Trilhas nos céus de Belo Horizonte
Num final de tarde, em pleno fevereiro
Nem tudo é o que parece. Olhem essas nuvens. Não são nuvens. São trilhas de condensação, formadas no rastro de aviões que se deslocam em grande altitude. Gavin Pretor-Pinney, autor do Guia do Observador de Nuvens, considera essas trilhas como nuvens. Ele é bem tolerante. Gavin encontrou até uma finalidade para as trilhas de condensação. Elas podem ajudar na previsão do tempo. Quando essas permanecem no céu e se espalham, isso pode indicar que o ar na região mais alta está úmido e em ascensão, o que acontece na iminência de uma frente de calor.
Num final de tarde, em pleno fevereiro
Nem tudo é o que parece nem o que a gente imagina. Olhem essa outra nuvem. Quando vimos essa formação no céu, pensávamos que estávamos diante de um fenômeno raro e inexplicável. Bobagem. São apenas nuvens nacaradas, só mais bonitas do que todas as demais por serem assim, coloridas. Gavin explica exatamente como elas são formadas, mas não vou aborrecê-los com essa história. O que interessa é que ele confirma que as nacaradas já não são nem tão raras quanto imaginávamos. Estão se tornando cada vez mais comuns, embora isso ele não saiba porque.
E na política também é assim. Nem tudo é o que parece e nem o que a gente imagina. Alguém chegou até a dizer uma vez que a política é como as nuvens, muda a todo instante. Por isso também nos confunde. Não sei se foi o Magalhães Pinto ou se foi o Tancredo Neves, mas tanto um quanto outro poderia ter dito isso e teria dito com conhecimento de causa. Como hoje todos nós podemos repetir essa história e estaremos repetindo com conhecimento de causa. Olhem a nossa situação. A cada meia hora, o mapa da política brasileira se mostra diferente. As alianças partidárias que se formam para as eleições de outubro se configuram cada hora de um jeito diferente. Se desfazem e se refazem a todo instante. Só não sabemos por que. Mudam ao sabor apenas do humor e interesse das cúpulas partidárias e dos gabinetes dos governantes.
A nós eleitores, só nos cabe observar, espantados, as mudanças nesse mapa, assim como observamos as nuvens que sobrevoam os céus da cidade. E são tantas as conformações de siglas possíveis nesse cenário, que é difícil conceber um espectro ideológico tão variado quanto, para dar sustentação a todas essas negociações. Por isso desconfio que, como as nuvens, muitas dessas alianças não são o que parecem e nem o que imaginamos ser. Mas vai saber o que serão. Será que um dia saberemos?
Uma semana antenada a todos.
Fotos: São minhas, nem pensem. Estão nos arquivos do Observatório de Nuvens
2 comentários:
Adorei as nuvens e adorei a comparação!
Bjos!!!
Oi Patrícia,
O post ficou bem poético, adorei!
Estou nas nuvens, e tomara que ela seja exatamente o que parece. :)
Beijos!
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