domingo, outubro 21, 2007

Sala de cinema

O Márcio nos fez um convite: escolher cinco filmes que nos impressionaram ao longo da vida. Topei. Lá vai o primeiro:

Vi um filme uma vez que mudou a minha vida. É claro que há muito exagero nisso, mas posso dizer, com muita tranqüilidade, que é um filme que, constantemente, volta a tona e me inspira a buscar novas lentes, de diferentes cores, para olhar o mundo. Foi também o primeiro filme que vi e que me causou espanto. Me deixou perplexa pela sua beleza, originalidade e ousadia, pois era um filme que quase não tinha história e pouquíssimos diálogos.

Isso foi a tanto tempo, que já me esqueci o nome do filme, do diretor e de qualquer outra referência que pudesse me ajudar a reencontrá-lo. A única coisa que me lembro é que não era um longa metragem, mas um curta. Olha que coisa moderna! E que não era americano. Para ser absolutamente sincera, quando vi esse filme, não tinha a menor preocupação de me informar sobre todas essas coisas. Queria só ver a história. Se não estou muito equivocada, nessa época, estava na que hoje equivaleria à quinta ou sexta série. Mas esse foi o filme que me ensinou a admirar o cinema como uma arte maior.

Bom, a história é muito simples: um menino que, por alguma razão que não me lembro, resolve dar a volta ao mundo. Junto com dois ou três amigos, discutem uma forma de viabilizar esse projeto. E esse menino observa que o sol, quando nasce e até que se ponha, dá uma volta na terra. Se seguissem o sol durante um dia conseguiriam cumprir a missão. E todos concordam que é um bom plano. Essa é a história. O filme é o relato da viagem dos meninos. Claro que o máximo que eles conseguem é passear de um ponto a outro da cidade, mas é um filme de uma delicadeza indescritível e de uma beleza absurda.

Um detalhe do filme, que nunca me esqueci: durante a travessia, os meninos paravam em alguns pontos da cidade para marcar no mapa a posição em que se encontravam. E, para isso, precisavam olhar em direção ao sol. Para não correrem o risco de ficarem cegos, usavam cacos de vidro coloridos para olhar o sol e, como era divertido, usavam-nos também para olhar a cidade. Então, esse é o primeiro da minha lista de cinco.

Os outros não foram tão importantes assim, mas me impressionaram muito e até hoje me emocionam:

Hiroshima, meu amor, de Alain Resnais e roteiro de Marguerite Duras. O filme é de 1959, mas só fui vê-lo, evidentemente, bem mais tarde, lá pelos idos dos anos 80. È um filme triste, mas extremamente bonito. A fotografia é impressionantemente delicada. Não me lembro bem da história, mas o que guardei dela foi essa lembrança meio vaga das duas personagens centrais, uma atriz francesa e um arquiteto japonês, buscando incessantemente um sentido qualquer: para Hiroshima; para a vida de cada um; para o relacionamento dos dois e assim por diante. Resumiria o filme assim, numa palavra: busca. Bom, pelo menos foi isso que ficou para mim.

Apocalipse now, de Francis Ford Coppola. Um filme de 1979, uma obra prima. A interpretação que Marlon Brando faz do coronel Kurtz é fantástica; a cena dos helicópteros descendo numa praia do Camboja, ao som da Cavalgada das Valquírias, de Wagner, enquanto em terra os soldados aproveitavam para fazer surf, é também chocante. Afora essas e muitas outras, o filme me impressionou pela sua fotografia e pela sua música, que juntas dão o clima de horror, loucura, sonho e pesadelo que caracterizam essa obra de Coppola.

Blade Runner, de Ridley Scott. É um filme de 1982, mas continua atual até os dias de hoje, afinal, continuamos buscando, em vão, o significado da vida. A fotografia é maravilhosamente trágica, a música belíssima e os atores esplêndidos. Já vi Blade Runner tantas vezes que até já perdi a conta. Sempre que posso, revejo-o.

Pulp Fiction, de Quentin Tarantino. Esse é um filme mais recente, para não dizer que fiquei só na seção nostalgia. Mas, ainda assim, fazendo as contas direitinho, esse filme já está quase debutando. Que coisa, hem? Pulp Fiction me impressionou, primeiro, pela sua narrativa. É como se a história fosse um quebra-cabeça que estivesse sendo montado ali, na nossa frente. Vemos algumas peças sobre a mesa que vão e voltam e, aos poucos, vamos juntando-as até formar uma história. A atuação de John Travolta e Samuel L. Jackson são impressionantes, principalmente de Samuel Jackson. A música também é maravilhosa. Tenho o cd e escuto sempre.

Além desses, todos os de Bergman e de Felline e muitos outros e muito mais. Mas me pediram cinco e foram os cinco que mais rapidamente subiram à superfície.

Para todos, uma semana de boas histórias, bem enquadradas e com trilhas sonoras fantásticas .

Até quando for possível.

2 comentários:

Anônimo disse...

Na minha listinha, coloco tbm "Blade Runner" e "Pulp Fiction" q a meu ver marcaram pelo menos duas gerações e são referêcia para todos os trabalhos do gênero que vieram depois deles, além de ter bem nídido um filme que assiti a pelos menos uns 18 anos que foi o filme "Imensidão Azul" que conta a história real de dois mergulhadores e tem uma fotografia lindíssima, além da trilha sonora bem bacana. Pra completar os outros dois que assisti ainda adolecente, mas q até hj me emocionam muito pela história, fotografia além de terem uma trilha sonora maravilhosa que foram usadas no meu casamento: "Em algum lugar do passado" e "A Missão"
Um bj procê

Anônimo disse...

Patrícia,

Que história belíssima a deste primeiro filme que você viu!!! Fiquei imaginando cada cena. Isso merece um longa. Adorei o seu post e já está recomendado lá no blog.

Beijos!