domingo, setembro 02, 2007

Fortes emoções

Certos domingos são como lagos no meio de um bosque. Lagos de águas claras e calmas, que enchem nossos olhos de nada e silêncio. E ficamos ali, só olhando, sem pensar nem reagir. Às vezes, distraidamente, alguém lança uma pedrinha no meio do lago e formam-se pequenas ondas circulares naquele ponto. Durante longos minutos essas ondas se alastram por toda a superfície do lago. Mas só isso. E passa. As águas voltam à sua condição original e tudo silencia novamente. Nesses domingos, não dou de pensar, porque não é preciso. Deixo tudo por conta das emoções.


Um presente
A apresentação do Grupo Líbero, nos jardins do Museu Abílio Barreto. Música sem fronteira: um violoncelo, um violino, um piano e dois cantores líricos. Um sol, uma sombra, um sabiá cantando e o som se espalhando pelo ar que respiramos.


Fotos: todas minhas

Uma taça de champagne, um brinde e Sempre Líbera, uma ária de La Traviata, de Verdi. A voz de Eliseth Gomes subia aos céus.




Um sopro do vento e os dedos mágicos de Maria Lígia Becker. Três temas de Gershwin.



Fortes emoções. Um jeito de olhar para o público que percebe a alma de cada um. Uma voz que se solta no ar e encontra seu caminho e se aconchega dentro do coração de todos. Os corpos dançam na imaginação. Por una cabeza.

Um desconforto
Governo pretende alagar 100 mil hectares de terras em Minas Gerais. Não sou do contra. A transposição de rios é uma prática milenar. Mas até agora não encontrei ninguém que soubesse me explicar exatamente como será essa obra, qual seu impacto no meio ambiente e quais benefícios reais ela trará para as populações no seu entorno. Falta debate e transparência.

Uma ignorância
Sobre tudo que rola no mundo agora.

Uma perplexidade
A pesquisa sobre a cabeça dos brasileiros. Um amigo me disse que somos seres miméticos. Tendemos sempre a copiar os outros. E copiamos sempre de quem nos parece melhor do que nós mesmos. Se é assim e se nossa elite é tão boa, porque então haveríamos de ter um povo pior do que ela?

Uma alegria
Café com biscoito de queijo quentinho. E lá fora o vento espalhando folhas de árvores no chão.




Uma semana
Repleta de boas novas. Com fortes emoções. Vez ou outra, um lago de águas claras e calmas, no meio do turbilhão da floresta, porque a vida, como diz Chacal, é curta demais para ser pequena.
Inté

3 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o layout novo! Deu uma enorme vida ao blog.

Gostei das reflexões para diversos assuntos e perspectivas.

Beijos!

Anônimo disse...

Ei Patrícia, minha perplexidade é outra: o fato de acharmos que o exemplo bom vem de nossa "elite tão boa". Nossa elite é um lixo, o pior q temos e q sempre foi o pior do Brasil. Pessoas q normalmente subiram ao poder (financeiro, de influência ou social...)de maneira ilícita. Incluindo aqui herdeiros da antiga colônia. Ninguém q lutasse por um país digno, vitorioso...só ganância, roubalheira, exploração. Então minha cara, o que vemos, são cópias e imitações que apenas nos levam, a todos, pro buraco. Uma pena. Se um dia nossa elite procurasse se espelhar nos inúmeros bons exemplos q existem nas classes sociais menos favorecidas, aí sim, nosso país começaria a melhorar de fato.
Que vc tenha vários domingos com “Café com biscoito de queijo quentinho. E lá fora o vento espalhando folhas de árvores no chão”.
Bjks

patricia duarte disse...

Carla,

Concordo com você. Só acho que tanto lá quanto cá encontramos boas pessoas, cheias de boas intenções, mas com muito pouca vontade para mudar, né? É esse comodismo que nos mata!
bjim