Voltei à vida escrava. Caí na lida. Doer não doeu, mas que deu vontade de estapear alguém quando o despertador tocou, isso deu. Que vale é que a gente se acostuma com tudo na vida. Daqui há pouco já vou estar me levantando antes do alarme disparar. Até lá, começo o dia com a sensação de que estou perdendo tempo. Fico só correndo atrás do prejuízo até chegar a hora de deitar novamente.
Mas isso nem é o que pega mesmo. O que me deixa com ar de isaura é ter de voltar a carregar a tralha na bolsa. Crachá, carteira de motorista, agenda, canetas, canetas, canetas, caderneta de anotações (vai que eu penso alguma coisa!), chaves, chaves, radinho de pilha (huahuahua!!), escova de cabelo, espelho e tudo mais que cabe dentro de uma bolsa.
Minha amiga levava até uma lanterna, para ajudá-la a encontrar as coisas que ficavam perdidas dentro de sua bolsa. Ainda não cheguei a esse ponto, mas quando fiz o check-list, já na véspera de voltar ao trabalho, confesso que encontrei dentro da minha bolsa uma lista de presente de natal de 2004, um convite para exposição de fotografias no Museu Abílio Barreto, que aconteceu no início de 2005 e até um pedaço de placa de computador tinha lá dentro. Foi o Dani que me pediu para guardar, acho que no início do ano passado também, não sei pra quê. E eu guardei, né?
Da lista de tralhas tinha eliminado o celular. No final de 2004, um pivete quebrou o vidro do carro para tirar o aparelho que estava esquecido no banco de passageiro. Deu um prejuízo razoável e, pior, uma trabalheira do cão. Além de ter de procurar uma oficina para substituir o vidro quebrado, tive de fazer contato com a telefônica para cancelar o número do meu aparelho. O máximo que consegui, depois de idas e vindas num posto policial e numa das lojas da empresa, foi bloquear o número, mas até hoje continuo pagando R$ 12,50 por mês para manter o tal número. Já tentei de tudo para cancelar essa cobrança também, mas desisti.
Desde então decidi que não ia mais usar celular. Não ia comprar outro aparelho, para pivete me roubar. Boicote aos ladrões de celular! Mas querer não é poder, como diz o Rafa e, por isso, reinclui na lista de tralhas o celular sequestrado do Cláudio. Mas uso o telefone com muita parcimônia. Além de ter uma certa birra desse negócio, de qualquer pessoa me encontrar em qualquer lugar a qualquer hora do dia ou da noite, eu tenho medo de celular. Estou no grupo daqueles que acham que celular dá câncer na cabeça. Se usado sem disciplina, né? Também não sou tosca desse tanto.
Agora, tenho mais uma boa desculpa. Os ingleses, sempre eles, descobriram que celular vicia. Já estou penando para me livrar do único vício que alimento, o cigarro, não vou querer mais um, concorda? Então, olha só, a pesquisa foi conduzida pelo especialista em vício do Hospital Priory de Southampton, do Sul da Inglaterra, David Nott. Ele ouviu duas mil pessoas e 90% (!) delas disseram que não conseguiam deixar de consultar seu celular pelo menos uma vez por hora. Vichi! Eu não fumo um cigarro por hora! Nunca! Meu vício é bem mais light, são cinco ou seis por dia, no máximo!
Tô é boba! Eles não são viciados, são doidos! Também são ingleses, né? Quatro a cada cinco pessoas disseram que chegam a se sentir mal quando percebem que o celular está fora de alcance e que não poderão tê-lo em mão rapidamente. E como reagiriam se tivessem de ir para um fim de mundo, que por aqui fica sempre bem perto de nós, e o celular ficasse sem serviço? Piravam.
E tem mais. Para 60% dos entrevistados, perder o celular é pior do que perder a carteira ou as chaves de casa. As chaves de casa! Êita nóis! Nunca perdi as chaves de casa, mas se perdesse ficaria paranóica. E se um pivete as encontrasse e se descobrisse meu endereço e se entrasse na minha casa e se prendesse a minha família no banheiro e se e se e se....
Bom, desse vício estou livre. Só uso celular dos outros e, por isso, não crio dependência. Eu acho. Mas a matéria que noticiou essa pesquisa trouxe outra informação que enfraquece a minha posição. Pesquisa, também de uma universidade inglesa, demonstrou que não existe relação entre o uso de celular e o risco de tumor no cérebro. Ainda bem, né? De qualquer forma, vamos aguardar um próximo estudo, poderá trazer conclusões diferentes. Esses cientistas custam a entrar num acordo.
Ai, ai. Isso é que é falta de assunto, né? Desde que voltei para labuta, me deu um branco. Estou sentindo falta das pilhas de jornais velhos que mantinha no escritório. Dei tudo pro Lorivaldo, morador de rua e catador de papel que, toda manhã, passa aqui em casa para tomar café. Eu me alimentava de notícias velhas. O distanciamento crítico dos fatos me inspirava. Agora estou sem munição.
Estou meio paralisada também com essa história de dois blogs. Acho que não vou dar conta. Paro para pensar e lá vem a dúvida. Vou pensar para qual blog? Vou pensar isso ou aquilo? O que é mais urgente? São tantas perguntas que começam a pinicar minha cabeça que desisto e vou lavar prato, ver televisão, arrumar gaveta, assistir uma comédia para prevenir cardiopatias (rsrsrs), estudar mandarim, não fazer nada. Ai ai, acho que isso vai passar. Espero.
Pensamentos coloridos para todos.
Me liguem! Tenho medo de celular, mas falo no telefone direitinho e, às vezes, até gosto!
PS: Nesse final de semana acho que vou conseguir postar no Viajeiro. Já conversei com o Dani e com o Artur e estamos com um texto pronto na cabeça. Vou ver se passo pro papel! Depois para o word, depois para o blogger, depois pro blog e assim por diante.
Um comentário:
Mãe, lembrando q n existe quantidade segura para o consumo do cigarro, e do celular existe.
Postar um comentário