Já tive vontade de votar para presidente dos Estados Unidos. Tinha até uma candidata e não era Condolezza Rice. Mas agora não quero mais. Quero rever a minha declaração de voto. Principalmente, quero retirar a minha proposta. Desisto de lutar pelo direito de participarmos das eleições norte-americanas. Estou avaliando que é um gesto inútil. Não o de lutar por nossos direitos, mas o de pretender influir no resultado eleitoral do pleito americano. Será em vão.
Aprendi essa semana, que o presidente dos Estados Unidos é tão destituído de poder, quanto uma rainha da Inglaterra ou um dirigente qualquer de Zimbabwe. Ele apenas aparenta ser poderoso, mas é tão frágil quanto um bibelô de porcelana chinesa. Estava ouvindo a CBN e aprendi que o presidente norte-americano, como de resto todos os outros governantes, não tem muito o que fazer para administrar a economia do seu país, quanto mais para, eventualmente, gerir uma crise financeira que repercuta no mercado mundial, exatamente como esta que, lentamente, está fazendo sangrar o mercado financeiro internacional. Nem bush, nem Lula.
Já desconfiava disso. E confirmei a minha cisma quando ouvi alguém dizer que o presidente dos Estados Unidos definitivamente não tem recursos, seja de qual ordem for, para influir nos movimentos do mercado. Ainda mais o presidente dos Estados Unidos, país que abriga uma das economias mais privatizadas do planeta. Essa é uma hipótese considerável. No lugar de um pesquisador, dispensaria até as provas de refutação, necessárias para validar qualquer nova teoria. Basta bush, a prova viva da inutilidade de um presidente norte-americano.
Não é nem preciso assistir duas vezes ao filme de Andrew Niccol, o fantástico Senhor das Armas, para entender como foram as negociações que resultaram na invasão do Iraque. Nem é preciso ler a biografia de Alan Greenspan, ex-presidente do banco central norte-americano, vulgo Fed, para compreender as razões que estiveram envolvidas nessa decisão. O que bush não pensava sobre essas questões é absolutamente irrelevante. Ele era apenas o homem certo, no lugar certo, na hora certa, para representar, aí sim, os interesses maiores da economia norte-americana mundial. E nisso ele foi muito bom. A indústria bélica e a indústria petrolífera norte-americanas mundiais agradecem sensibilizadas.
E se o presidente dos Estados Unidos é assim tão desprovido de poder quanto dizem, vou retirar minha proposta. Se o que prevalece, de fato, é o interesse sem fronteiras de grandes corporações e mega investidores, vou estrategicamente recuar. Se o que inspira essa criação insólita chamada mercado são apenas as decisões autônomas do banco central norte-americano, balizadas, por sua vez, nas necessidades das grandes corporações e dos mega investidores, num sistema circular auto-alimentável, então vou amarelar. Não quero mais votar para presidente dos Estados Unidos. Se bobear, vou defender é eleição livre, direta e universal para a presidência do Fed. E mesmo assim estou achando perda de tempo.
Já estou quase concordando que quem tem razão é aquele deputado, personagem de mais uma entre tantas lendas políticas criadas nesse país. Conta a história que, numa época imprecisa, mas nem tão distante assim, o debate estava pegando fogo no Plenário da Câmara. A discussão envolvia a aprovação de um projeto sobre definição de preço de mercado para algum produto ou coisa que o valha. Isso já existiu. Lá pelas tantas, a oposição tomou a palavra e sentenciou o fim do quebra pau com um argumento imbatível:
- Nobre colega, não podemos aprovar esse projeto, ainda que quisessemos, simplesmente porque não é da nossa alçada. Quem define esses valores são as leis de mercado. São as leis da oferta e da procura.
O defensor da proposta parou atônito, por alguns segundos. Imediatamente se recompôs, voltou ao microfone e, indignado, bradou:
- E eu lhe pergunto, nobre colega, o que é exatamente que nós estamos fazendo aqui que, até hoje, ainda não revogamos, com o perdão da palavra, as diabas dessas leis?
Um finzinho de semana estritamente dentro da lei para todos. Mas um sábado livre, pelo menos, das leis de trânsito. Eu apoio o movimento Um dia livre de Carros!
Inté!
3 comentários:
Um antigo professor meu concordava em gênero, número e grau com você. ele dizia que aquela figura era só para fazer fotos e tomar chá.
Beijos!
E obrigado pela força, estou de volta, como se vê.
Pensante e instigante!!! Blog trilegal o teu Patrícia, vou voltar sempre!!!!
Abraços Amelísticos!!!
É, presidente hoje em dia é só imagem. Não sóóóóó imagem, mas uns 90% de seu cargo é apenas imagem, pelo que vi por aí. Mas como por aí não são fontes confiáveis, prefiro dizer que apenas acho.
Gostei do blog, vou adicionar nos meus favoritos.
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