsito; com as dondocas das mulheres que acham que só porque são mulheres, louras e de nariz arrebitado, podem sair por aí fazendo baianadas em qualquer esquina que está tudo bem; com as espaçosas das mulheres que acham que só porque são mulheres podem ser distraídas também no volante que todo mundo vai achar normal; com os boys cansados que acham que só porque são homens e boys podem ficar andando em marcha lenta na sua frente, quando faltam apenas cinco minutos para o portão do colégio fechar e 30 minutos para você voltar para casa, almoçar e voltar para trabalhar; com o pastel do pedestre que acha que só porque é pedestre, não tem de seguir as regras do trânsito e aí atravessa fora da faixa, com sinal aberto e toda sorte de situações de risco; e com toda essa fauna que não vou ficar aqui descrevendo, porque estou tentando e conseguindo de verdade não brigar com nenhum membro dessas espécies!
Tentei (com entusiasmo) aprender a operar os controles da tv e do dvd, mesmo sabendo que eles nunca ficarão nas minhas mãos.
Tentei (com a curiosidade de uma criança) aprender coisas que antes nunca tinha escutado falar. Tentei mesmo sabendo também que jamais conseguirei aprender de fato todas essas coisas.
Tentei (com sucesso) fazer risoto de camarão!
Tentei (sem sucesso) fazer uma peixada capixaba.
Tentei (e foi um fracasso) pagar as contas em dia.
Tentei (e foi um fracasso maior ainda) devolver os filmes da locadora no dia certo.
Tentei (mudando de assunto) não ficar triste por não poder tentar outras coisas que desejei e que...bom deixa pra lá, melhor mudar de assunto.
Tentei (e foi uma decisão acertada) ouvir mais música, a toda hora e a todo momento.
Tentei (e foi bem mais prazeroso) ouvir muito mais rádio e ver menos televisão.
Tentei (é sério) entender para que serve o orkut. Ainda não entendi muito bem, mas o orkut me ajudou a descobrir muitas comunidade divertidas, como essa de onde tirei emprestado o título desse texto: “Papai Noel, eu me comportei!”.
Tentei (com orgulho e dor no coração) deixar os meus filhos conhecer a vida lá fora.
Tentei (de coração) falar menos e ouvir mais o que eles tinham para me dizer.
Tentei (e continua dando certo) estar sempre ao lado do Cláudio pro que der e vier.
Tentei (porque isso me faz bem) continuar acreditando que meu trabalho é muito importante.
Tentei (porque isso me faz mal) não dar ouvidos a conversas de corredor, ao bláblá da hora do café e ao tititi que às vezes rola no correio eletrônico.
Tentei (porque isso faz bem a alma) conhecer novas pessoas e admirá-las por elas serem como são.
Tentei (porque isso me irrita profundamente) não ficar perto de pessoas que se fazem de vítima.
Tentei (o ano inteiro) não zoar dos atleticanos, coitados! (rsrsrs)
Tentei (só nessa última semana) fingir que o Atlético não foi para a segunda divisão! (rsrsrs)
Tentei (pelos meus filhos) achar que o América é um grande time!
Tentei (e fui vencida pelo cansaço) gostar muito dos MC Racionais.
Tentei (e ainda não foi o suficiente) fazer com que meus filhos também gostem das músicas que eu gosto.
Tentei (e já tenho pelo menos as manhas) aprender a consertar fio quebrado de ferro elétrico, válvula de descarga quando começa a disparar e tomadas.
Tentei (se cuidem! huahuahuahua) aprender a operar uma furadeira!
Tentei (e sábado acho que consigo) montar a nossa árvore de natal sem luzinhas.
Tentei (e sábado acho que consigo também) montar o nosso presépio português.
Tentei (mas acho que já tomei muito seu tempo) um tanto de outras coisas, mas principalmente, tentei (e vou continuar) prosseguir tentando fazer o melhor. Se não o melhor do melhor, o melhor do que eu posso, que já é alguma coisa, não é não?
Então. Satisfeito? Prestei contas direitinho? Já posso pedir? Posso fazer a minha lista? Posso? Posso? Posso? Já adianto que quero tudo de tudo! Huahuahua. Brincadeira, basta uma Pentax digital 6.1 Mpixels com um zoom turbinado! Ah, ia me esquecendo, e um ipod nano 4 GB. Brincadeira de novo! Hehehehe. Quero mesmo é tudo de tudo. Essa lista eu vou ter de pensar direitinho, por isso volto outro dia.
Vamos lá gente, princípio da transparência, se não Papai Noel não traz presente, hem! Coragem bush, condolezza, tony, a turminha da Faixa de Gaza, os amigos do Zé e demais vizinhos.
Un bielo día para tuedos, hermanos!
Com luzitas cuoloridas pielo camino!
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