Estou com uma leve sensação de que estamos patinhando na linha do tempo. Ao invés de darmos um salto para o futuro, estamos nos atolando cada vez mais fundo no buraco da história. Não nos damos nem ao trabalho de puxar novos fios para tentar desembaralhar essa confusão. Fisgamos as mesmas linhas já tencionadas e mal resolvidas no passado, esperando que agora os nós sejam desfeitos como num passe de mágica. Vamos sonhando.
Pode ser que seja implicância. Pode ser que seja mesmo necessário chafurdar nessa lama toda para descobrir novos caminhos, mas talvez não. Se tentássemos olhar o mundo de outras janelas, poderia ser possível vermos partes novas desse todo, que imaginávamos já completo. Poderia ser possível aventurarmos novos enredos para velhas tramas. Mas a história também vicia e buscamos os mesmos óculos tortos de sempre, de lentes já embaçadas de tanto ver, para tentar compreender o que já se tornou absolutamente incompreensível. Estamos tão enredados no fio da história que não ousamos sequer olhar para o lado, temendo o estranhamento que isso poderia provocar.
Já nem sei mais sobre o que estava pensando, mas acho que era sobre Cuba, sobre a Rússia, sobre essa nossa pobre América Latina, condenada ao desinteresse do mundo e atolada até o pescoço na miséria da sua própria sorte. Mas por isso mesmo, por passarmos despercebidos por todos, poderíamos bem estar agora atravessando o portal do tempo novo. Mas nada. Chafurdamos também. Não demos conta de inventar um outro mundo possível e estamos nos engalfinhando uns contra os outros, igual a todos no mundo.
Como diria Macunaíma, ai que preguiça...
Uma semana de intermináveis déjà vus para todos, se é isso mesmo que queremos.
Inté não sei quando, porque não estou tendo tempo pra nada.
4 comentários:
eterno retorno?
Bom, tem dia que a gente amanhece mesmo assim. "Tá tudo errado e não tem saída". Assistindo ao filme Confissões de Henry Fool cheguei à seguinte conclusão: o mundo é uma merda. Ponto. Nossa vida depende de como caminhamos nela. Alguns chafurdam, outros fazem de conta que ela não existe. Temos mais opções e acho que a maioria de nós opta por algo melhor, contudo, a turma das duas primeiras opções é que se faz presente na mídia, no poder, e dificultam tudo pra nós. Ai, ai. Adoro filosofar...
Já nem sei se é um eterno retorno ou ficar para sempre no mesmo lugar. Parece que empacamos num dado ponto da história e não conseguimos mais engatar uma primeira. Vamos ver.
Pois é Ana Márcia, e o que permanece sobre os fatos são suas versões, ou seja, estamos num mato sem cachorro, pois são eles que fazem as versões dos fatos que interessam e as fazem circular com a rapidez e intensidade que lhes interessa. Mas não acho que somos vítimas, acho que somos cúmplices ou, então, somos zumbis perdidos nesse mundão besta.
Postar um comentário