A série Pôr do Sol, como prometi
Um dia se foi...
Foto: Minha
E outro dia
Foto: Rafael
E mais um
Foto: Daniel
E outro mais
Fotos: Minhas
A série da lua, que estou só começando...
Quando Ismália enlouqueceu, pôs-se na torre a sonhar...viu uma lua no céu, viu outra lua no mar. (Alphonsus de Guimaraens)
Foto: Minha (tinha outra melhor, mas é vertical e está de cabeça pra baixo. Não consegui inverter. Quando conseguir, posto também. Rsrsrs.. Consegui!)
E o blogviajeiro, tan naamm!
Tentei colar o endereço aqui, mas não consegui. Quem quiser nos visitar pode usar o atalho que tem aqui nessa praça. É só entrar no perfil e lá vai ter uma porta para o blogviajeiro
Advertência: As fotos aqui publicadas são todas originais e não agregam nenhum recurso de photoshop ou de que programa for! Não aceite imitações! Exija sempre as legítimas! Não descoram, não soltam a tinta e não engordam!
Boa viagem!
Divirtam-se, sem moderação (hehehe).
Só consigo pensar escrevendo. De outro jeito, me confundo toda. Os pensamentos vêm em ondas e se misturam uns com os outros e, no final, morrem na praia. Por isso criei esse blog. Para todos que só conseguem pensar escrevendo. Ou, pelo menos, só assim conseguem dar precisão ao que pensam.
segunda-feira, janeiro 30, 2006
sexta-feira, janeiro 27, 2006
Deu branco
Voltei à vida escrava. Caí na lida. Doer não doeu, mas que deu vontade de estapear alguém quando o despertador tocou, isso deu. Que vale é que a gente se acostuma com tudo na vida. Daqui há pouco já vou estar me levantando antes do alarme disparar. Até lá, começo o dia com a sensação de que estou perdendo tempo. Fico só correndo atrás do prejuízo até chegar a hora de deitar novamente.
Mas isso nem é o que pega mesmo. O que me deixa com ar de isaura é ter de voltar a carregar a tralha na bolsa. Crachá, carteira de motorista, agenda, canetas, canetas, canetas, caderneta de anotações (vai que eu penso alguma coisa!), chaves, chaves, radinho de pilha (huahuahua!!), escova de cabelo, espelho e tudo mais que cabe dentro de uma bolsa.
Minha amiga levava até uma lanterna, para ajudá-la a encontrar as coisas que ficavam perdidas dentro de sua bolsa. Ainda não cheguei a esse ponto, mas quando fiz o check-list, já na véspera de voltar ao trabalho, confesso que encontrei dentro da minha bolsa uma lista de presente de natal de 2004, um convite para exposição de fotografias no Museu Abílio Barreto, que aconteceu no início de 2005 e até um pedaço de placa de computador tinha lá dentro. Foi o Dani que me pediu para guardar, acho que no início do ano passado também, não sei pra quê. E eu guardei, né?
Da lista de tralhas tinha eliminado o celular. No final de 2004, um pivete quebrou o vidro do carro para tirar o aparelho que estava esquecido no banco de passageiro. Deu um prejuízo razoável e, pior, uma trabalheira do cão. Além de ter de procurar uma oficina para substituir o vidro quebrado, tive de fazer contato com a telefônica para cancelar o número do meu aparelho. O máximo que consegui, depois de idas e vindas num posto policial e numa das lojas da empresa, foi bloquear o número, mas até hoje continuo pagando R$ 12,50 por mês para manter o tal número. Já tentei de tudo para cancelar essa cobrança também, mas desisti.
Desde então decidi que não ia mais usar celular. Não ia comprar outro aparelho, para pivete me roubar. Boicote aos ladrões de celular! Mas querer não é poder, como diz o Rafa e, por isso, reinclui na lista de tralhas o celular sequestrado do Cláudio. Mas uso o telefone com muita parcimônia. Além de ter uma certa birra desse negócio, de qualquer pessoa me encontrar em qualquer lugar a qualquer hora do dia ou da noite, eu tenho medo de celular. Estou no grupo daqueles que acham que celular dá câncer na cabeça. Se usado sem disciplina, né? Também não sou tosca desse tanto.
Agora, tenho mais uma boa desculpa. Os ingleses, sempre eles, descobriram que celular vicia. Já estou penando para me livrar do único vício que alimento, o cigarro, não vou querer mais um, concorda? Então, olha só, a pesquisa foi conduzida pelo especialista em vício do Hospital Priory de Southampton, do Sul da Inglaterra, David Nott. Ele ouviu duas mil pessoas e 90% (!) delas disseram que não conseguiam deixar de consultar seu celular pelo menos uma vez por hora. Vichi! Eu não fumo um cigarro por hora! Nunca! Meu vício é bem mais light, são cinco ou seis por dia, no máximo!
