terça-feira, fevereiro 21, 2006

Chuchu com camarão é bão também!

Trilha alternativa: Due, com Renato Russo

Não vi nada. Nem ao vivo nem na televisão. Um milhão e trezentas mil pessoas! Tô fora. É como se juntasse metade de Belo Horizonte na praia. Até acontece. Em janeiro, metade da cidade vai pro litoral, mas fazemos isso de forma desconcentrada, pra não parecer invasão. Agora, um milhão e trezentos mil mineiros numa praia só, nunca vi. São duas Juiz de Fora. Já pensou? Ou uma Recife inteira. Não dou conta. Pra mim, juntou mais de 20 é multidão, já tenho de tomar medidas de precaução. Um milhão e trezentas mil pessoas é um mundão.

Não vi nada mesmo, mas estava sabendo. E Rolling Stones rolou na mesa, como cascalho na ribanceira. Como todo assunto, esse também foi polêmico e só conseguimos entrar num acordo quando surgiu o se. E se fosse o show de Tom Zé? Nesse, iríamos todos. Assistiríamos de joelhos, se preciso fosse, venerando a antena da raça. Mas aí, com certeza, não seriam 1 milhão e 300 mil pessoas. Talvez trezentas, não mil, trezentos sozinho. E já seria uma boa conta. Trinta! Aí seria o máximo. A diversidade estaria representada, mas sem a opressão das multidões. Três, seria maldade, embora, admito, fosse o ideal.

Daí que eu entenda perfeitamente a dificuldade do partido dos baulistas de abrir a cúpula à participação das bases. Para escolher o candidato da sigla, preferem fazer pesquisa de opinião a ter de convocar uma prévia. Juntar aquele povão todo num ginásio. Aquele calorão danado. Aquela mulherada falando, uma musquitada infernal. A rapaziada querendo puxar um sambinha de roda, hem? Marmitas espalhadas pelas arquibancadas. Banheiro cheio. Afi!

Então. Normal, gente. Pesquisa é uma forma de ouvir a voz do povo como outra qualquer. A diferença está só na metodologia. E metodologia, cá pra nós, se não existe a gente inventa, e modela até ela chegar na forma que mais nos apetece, se não o resultado pode surpreender, não é mesmo? Por exemplo, ouvir o lado divergente e chamá-lo de facilitador. Isso é uma invencionice. É um jeito de modelar a forma para adequá-la às necessidades do momento. Mas não tem importância. Fazer uma quali ouvindo as lideranças do partido e chamá-la de prévia amostral, é uma invencionice também. Mas não tem importância.

E olha aqui, escolha é sempre uma coisa muito difícil mesmo. Ainda mais pra quem. Ói só, não tem nada de errado Sun Paulo querer puxar o tom da conversa. Nesse caso, sou igual Tom Zé: porém, com todo defeito, te carrego no meu peito! Mas escolhas, dependendo do que se escolher, faz diferença. Na maioria dos casos. Só que fico pensando que, nesse caso de novo, a escolha é um falso dilema. O PSDB não tem escolha. Só tem um candidato e, olha, que até é um bom candidato. Chuchu com camarão é muito bom! O que o PSDB precisa ter é um bom discurso, um bom programa, um bom plano de ação. O resto é perfumaria. Então, que se faça mesmo uma prévia amostral, porque botar um 1 milhão e 300 mil dentro de um megaespaço e esperar que cheguem num consenso, só Mick Jagger, meus amigos.

That's all, folks!

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