quinta-feira, abril 20, 2006

Onde mora o perigo?

Voltei do feriado com 24 horas de atraso. Quando vi que não ia ter jeito, perdi a pressa. E tô errada? Olha só. O Lula já disse: o Brasil não tem pressa de crescer. Li ou ouvi, não sei onde, que a economia anda morna. O Alkmim falou que vai pianinho nessas eleições. O PFL não vai correr pra indicar o vice. O PMDB só vai indo, explica pra confundir e não sai do lugar. A Justiça vai devagar há muito tempo e continua na mesma marcha. Trinta e tantos anos depois, inocentou Maluf, no episódio dos fusquinhas! Vou eu me descabelar? Ronaldo, o fenômeno, tá devagarinho desisitindo de correr atrás da bola. Rubinho, bom, esse a gente já sabe, né? E até a França, mesmo afundada em dificuldades, não quer sair destrambelhada por aí, só pra trocar de problema. Então. Não estou sozinha, estou?

De princípio, pensei que era preguiça. Isso pega mesmo. Quatro dias sem fazer nada, só vagando pela vida, são mais do que suficientes para criar um novo hábito. Mas não é preguiça. Não é rescaldo do feriado. O que aconteceu foi que, de repente, olhei e vi. Não adianta apressar o passo. Toda história tem seu ritmo. Tem um desenrolar que não desembaralha, se puxarmos o fio de uma vez só. Temos de, pacientemente, ir buscando um caminho no meio do novelo e no final tudo dá certo. Não é que acabe bem, mas dá certo. Quem tem de se encontrar, se encontra. Quem não tem, segue seu caminho e assim vai. Até que, numa determinada hora, esse desenredar torna-se suficiente para virar uma história. A história que estava sendo contada.

Vinha convicta, nesses últimos tempos, de que a história que estavam nos contando ia dar certo e acabar bem. Era uma história com tantos fios e tão embaralhados que parecia impossível se desenrolar. Mas puxaram um fio de cá, outro de lá, juntaram um com o outro e um novelo foi se formando com jeito de história. Pensei, tá pronta. Tá na hora de acabar. Daqui a pouco, vamos abrir uma folha em branco e começar um nova história. E tudo vai acabar bem. Foi uma crise formidável. Serviu para mostrar tudo que precisava ser visto. Aprendemos a lição. Agora vamos iniciar um história em linha reta, sem perpendiculares ou paralelas. Só uma linha de ponto a ponto. Clara e precisa.

Pensei isso, com a minha santa ignorância. Mas o desfecho que está surgindo para essa história não está batendo com o enredo que deram a ela. Parece que faltam capítulos nessa história. Ou puxaram o fio de uma vez só. Ou andamos mais depressa que deveríamos e saímos fora do ritmo. O fato é que estava convicta de que tudo ia acabar bem. Não estava nem preocupada. Mas agora preocupei. Olha se não é para preocupar. Collor está com mais de 60% de aprovação no seu Estado e deve voltar a Brasília brevemente. Lula continua com sua popularidade inabalada. A oposição, faminta, em vez de apresentar-se para o que veio e, com isso, conquistar seus votos, prefere garantir a derrota de seu adversário mor antes da disputa. Cada dia surge um fio novo, mais embaralhado que aqueles que já foram puxados, mas todos querendo chegar ao Palácio da Alvorada. Foi aí que perdi a pressa.

Foi aí que olhei e vi. Essa história ainda não está acabada. Faltam muitos capítulos nessa história. De um lado e de outro. Ninguém sabe, até hoje, o início dessa história. Porque resolveram jogar as cartas na mesa. Ficou sem começo e ainda não tem um fim. Alguém brigou com alguém, mas a troco de quê? Foi vingança? Foi traição? Maldição? De quem? Contra quem? Onde foi que o PT entrou nesse barco que agora afundou? Foi em Santo André? Foi em Ribeirão Preto? Foi antes? Foi durante? E onde Lula entra nessa história? Ele está em outro núcleo? Sempre esteve? Mudou agora? Se caixa 2 é crime, e é, porque os Tribunais Regionais Eleitorais nunca correram atrás e puniram quem tinha de ser punido desde sempre? Porque os TREs sempre fizeram vista grossa? Porque a oposição faz vista grossa, quando lhe interessa? O que interessa a oposição? Porque está mais preocupada em derrubar Lula, do que disputar uma eleição? Por que os alagoanos continuam votando em Collor? Por que o povo continua querendo Lula? Por que a síndrome conspiratória continua rendendo histórias? Quem tem medo das urnas? Quem teme as ruas? Qual perigo nos espreita? Onde mora esse perigo?

É nisso que estou pensando. Devagar e sem pressa. Vou aproveitar o feriado para manter o pé fora do acelerador por mais uns dias. Acho que vai ser bom.

Experimentem.

Tenham bons sonhos, em slowmotion, e um feriado preguiçoso pela frente!

Um comentário:

patricia duarte disse...

hehehehe...só se for o poderoso mesmo. E olhe lá.
bjim