sexta-feira, junho 29, 2007

Que nem

E é assim mesmo. O mundo gira e nós continuamos no mesmo lugar. Se sai um entra outro e quase nada muda. As manchetes do noticiário são as mesmas. Troca-se só o quem, às vezes, o onde também. E todos nós, em maior ou menor grau, delúbio, simone, mabel, luizinho, palloci, renan, roriz e outros. E todos nós, de um certo jeito, felipe, júlio, rodrigo, max, antonio, tomas, eron e suzane ou, pior, fernandinho, marcola, ivan.

É porque estamos todos ficando muito parecidos que nos assustamos tanto. A tela da televisão está virando espelho. Como num parque de diversões, a imagem refletida nos distorce, nos deforma, mas resta em cada uma delas um traço que é nosso também. Um traço que nos iguala. Não nos atos, mas na sua falta de sentido. Não nos atos, talvez nos gestos. Tão sem significado quanto. Só que pior, insignificantes. Inexpressivos. Ou então, na intenção. No que nos move ou nos paralisa, mas que está ali, em algum lugar, dentro de nós.

Aí, mesmo sem ir às vias de fato, nos tornamos iguais na vontade que às vezes dá de matar também. De estrangular. Na vontade que dá de chutar o balde, de rodar a baiana. De fazer de um jeito desajeitado, só porque é mais fácil, mais rápido. De enrolar também. De fingir que não está fazendo malfeito, mas fazendo. De enganar, blefar, engalobar, tapear, burlar, fraudar, iludir, fingir, marombar, como se não estivesse, mas estando. Nas pequenas coisas, mínimas, mas que na intenção se equivalem. Tornam-se todas parecidas, as pequenas e as grandes falcatruas. É disso que estou falando.

E, ainda assim, andamos na rua, com a cabeça erguida e os olhos bem abertos. Não para nos vermos melhor. Estamos na espreita, um vigiando o outro. Na tocaia, sempre alerta, para nos protegermos da maldade um do outro. E seguimos, figuras ilibadas, rua afora. Sonsos, não nos preocupamos mais com o que somos, mas só com o que aparentamos. Gil Brother terá razão? Estaremos todos desmilinguindo história afora, nos desfazendo, nos desmanchando, nos dissolvendo, nos destruindo, nos arruinando convenientemente?

Por isso estou andando é calada. Já perdi palavras, idéias, pensamentos, tudo. Nem ouso procurá-los agora. Quero é distância. Meus olhos não vêem o que não é mais possível explicar. Meus ouvidos não escutam o que a alma não quer sentir. Pronto. Vou hibernar. Entrar em recesso. Quando for razoável, abro os olhos novamente e volto a olhar pro mundo. Mas agora, agora mesmo, é como diz o Maguinho, amigo de uma amiga, não é que não dê, é só que não dá.

Inté, que hoje é só sexta e amanhã tudo continua.

Um final de semana longe da mesmice de sempre e repleto de boas novas.

4 comentários:

Anônimo disse...

Mandou bem Patricia,
Falou com beleza o que sempre falo de forma contundente, o que vemos é reflexo de nós mesmos. Parabéns.
Beijos e ótimo final de semana pra ti.

Anônimo disse...

Oi Patricia,

Olha, indiquei seu blog para dois prêmios. Depois passo aqui para ler seu texto, estou numa correria danada (veja o motivo lá no blog).

Beijos!

Anônimo disse...

Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar uma camiseta personalizada bem maneira. Até mais.

Anônimo disse...

Uma bela leitura de comportamento. De querer ser única num universo que valoriza o que é comum. Gosto da forma como vê o mundo que a cerca, esta percepção é necessária para que possamos nos manter lúcidos.

Beijos!