Tô é boba! Eles não são viciados, são doidos! Também são ingleses, né? Quatro a cada cinco pessoas disseram que chegam a se sentir mal quando percebem que o celular está fora de alcance e que não poderão tê-lo em mão rapidamente. E como reagiriam se tivessem de ir para um fim de mundo, que por aqui fica sempre bem perto de nós, e o celular ficasse sem serviço? Piravam.
E tem mais. Para 60% dos entrevistados, perder o celular é pior do que perder a carteira ou as chaves de casa. As chaves de casa! Êita nóis! Nunca perdi as chaves de casa, mas se perdesse ficaria paranóica. E se um pivete as encontrasse e se descobrisse meu endereço e se entrasse na minha casa e se prendesse a minha família no banheiro e se e se e se....
Bom, desse vício estou livre. Só uso celular dos outros e, por isso, não crio dependência. Eu acho. Mas a matéria que noticiou essa pesquisa trouxe outra informação que enfraquece a minha posição. Pesquisa, também de uma universidade inglesa, demonstrou que não existe relação entre o uso de celular e o risco de tumor no cérebro. Ainda bem, né? De qualquer forma, vamos aguardar um próximo estudo, poderá trazer conclusões diferentes. Esses cientistas custam a entrar num acordo.
Ai, ai. Isso é que é falta de assunto, né? Desde que voltei para labuta, me deu um branco. Estou sentindo falta das pilhas de jornais velhos que mantinha no escritório. Dei tudo pro Lorivaldo, morador de rua e catador de papel que, toda manhã, passa aqui em casa para tomar café. Eu me alimentava de notícias velhas. O distanciamento crítico dos fatos me inspirava. Agora estou sem munição.
Estou meio paralisada também com essa história de dois blogs. Acho que não vou dar conta. Paro para pensar e lá vem a dúvida. Vou pensar para qual blog? Vou pensar isso ou aquilo? O que é mais urgente? São tantas perguntas que começam a pinicar minha cabeça que desisto e vou lavar prato, ver televisão, arrumar gaveta, assistir uma comédia para prevenir cardiopatias (rsrsrs), estudar mandarim, não fazer nada. Ai ai, acho que isso vai passar. Espero.
Pensamentos coloridos para todos.
Me liguem! Tenho medo de celular, mas falo no telefone direitinho e, às vezes, até gosto!
PS: Nesse final de semana acho que vou conseguir postar no Viajeiro. Já conversei com o Dani e com o Artur e estamos com um texto pronto na cabeça. Vou ver se passo pro papel! Depois para o word, depois para o blogger, depois pro blog e assim por diante.
Mas isso nem é o que pega mesmo. O que me deixa com ar de isaura é ter de voltar a carregar a tralha na bolsa. Crachá, carteira de motorista, agenda, canetas, canetas, canetas, caderneta de anotações (vai que eu penso alguma coisa!), chaves, chaves, radinho de pilha (huahuahua!!), escova de cabelo, espelho e tudo mais que cabe dentro de uma bolsa.
Minha amiga levava até uma lanterna, para ajudá-la a encontrar as coisas que ficavam perdidas dentro de sua bolsa. Ainda não cheguei a esse ponto, mas quando fiz o check-list, já na véspera de voltar ao trabalho, confesso que encontrei dentro da minha bolsa uma lista de presente de natal de 2004, um convite para exposição de fotografias no Museu Abílio Barreto, que aconteceu no início de 2005 e até um pedaço de placa de computador tinha lá dentro. Foi o Dani que me pediu para guardar, acho que no início do ano passado também, não sei pra quê. E eu guardei, né?
Da lista de tralhas tinha eliminado o celular. No final de 2004, um pivete quebrou o vidro do carro para tirar o aparelho que estava esquecido no banco de passageiro. Deu um prejuízo razoável e, pior, uma trabalheira do cão. Além de ter de procurar uma oficina para substituir o vidro quebrado, tive de fazer contato com a telefônica para cancelar o número do meu aparelho. O máximo que consegui, depois de idas e vindas num posto policial e numa das lojas da empresa, foi bloquear o número, mas até hoje continuo pagando R$ 12,50 por mês para manter o tal número. Já tentei de tudo para cancelar essa cobrança também, mas desisti.
