sábado, maio 20, 2006

Trim, trim!!!

A onda revival continua em alta. Depois das cartas, agora é a vez de reabilitarmos o telefone fixo. Já não era sem tempo. Os celulares, assim como os relógios digitais, o ponto eletrônico, deliverys de um modo geral, serviços on line e em realtime, mbps, roupas que não amassam, instantâneos de todo tipo, forno de microondas e seus correlatos congelados, assim como botox, silicones, great lengths, escova progressiva e toda sorte de comodidade disponível nesse nosso mundinho pós-moderno estavam nos tornando seres desumanos e caóticos. É como diria minha vó: há males que vem para o bem. Estamos a um passo da simplicidade voluntária.

Esta semana vou desligar o celular do baixinho. Definitivamente e finalmente. Isto é, se conseguir dessa vez, né? Mas vou, se não chamo a Anatel pra eles. Já avisei o meu adola também que, por enquanto, nada de recarregar celular, mesmo porque, o risco de explosão anda muito alto. O meu, desde sexta-feira está desligado. Acho que é até uma atitude solidária para com os moradores de Presidente Venceslau, Avaré, Araraquara, São Vicente e Franco da Rocha. Tenho certeza de que, juntos, venceremos esse momento difícil e até descobriremos que é possível existir vida inteligente fora da rede GSM.

E celular tem outros agravantes. Além das propagandas, que já estão saturando a nossa paciência, e dos problemas da sua bateria, que pode explodir e emitir radiações que não sabemos ainda se serão prejudiciais à saúde, os celulares andam infernizando a vida de muita gente de bem. Não faz um mês, um conhecido nosso quase caiu no golpe do celular. Recebeu um telefonema dizendo que seu filho havia sofrido um acidente e que teria de depositar uma graninha numa certa conta, imediatamente. Foi preciso um segurança da empresa onde trabalha pular no seu pescoço e nocauteá-lo por alguns instantes, para que ele recobrasse o bom senso e percebesse que estava sendo vítima de um golpe. Outra amiga, que não embarcou nessa balela, passou a ser ameaçada de morte através de ligações para o seu celular. Teve de adotar uma medida preventiva e abrir mão do seu aparelho, antes mesmo do nosso 11 de setembro.

Então, tem isso tudo. Acho que mesmo que pareça uma medida precipitada, a aposentadoria precoce dos celulares só poderá nos fazer um grande bem. Eu apoio. Tanto que desde quarta-feira só estou usando o telefone fixo. Tá certo que, com isso, levei quatro dias para conseguir falar com uma amiga. Fiquei num sufoco danado, achando que poderia ter acontecido alguma coisa séria ou, então, imaginando que nada, ela deve ter é viajado. Passaram mil coisas pela minha cabeça. Olha só, se não é um exercício de criatividade? Depois, quando finalmente consegui falar com ela, foi um alívio e uma alegria redobrada. É isso. São pequenos prazeres, que estávamos privados de sentí-los, desde a invenção dos celulares.

Fiquei tão entusiasmada com essa história que hoje me deu vontade de ligar até para o Cláudio Lembo. Já sei que ele recebeu telefonemas de um mundo de gente, até do Alckmin, dois. O ex-governador ficou de ligar hoje de novo. Aí serão três. Nesse caso, sinceramente, achei uma grosseria e até um erro estratégico da campanha do PSDB. Alckmin era o único que não deveria ligar, deveria é estar ao lado de Cláudio Lembo. Primeiro, porque seria uma demonstração de responsabilidade, depois, por solidariedade e, por fim, porque o Brasil estava todo de olho em São Paulo e ele ganharia mais visibilidade nessa presença do que tomando cafézinho na Bahia. Mas, como diz a Ruthinha, preferiu se fazer de éguo.

E do mundo de gente que ligou, ficou faltando um: José Serra. Lamentável também e sem comentários. Eu vou tentar ligar para o Cláudio Lembo e parabenizá-lo por ter ainda resgatado
da poeira das estantes o livro O Alienista. Reli-o no final do ano passado, pegando carona na leitura obrigatória do meu adola. E nada mais oportuno do que um bom Machado para esse final de semana. É impressionante como as pessoas se fazem de bobas e desentendidas quando alguém resolve tocar na nossa ferida. Parecem mesmo loucas, elas sim. Até Bolívar Lamounier caiu nessa trama e preferiu fazer uma leitura ingênua do discurso de Lembo. Tudo bem, são palavras, mas é aquela velha história, se queremos dar um salto a frente, temos de dar um passo pra trás. E foi o que Lembo fez com bastante simplicidade, clareza e lucidez. Só não entendeu quem não quis.

Não sei se o governador de São Paulo agiu corretamente em todas as suas decisões. É muito difícil fazer essa avaliação. Mas discordo peremptoriamente daqueles que tentam desqualificar a sua fala. Foi um depoimento importante para quem quiser, a partir de agora, pensar uma solução para superarmos a insegurança que nos assombra.

Falei mais bobagem do que devia. Agora cansei e fiquei sem folego para ligar para São Paulo. Vai ficar é para outro dia. Vou também desocupar o computador porque já tem gente na fila.

Só um lembrete: se quiserem ter uma boa noite de sono, desliguem também o celular e tirem o telefone do gancho.

Bons sonhos e hasta la vista.

2 comentários:

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