sexta-feira, novembro 03, 2006

Tragam as chaves do cofre!

Trilha alternativa: Sitting waiting, wishing, com Jack Johnson, do cd In Between Dreams

Ó céus, a China é desproporcional mesmo! Agora está desorientada porque não sabe o que fazer com suas reservas, no valor de US$ 1 trilhão!. Vou escrever de novo, com letrinhas, para não deixar dúvidas: um trilhão de dólares!. Esse é o dinheiro que ela está juntando no cofrinho e que equivale, mais ou menos, ao tanto que ela ganha com a venda de seus produtos no supermercado mundial, menos o que ela gasta comprando matérias primas e maquinários para fazer esses produtos e mais a fábula de investimento que ela vem atraindo do mundo todo. Sacaram? Ela juntou essa grana boa em menos de dez anos e, desde o início de 2006, suas reservas têm aumentado a uma média de quase US$ 20 bilhões por mês.

Querem saber o que isso significa? US$ 20 bilhões é mais ou menos a metade de todo o superávit comercial que o Brasil deverá ter neste ano, segundo a Folha de São Paulo. Dimensionaram o tamanho do problema que a China pôs no cofre? Um trilhão de dólares equivale a 40% do seu próprio PIB, o que é muito, segundo os analistas econômicos. Mas é mais, muuuuito mais do que o PIB de boa parte do mundo todo e mais também, muuuuito mais, do que as reservas de qualquer país no planeta. É um super-hiper-mega fenômeno. Só que agora a China não sabe o que fazer com essa montanha de dinheiro. É o que eu digo, esse negócio de crescer desembestadamente é um problema.

E as autoridades chinesas concordam comigo. Elas já estão até tentando diminuir o ritmo de crescimento, só que não é fácil. É como parar um carro que vem a toda, a 200 km por hora. Não breca de jeito nenhum. Vai deslizando um pedaço de chão, se não encontrar um boi na pista ou qualquer outro obstáculo. E a China vai deslizar muito, se não ficar esperta. Por isso, com um trilhão de dólares na caixinha, eu não teria dúvida, começaria a distribuir já. O que qui custa?

A China tá apinhada de famílias carentes, não seria preciso nem exportar reservas para atender os pobres do mundo. Bastava vender dólares no mercado interno, captar yuans e dividí-los com o resto da população. Tudo bem, não precisa distribuir, vamos supor, três saquinhos de moeda por família, mesmo porque, já pensaram o tamanho da fila? Mas poderiam reverter esses dólares em obras e outras políticas sociais que beneficiassem essa população, sem obrigá-la a ter de sair do campo para cidade, como fizemos aqui, em busca de melhores oportunidades de vida. Nós acabamos na favela. O que de mais grave poderá acontecer com as megacidades chinesas?

Eu fico preocupada. Fico de verdade, sabem porque? Porque se a China se desorientar no mesmo grau e ritmo com que acumulou essa graninha, vai pirar o resto do mundo e mais um pouco e nós juntos. Por favor, nos incluam fora deste barco. Acho até que deveríamos dar uma mãozinha aos chineses, para ajudá-los a resolver esse problemão em que se meteram. Não vou mendigar dólar de ninguém, mas acho que deveríamos iniciar um movimento mundial de boicote aos produtos chineses. Que dó, hem? Os produtos chineses são tão baratins!

Mas olha só, a China já é o segundo maior país poluidor do mundo, só perde para os Estados Unidos. Se ficássemos por aí, já teríamos uma boa causa. Mas tem mais. A sua mão de obra é a mais mal paga do planeta. Ela trabalha em regime de escravidão e não é beneficiada com nenhuma política de assistência do Estado. Ela não tem nem previdência social. Segunda boa razão para boicotarmos os made in china. E tem mais: trabalho infantil, perseguição às crianças e desrespeito aos direitos humanos. Esses seriam alguns tópicos, entre outros, que poderiam constar de um manifesto de apoio ao Movimento Internacional de Boicote aos Produtos Chineses (MIBPOC). É uma idéia e desconfio que eles até iriam nos agradecer, considerando o sufoco que estão passando com o cofre cuspindo dólares pelo ladrão.

Agora tive mais uma idéia. E nem estou na beira do mar, mas os pensamentos estão vindo em ondas. Olha só, não é que o Brasil esteja passando por um problema semelhante ao da China. Quem nos dera, hem? Mas US$ 80 bilhões de dólares de reservas também não é pouca coisa para uma economia como a do Brasil. Não é uma fortuna, mas se pegássemos um pouquinho mais de 10% dessa nossa poupança, uns US$ 15 bilhões, para investir em obras de infra-estrutura já daria um bom agito na economia, sem comprometer os seus fundamentos. Ou não?

Ufa, cansei de fazer conta. Agora vou arrumar gavetas, que ninguém é de ferro.

Um fim de semana sem direito a fast food chinês.

Vamos variar, não é não? Que tal um lombo com tropeiro em Ouro Preto? Nós todos merecemos!

Até de repente!

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, que poupança!, eu não sabia disso. Você deu boas idéias, Patrícia, há o que fazer com a grana naquele país superpopuloso. Se eles aumentassem o salário em 50 centavos... será que ia dar para pagar todo mundo? Era uma...

Anônimo disse...

Valeu!

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