quinta-feira, março 22, 2007

Tabuleiro de damas

Foto: do imbatível Topi

Ontem, voltando para casa, no auge do horário de pique e em plena avenida do Contorno, flagramos um carro novo da Fiat, discretamente camuflado. Um não, três de uma vez, mas conseguimos registrar apenas este que aí está. De cara, estranhei um pouco a estampa, agora já me acostumei e estou achando-a até moderninha. Pode colar para coleção inverno. Mas, do que esse protótipo deixou escapar, a sua forma basicamente, ela me pareceu a mesma de todos os últimos modelos lançados por qualquer uma de todas as marcas. Mas qual será a verdade que essa realidade esconde? O que virá a ser esse carro camuflado de tabuleiro de damas?

Lembrei de Fernando Sabino. Ainda não fui ver a exposição em sua homenagem, montada no Palácio das Artes. Março já está por um fio e ainda não arrumei tempo para passear. Ó céus! Esses dias mínimos que não acolhem nada! Mas lembrei de Fernando Sabino por outra razão. Ele tinha uma metáfora para falar da realidade e da verdade que, quando li, me encantei. Ele dizia que a realidade serve, entre outras coisas, para encobrir a verdade. E exemplificava com um tabuleiro de damas. Seria branco ou preto? Nem uma coisa nem outra, em sua opinião. Para Sabino, a outra cor que ele é de fato, encoberta pela realidade, é que é a verdade. E para Sabino, como é quase impossível vê-la ou alcançá-la, a verdade só pode ser experimentada pelas vias da fantasia. E é o que fazia com as suas crônicas do cotidiano. Ave Sabino!

Mas não vou gastar maionese para viajar nesse tabuleiro de damas. Já disse que suas formas não sugerem nada de novo, embora deus more nos detalhes. Mas agora estou ocupada com outras coisas. Fiquei pensando no nosso PIB, agora em nova edição, novo formato também e com valores recalculados. Qual será a verdade que essa realidade de números e percentuais esconde? Seja qual for, sempre penso que o Produto Interno Bruto de um país, apresentado também como o indicador de suas riquezas, é absolutamente insuficiente. A verdade é muito maior e, nesse caso, está visível ou, pelo menos, de algum jeito perceptível, nas imagens que retratam nossa realidade. Escapa pelos poros, se esconde nas entranhas dela, mas se insinua no seu relevo e, por isso, é bem mais fácil de ser imaginada.

Fico pensando, que a riqueza de um país deve ser também calculada anualmente e ter o seu próprio indicador, um Riqueza Interna Bruta (RIB), representado pela soma do PIB mais o valor estimado de suas riquezas naturais. Aí sim, o Brasil estaria tendo uma avaliação mais verdadeira e não apenas realista, da sua grande riqueza. E, quem sabe, pularia do 11° para os cinco primeiros lugares entre todos os países do mundo.

Um dia real e pleno de verdades para todos.

Inté

Trilha alternativa: Escravos de Jó, de ninguém...mas é sempre uma boa lembrança.

Um comentário:

patricia duarte disse...

Engraçado, sequestraram a foto do Topi. Mas agora consegui resgatá-la. Eu, hem?