Essa vida é um trem mesmo. Toda hora tem um subindo, outro descendo. Quem está de dentro pode fazer muito pouco, além de olhar o movimento nas estações por onde passa. Quem está de fora, entrando ou saindo, desconfio que também não possa fazer grandes coisas, além de seguir o seu caminho.
Hoje alguém desceu do trem. Não pude nem olhar. Fiquei enrolada nos compromissos do dia, um atrás do outro, e quando dei por tudo, o trem já estava andando de novo. Mas enquanto tocava a vida, ia me lembrando do João, que me fazia lembrar da Heloísa, que me lembrava o Marco e o Tilden e o Edson, que me lembravam a Ângela, a Mércia e depois o Jura e depois o Cristovão, o Ronaldo que, não sei por que, me lembrava a Beth. E voltava no João e, na seqüência, cuja lógica desconheço, me lembrava do Ricardo e da Mana e do Agnaldo e do Valdo e assim por diante, até voltar no João outra vez. A tarde inteira rodei nessa ciranda, enquanto tricotava as tarefas do dia.
O trem da minha vida deu uma ré radical. Fui voltando, voltando e passando uma por uma por todas as estações que já havia deixado pra trás. Do último dia em que conversamos pelo telefone. E foi a um bom tempo atrás. Da última vez que estivemos juntos na redação. Nunca pensei que daria conta de lembrar disso, de tanto tempo que faz. Do último dia que o vi, de longe, com Heloísa e Rodriguinho, passeando na praça. Isso nem se fala. Rodriguinho já é homem. Mas lembrei de tudo. Até voltar no penúltimo sábado, quando tive a última notícia do João.
Pelo menos agora ele está livre. Pode voar como os passarinhos. Que era só isso que ele mais queria na vida. Bate as asas, João! E olhe por nós!
Uma sexta em flashback para todos. Recordar também é viver.
Inté
Foto: Minha, de um domingo no sítio
2 comentários:
A memória que persiste...
Beijos e tenha uma linda semana!
Ah! Mudei meu endereço: http://www.diplomaciabossanova.net/
Você altera nos seus links?
Marte?.Um tanto longe.Patricia,da mesma pátria.Um tanto mais longe de entrarmos nos mesmos caminhos.Embora ,todos nos levem à Roma.Vou para frente.Quero cair como todos.Mas,como o pó da bota do viajante peregrino, ir mais longe.Ficar a beira do caminho não mais me seduz.Vi muitas vezes o mesmo peregrino passar à minha frente,sem saber como seguir.roberto.
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