domingo, dezembro 17, 2006

Modo de Vida

Trilha alternativa: Quase tudo, com Arnaldo Antunes

Os norte-americanos continuam sendo a população mais gorda do planeta. Nada a declarar. Nem precisaria. Mas não saberia dizer se são também a população mais esfomeada do mundo. Agora, com certeza, é a que tem o presidente mais guloso de todos. Ele quer sempre mais e mais todo o resto que sobrar. Isso tem a ver com o seu jeito ambicioso de olhar pro mundo. O que ele não deve saber, no entanto, é aquilo que Maria já sabia há muito tempo e repetia o dia inteiro para os meninos: quem tudo quer tudo perde. Tá demorando, mas uma hora chegamos ao fim.

Agora, a obesidade dos norte-americanos deve ter a ver com uma gula de outra natureza. Ou, então, está mais ligada ao modo de vida que eles andam levando. Por isso devemos observá-los com atenção redobrada para fazer tudo diferente, se possível, o oposto. É claro, não é não meninas? Ou vocês querem passar a vida inteira correndo da balança? Segundo o Resumo Estatístico dos Estados Unidos de 2007, divulgado nesse final de semana, os norte-americanos passaram, no último ano, cerca de oito horas e meia por dia assistindo à televisão, usando computadores, ouvindo rádio, indo ao cinema ou lendo.

Danou-se, hem? Fui fazer as contas e acho que não estamos longe disso não. De manhã, gosto de tomar café lendo jornal. Nisso gasto algo em torno de 40 minutos, fazendo uma leitura em diagonal. Aí vou trabalhar. Trabalho nove horas por dia, dessas nove, pelo menos quatro passo em frente ao computador. Na temporada escolar, fico pelo menos duas horas e meia dentro de um carro, levando e buscando meninos e ouvindo rádio. Quarenta minutos, mais quatro, mais duas e trinta dão sete horas e dez minutos, certo? À noite, quando chego em casa e termino o terceiro turno, gosto de ver o Jornal das 10, mais uma hora de televisão. Vamos para oito horas e dez minutos. Ainda leio umas duas ou três páginas de livro antes de dormir, chegamos às oito horas e trinta minutos.

Ou seja, não estamos num bom caminho. Fui fazer contas de novo, só por alto, para ter uma idéia da grandeza do nosso problema. Perdi 44 dias do ano em frente ao computador. Outros 22 dias só ouvindo rádio! Onze dias vendo televisão e mais onze lendo jornal e folheando livro. Não estou contando os finais de semana e feriados, porque nesses dias a rotina sai do ar. Do total dos dias úteis, foram 88 dias, quase três meses do ano, dedicados exclusivamente à atividades sedentárias. Assim não é possível, meninas! Isso não é jeito viver, vocês concordam? Não há regime algum no mundo nem academia que supere o peso dessa rotina sobre nossas vidas.

E nem pensem em argumentar dizendo que dedicamos os outros nove meses do ano às atividades físicas: andando, correndo, nadando, malhando e assim por diante. Me conheço bem e sobre todas vocês tenho pelo menos uma leve idéia. Estou muito segura para dizer que até corremos muito o ano inteiro, mas estamos longe de poder afirmar que temos uma atividade física regular que compense verdadeiramente os 88 dias de atividades sedentárias. Não se esqueçam que não inclui no rol das atividades sedentárias as horas gastas com reuniões, que sozinhas devem consumir mais três meses; as horas de supermercados e sacolões; horas de alimentar, tomar banho, dormir que ninguém é de ferro e assim por diante.

Então, ou damos um jeito nisso em 2007, de forma radical, ou vamos é correr o risco de acabarmos como os norte-americanos. Lá, tirando a bicicleta que é a campeã das campeãs, o segundo objeto responsável pelo maior número de acidentes com ferimentos é a cama. Pudera, não é não? Não há estrutura que agüente o peso desse povo. E muito menos suporte o peso de seus pesadelos, provocados, com certeza, pela gula do presidente que eles foram nos arrumar.

Uma semana de alegres preparativos para a saborosa ceia de Natal!

Buenas a todos!

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