Desde então decidi que não ia mais usar celular. Não ia comprar outro aparelho, para pivete me roubar. Boicote aos ladrões de celular! Mas querer não é poder, como diz o Rafa e, por isso, reinclui na lista de tralhas o celular sequestrado do Cláudio. Mas uso o telefone com muita parcimônia. Além de ter uma certa birra desse negócio, de qualquer pessoa me encontrar em qualquer lugar a qualquer hora do dia ou da noite, eu tenho medo de celular. Estou no grupo daqueles que acham que celular dá câncer na cabeça. Se usado sem disciplina, né? Também não sou tosca desse tanto.
Agora, tenho mais uma boa desculpa. Os ingleses, sempre eles, descobriram que celular vicia. Já estou penando para me livrar do único vício que alimento, o cigarro, não vou querer mais um, concorda? Então, olha só, a pesquisa foi conduzida pelo especialista em vício do Hospital Priory de Southampton, do Sul da Inglaterra, David Nott. Ele ouviu duas mil pessoas e 90% (!) delas disseram que não conseguiam deixar de consultar seu celular pelo menos uma vez por hora. Vichi! Eu não fumo um cigarro por hora! Nunca! Meu vício é bem mais light, são cinco ou seis por dia, no máximo!
Tô é boba! Eles não são viciados, são doidos! Também são ingleses, né? Quatro a cada cinco pessoas disseram que chegam a se sentir mal quando percebem que o celular está fora de alcance e que não poderão tê-lo em mão rapidamente. E como reagiriam se tivessem de ir para um fim de mundo, que por aqui fica sempre bem perto de nós, e o celular ficasse sem serviço? Piravam.
E tem mais. Para 60% dos entrevistados, perder o celular é pior do que perder a carteira ou as chaves de casa. As chaves de casa! Êita nóis! Nunca perdi as chaves de casa, mas se perdesse ficaria paranóica. E se um pivete as encontrasse e se descobrisse meu endereço e se entrasse na minha casa e se prendesse a minha família no banheiro e se e se e se....
Bom, desse vício estou livre. Só uso celular dos outros e, por isso, não crio dependência. Eu acho. Mas a matéria que noticiou essa pesquisa trouxe outra informação que enfraquece a minha posição. Pesquisa, também de uma universidade inglesa, demonstrou que não existe relação entre o uso de celular e o risco de tumor no cérebro. Ainda bem, né? De qualquer forma, vamos aguardar um próximo estudo, poderá trazer conclusões diferentes. Esses cientistas custam a entrar num acordo.
Ai, ai. Isso é que é falta de assunto, né? Desde que voltei para labuta, me deu um branco. Estou sentindo falta das pilhas de jornais velhos que mantinha no escritório. Dei tudo pro Lorivaldo, morador de rua e catador de papel que, toda manhã, passa aqui em casa para tomar café. Eu me alimentava de notícias velhas. O distanciamento crítico dos fatos me inspirava. Agora estou sem munição.
Estou meio paralisada também com essa história de dois blogs. Acho que não vou dar conta. Paro para pensar e lá vem a dúvida. Vou pensar para qual blog? Vou pensar isso ou aquilo? O que é mais urgente? São tantas perguntas que começam a pinicar minha cabeça que desisto e vou lavar prato, ver televisão, arrumar gaveta, assistir uma comédia para prevenir cardiopatias (rsrsrs), estudar mandarim, não fazer nada. Ai ai, acho que isso vai passar. Espero.
Pensamentos coloridos para todos.
Me liguem! Tenho medo de celular, mas falo no telefone direitinho e, às vezes, até gosto!
PS: Nesse final de semana acho que vou conseguir postar no Viajeiro. Já conversei com o Dani e com o Artur e estamos com um texto pronto na cabeça. Vou ver se passo pro papel! Depois para o word, depois para o blogger, depois pro blog e assim por diante.
sábado, janeiro 21, 2006
O armário de Evo Morales
Meninas, voltei! Mas ainda estou fora do ar. Nestes últimos dois dias estou por conta de fazer o que havia me prometido no final do ano passado: a limpa! Só que, até agora, consegui arrumar apenas um mísero armário e me desfazer de apenas duas ou três sacolas de inutilidades. Na maioria roupas, as quais não tenho o menor apego. Mas arrumar armário é mais do que esvaziá-lo de roupas que não nos servem mais. É uma tarefa árdua, silenciosa e, no mais das vezes, solitária. Exige paciência e, mais que tudo, desprendimento.
