terça-feira, outubro 10, 2006

Nada disso

Trilha marginal: Inútil, com Ultraje a Rigor (dá-lhe Roger!)

Ia pegar umas ondas por aí, mas não fui. E não indo, vim passear por aqui. Ia só divagar, mas não resisto a uma pauta pronta. Confesso que vi o debate dos presidenciáveis. Foi dureza, num fim de domingo, mas admito, vi tudo até o final. Vocês viram? Que conversa arrevesada, hem meninas? Tá doido siô, fico arriada com esse bate boca sem fim, que não vai a lugar algum. Não presta nem para nos ajudar a decidir um voto. Se é que já não decidimos.

Vou ser franca. Esse discurso denuncista já deu o que tinha de dar na campanha. Cansou. Cansei. E não só eu, mas acho que todos nós eleitores. Agora queremos é mais. Mais qualquer coisa: idéias, propostas, planos, pistas, maquinações, sonhos, qualquer coisa, menos esse lenga lenga, que por mais grave e importante que seja, não os diferencia em nada. Pelo menos não no imaginário do eleitor. Político é político. Em qualquer pesquisa de imagem, ele ocupa sempre a taxa mais baixa de credibilidade junto à opinião pública. Nesse quesito, portanto, acabam se igualando, mesmo sendo homens de bem, como acho que são.

Tem outra coisa que me dá nos nervos: a estupidez geográfica. Achar que o Brasil mora em São Paulo. Não moramos. Às vezes, até gostaríamos. Mas não moramos. Estamos perdidos é no meio de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, que abrigam 5 mil 561 cidades. Estamos é ali, escondidos em uma delas. O Brasil, portanto, é muito maior do que São Paulo. Maior do que São Paulo e Minas juntos. Do que São Paulo, Minas e Rio, todos somados. O Brasil tem problemas e soluções espalhados pra todo lado. Tem necessidades e potencialidades em todo canto. São Paulo é só uma esquina e não um país inteiro. Alguém tem de dizer isso ao Geraldo. Ou então, vamos declarar logo de uma vez a independência de São Paulo e seja o que deus quiser. A parte vira o todo e a confusão se desfaz.

E mais outra coisa: tudo que já está feito, feito está. E será sempre pouco para o muito que ainda temos por fazer. Alguém precisa dizer isso ao Luiz Inácio. Afinal, moramos todos num país de dimensão continental. Quem mandou? Azar o nosso. Morássemos na Holanda, em Portugal ou no Principado de Liechtenstein, tudo seria mais simples. Mas não moramos e aí é que as coisas começam a se complicar. Tudo por aqui é super, hiper, mega mais difícil. Não temos um problema, mas vários. Não temos uma solução, mas um depende repleto de variáveis. Brasil se pronúncia Brasis. Nossa unidade está só na alma.

E outra mais: meu olho não é uma câmara de tevê. Detesto quando olham para mim de dentro de um tubo de imagens. Querem fingir que conversam comigo. Mas não me convencem. Queria ver o Geraldo olhando no olho do Luiz Inácio. Queria ver o Luiz Inácio olhando no olho do Geraldo. Queria vê-los dialogando. Um falando pro outro. Um ouvindo o que outro estava falando. Discordando, retrucando, rebatendo, tropeçando, gaguejando, mas olhando, olho no olho. Era isso que eu queria.

E não só. Queria saber mais. Qual é o diagnóstico de Geraldo para o Brasil-Brasis? Em que pé estamos, ao final deste mandato, hem Luiz Inácio? E então? O que vai ser pra frente? Pra um e pra outro? Por onde vamos? Pra onde vamos? Com quem vamos? Essas são as grandes questões que atormentam meu sono. Espero que me respondam antes do final do mês. Enquanto não, continuo onde sempre estive: ou voto nele, nulo ou nulula. Tá difícil, hem meninas? Como diz o Rafa, a vida é dura assim mesmo, mas no final a gente morre.

Uma semaninha arretada pra todos.

Até mais ver.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei, Tia Patrícia!
Deu voz a um tanto de pensamentos embolados na minha cabeça! Esse negócio de pensar escrevendo é bom mesmo!
bjos

patricia duarte disse...

Ei Cacá! Que bom receber sua visita. Volte sempre. E pensar escrevendo funciona mesmo. Não ajuda a ter grandes idéias, mas ajuda a organizar as nossas pequenas tiradas.