quinta-feira, abril 19, 2007

Vagarosa mente

Hoje estou por conta do vagar. Não quero por as idéias em ordem. Não por enquanto. Quero-as em ponto de ebulição, fervendo, mudando de um estado para outro, mais fluído, mais leve. Talvez assim, se desfazendo no ar, tornem-se mais compreensíveis, se é que é possível compreender o incompreensível.

E se vou ficar só vagando pelas notícias que rolam na tela, pelas manchetes dos jornais, que saltam sobre meus olhos e embaçam a minha visão de mundo e me confundem sobre o certo e o errado, então, se vou só divagar mesmo, que seja sobre nada.

Não vou nem me permitir distrair com as besteiras que às vezes me divertem. Fazer perguntas sem resposta, por exemplo. Qual é a capital do Brasil? Se continua sendo Brasília, por que bush, aquele, e o papa, que não é mais pop, vão é a São Paulo? E o que o papa vem fazer no Brasil? Vem rezar ou comer? Por que os jornais, então, só falam do cardápio que ele terá na sua passagem pelo país?

Nhoque com mandioquinha, sopa de palmito, broinha de fubá, bombons de todo tipo, nozes fingida, vinhos e águas e massas variadas. Então, o que o papa pensa sobre o papa? O que pensa sobre Boff, Casaldáglia e tantos betos e marcelos, não o padre, mas o Picolo? O que o papa pensa sobre o que pensa?

Mas nem! Não vou me permitir dar risadas hoje. Também, porque daria? Recapitulando: segunda, 31 muertos; terça, quase isso, quarta, mais de 200. É a obesa estatística da violência. Três manchetes seguidas, de diferentes lugares do planeta, por razões que também não coincidem, mas que estão sincronizadas, sintonizadas, alinhadas, irmanadas no mesmo jargão: bang-bang. A cultura contemporânea é assim. É dark, é dura, é crua.

Mas nem! Também já disse que não vou pensar nem por ordem nas idéias, ops, as idéias em ordem e assim por diante. Amanhã, quem sabe, quando elas se dissolverem no ar, virarem poeira no vento e vierem pousar aqui, nas teclas desse computador, quem sabe, encontre as melhores letras que combinem com minhas melhores idéias.

Um dia ao vento, sem amarras nem conexões.

Inté, porque hoje já é amanhã e levanto cedo, aconteça o que acontecer.

3 comentários:

Karla Hack dos Santos disse...

Lindo e real o que vc escreveu...
acho que nam eh a unica que está assim.. meio atordoada com o que anda acontecendo ultimamente...
As vezes parece que tomei uma anestesia e estou acordando aos poucos.. uma confusão indescritível...

oo.. vou te add os meus blogs favoritos se vc me permitir...

bjus

Mamãe de primeira viagem disse...

hum... adorei como sempre...
tem dias que dá vntade de não pensar em nada mesmo, esvaziar a cabeça por completo....
beijosssssssssss

Anônimo disse...

Patrícia,

Primeiramente, perdoe-me, pois nunca mais passei por aqui.
É tempo corrido.

Bem, sobre o seu texto! O título já foi muito bom! Mas o que realmente chamo atenção é para o primeiro parágrafo! Tocou-me muito. Tudo o que disse sobre a energia das idéias acabou me contagiando.
Obrigada por esse momento! Foi bom te visitar. E também estou com saudade das suas visitas moça.

Beijos