Meninas, vocês viram? Osama pintou a barba. Sinceramente, hem? Será que caiu na tentação? Deixou-se levar pelo canto da sereia? Perdeu-se nos encantos publicitários da Wella? Será que sua voz já não é a mesma ou só seus cabelos mudaram? Ou foi uma decisão estratégica? Será que pensou que podia despistar de alguém assim? Se pensou, faltou assessoria. Melhor seria tê-la raspado de uma vez, não é não? Mas pintar suas longas barbas brancas foi um despropósito. Um equívoco. Ou não? Será que em vez de despistar, de querer parecer diferente do que é, Osama quis justamente o contrário, quis parecer novamente com o que já foi? Com o que não é mais?
Será que passou noites em claro, como nós, pensando no que fazer para derrotar a força implacável do tempo? Em como destruir esse inimigo invisível, que não escolhe alvo certo, mas deixa sua marca incontestável na fisionomia de todos nós: brancos, negros, amarelos, pobres, ricos, remediados, homens e mulheres? Será? Será que, como nós, olhou-se no espelho e sentiu falta da sua juventude? Baixou a nostalgia? Sentiu saudades do Osama que assombrou o mundo no dia 11 de setembro de 2001? Será? Será que sentiu cansaço, mas reconsiderou? Será que remexeu suas lembranças do passado e quis trazer de volta o justiceiro perdido? Será que terá forças para isso? Será que sua barba esconde seus poderes?
É justamente disso que tenho medo. 11 de setembro está de volta, pontualmente. Já esqueci muitas coisas, desde 2001: esqueci, por exemplo, que naquele ano o Fórum Social Mundial se reuniu pela primeira vez,
Pode ser que seja pela força das imagens que Osama e sua turma conseguiram produzir naquele dia. Pode ser que seja pelo bombardeio de imagens a que fomos e ainda somos submetidos, incansavelmente, por uma mídia que idolatra todo e qualquer espetáculo de megaviolência. Pode ser. Mas de lá pra cá o mundo ficou mais desconfiado. Agora nos sentimos mais inseguros, mais temerosos, mais vulneráveis. Mesmo nós, que a princípio não tínhamos nada com isso, agora, num mundo globalizado, passamos também a temer o fantasma do terrorismo internacional. Pior, tememos os terroristas estrangeiros, os ladrões de rua, os assaltantes a mão armada, os bandidos de gravata, nossos vizinhos e tememos até a nossa própria sombra, se bobearmos. O fato mesmo é que ficamos todos mais neuróticos do que já éramos.
E se já estávamos nos esquecendo disso, 11 de setembro está de volta para nos lembrar de novo. E agora fico preocupada, porque além do bombardeio da mídia e das lembranças que vão ficar remoendo na minha cabeça a semana inteira, este 11 de setembro vai coincidir exatamente com o último eclipse do ano de 2007. No início da manhã de terça-feira, a partir das 8h45, se não chover, poderemos acompanhar passo a passo um eclipse parcial do sol. Se quiserem saber mais detalhes sobre esse fenômeno, entrem aqui, e rolem a tela até o final. Eu preferiria saber outra coisa, mas diferente de nossos antepassados, já não temos mais o dom de compreender a voz da natureza. Não sabemos mais decodificar os sinais que ela emite. O que poderia significar essa coincidência de datas? Um sinal de alerta ou de solidariedade? Uma ameaça ou um socorro? Ou será apenas isso mesmo que é, uma coincidência de datas?
Pra vocês, uma semana a média luz! Na vitrola velha, um long-play tocando um fado qualquer. Um vinho, um cigarrinho (só um!) e o mundo. Bem, o mundo, pensando bem, é melhor deixá-lo lá fora.
2 comentários:
Estava para fazer um post sobre o dia de hoje, mas penso que é mais inteligente recomendar o seu. Adorei!
Beijos!!!
Ah! Só esqueceu de Allende... :D
Patrícia,
Visitando blogs diversos, tive a satisfação de encontrar este. Li e achei bastante interessante. Em relação ao 11 de setembro, publiquei também uma breve história, ocorrida naquele fatídico dia. Trata-se da história de um milagre, para nos trazer um pouco mais de esperança.
Um abraço e parabéns pelo seu blog! Procurarei visitá-lo outras vezes daqui em diante.
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