quinta-feira, outubro 05, 2006

O que faremos esta noite?

Trilha alternativa: pra ninguém dizer que variei, Dreamland, com Madeleine Peyroux

Meninas, parece que nascemos mesmo para conquistar o mundo. E se nada de errado acontecer ao longo do caminho, tenho a impressão de que já estamos assumindo o comando. Vocês viram a pesquisa do IBGE que está circulando nos jornais de hoje? Quase 30% dos domicílios brasileiros já são chefiados por mulheres. E esse não é um achado pontual, culpa do Lula ou uma seqüela da globalização. É uma mudança no padrão de atividade feminina, como constata a pesquisa.

Já viramos uma tendência, que se consolida a cada nova pesquisa. E uma tendência forte. Só para vocês terem noção do tamanho do estrago que estamos fazendo, de 2002 para 2006, esse percentual cresceu 21% e, pelos números de agosto passado, já éramos quase 3 milhões de mulheres na chefia dos lares brasileiros. Já poderíamos fundar um partido ou uma igreja com sucesso garantido. É brincadeira?

Mas não fiquem prosa, meninas. Ainda falta muito para assumirmos o leme. Essa turma que está nos representando hoje ocupa postos mais precários que o da média da população feminina empregada, com nível de informalidade maior e jornada de trabalho mais longa. Na mesma função, ainda recebe salários mais baixos do que os homens e apresenta menor nível de escolaridade também. Outra coisa, menos grave, essas mulheres são mais velhas que a média de todas nós que estamos por aí, batalhando o pão de cada dia. Ou seja, a situação ainda é dramática, mas estamos chegando lá, não é não?

Acho que o Cérebro deve estar se contorcendo de inveja. Mas acho também que não deveria. Pela pesquisa, a nossa situação, além de dramática, é trágica. Mais da metade das nossas chefes de família mora sozinha com os filhos. Ou seja, rala e pena todos os dias. Outras 25% são casadas e mais ralam que penam. As 18% que faltam para fechar a conta, moram sozinhas e mais penam do que ralam. Ao que parece, estamos todas no mesmo barco. De um jeito ou de outro, quando temos de nos dividir entre a casa, a família e o trabalho, não temos muito opção: ou penamos ou ralamos para dar conta de tudo. Pelejamos, como já disse Dilma. Não é uma queixa, meninas, é só uma constatação, para amenizar a angústia de Cérebro.

No fundo, no fundo, se fosse fazer uma avaliação do resultado dessa pesquisa, faria uma leitura até otimista. Acho que o que esses números nos mostram é que hoje estamos mais corajosas. Antes, fazíamos tudo isso, mas fingíamos que não éramos nós que tocávamos o barco. Agora não. Ficamos também mais confiantes no nosso tino. Mais tolerantes. Abrimos mão da perfeição. Aprendemos a lidar com nossos erros de forma mais amigável. Não nos desesperamos diante da crítica. Não carregamos mais o sentimento de culpa das nossas avós. Ficamos felizes mais vezes ao dia, mesmo sofrendo em dobro, agora preocupadas com o destino de nossos filhos e de todo o mundo. Ficamos mais calmas, ainda que as notícias continuem nos irritando todas as manhãs. Enfim, estamos nos adaptando.

Mas continuamos maquinando nossos sonhos. E se o Pink viesse nos perguntar agora: o que faremos esta noite? Como o Cérebro, responderíamos: o que fazemos todas as noites, meu caro. Vamos tentar conquistar o mundo! Diríamos isso, não diríamos?

Então. Um finalzinho de semana com muitos planos e boas estratégias para todos.

Inté.

Um comentário:

MaicknucleaR disse...

Hoje à noite vou escrever nos rejuntes do piso e... espera: to pensando!
bjinhuuuuzxxx