Mas é impossível revirar nossas lembranças de olhos fechados e jogar tudo fora como se fosse lixo. No máximo, o que consigo, a duras penas, é me desvencilhar, pouco a pouco, de alguns, apenas alguns objetos que encontro no fundo de gavetas ou prateleiras. Dentro de caixas que estão dentro de outras caixas, escondidas atrás de mais caixas, no alto do maleiro. Apenas alguns. Aqueles que já deletamos de nossas histórias.
E não sem antes avaliar cuidadosamente o seu real significado. É tarefa para mais de dias. Uma caixinha de fósforos fiat lux vazia! O que pode ser uma caixinha de fósforos embrulhada num papel fantasia verde, com um losango amarelo no meio e um pedaço de palito colado com durex num de seus lados? Heemm? Definitivamente não é uma caixinha vazia de fósforos. Seria óbvio demais.
Claro, né gente! Aquela caixinha é ninguém mais e ninguém menos que Taffarel! Pois então, o goleiro da seleção brasileira de 98, mais tarde escalado para também defender o gol de Rafadani, num campeonato de futebol de botões. Isso foi no aniversário de seis anos do Rafael. Tudo bem, o Rafadani nem teve um desempenho assim muito brilhante. Talvez, e talvez com certeza, nem tenha se classificado para as semifinais. Mas o time representava a civilização de Rafaenglalândia, que sobreviveu por longos cinco anos nas fantásticas viagens de Rafael.
Como vocês podem perceber, ele nunca se contentou com pouco. Toda criança tem um amigo invisível. É com ele que dividem seus medos, angústias e ansiedades, além das brincadeiras. Dani tinha o Leinad, que vivia atrás do espelho e um dia foi embora, escapando por um cano do esgoto. Rafael tinha uma civilização inteira. Com deuses, imperadores, guerreiros, inimigos, manifestações culturais próprias, além de fauna e flora bem caracterizadas. Tudo documentado em mapas, desenhos e histórias que estão bem guardadas em outro armário.
Portanto, aquela não era uma simples caixa de fósforos vazia, pronta para ir pro lixo. É patrimônio de Rafaenglalândia, que deve ser preservado junto com outros registros desta civilização, pois fazem parte da história verdadeira de Rafael. Aliás, é ele quem futuramente deverá decidir sobre o que vai ou não para o lixo. O que pode ou não escapar pelo cano do esgoto. Ou o que precisa ser guardado, para que ele se reconheça, quando já tiver mudado de fase. O que ficará, como se fosse uma carteira de identidade ou o seu passaporte para percorrer a longa estrada da vida.
Pelo menos é assim que eu penso. Por isso também guardo a minha caixa com um monte de clips enferrujados, rótulos de garrafas de cerveja, pedaços de frases escritas em guardanapos de papel, cacos de vidro coloridos, fitinhas, cartõezinhos, santinhos, recortes de jornais, bottons (Quero votar para presidente! - vocês se lembram? hehehe) e outras bugigangas que parecem lixo. Mas só parecem.
Então. Estava nessa missão ingrata, de deletar arquivos alheios, e sem querer me lembrei de Evo Morales. Sem querer, não. Fui provocada. No meio dessa mexida, encontrei uma boneca de pano, que meu irmão me daria se tivesse voltado de Cochabomba (com ó mesmo!). Uma boneca que deve ter sido feita por uma índia quíchua ou aimará. E ela me fez lembrar de muitas coisas, porque uma história puxa outra. Me fez lembrar inclusive de Evo Morales e sua chompa. A Folha de São Paulo, na última edição de sábado, dedicou quase uma página do jornal para comentar a chompa de Evo e falar de como essa blusa de lã está virando moda na Europa. Tinha coisa mais importante pra dizer, não é não? Mas, vá lá, moda também é cultura.
Aí, fiquei pensando que Evo Morales não deve ter usado a sua velha chompa listrada só de charme, para criar uma nova tendência nas coleções de inverno. Evo está é remexendo o armário que guarda a história do povo boliviano. A sua história. Está tirando de dentro das caixas, que se escondem dentro de outras caixas e de outras e de outras as lembranças, os sonhos, as esperanças, as histórias vividas e inventadas de 70% dos 9,2 milhões de bolivianos.
Filhos, netos, bisnetos, tetranetos de quíchuas e aimarás que, até ontem, inexistiam sob o domínio de uma minoria. Claro, minoria descendente de europeus-ibéricos brancos que ocuparam a região por volta do século XVI. Não é um novo tipo de preconceito, como diz Vargas Llosa. Isso é fato. Fazer o quê? Pensem bem, 70% de sobreviventes, que é o que são, também de fato, pois só vamos encontrá-los lá, abaixo da linha da pobreza, onde estão resistindo estes anos todos. Dá-lhe Almanaque Abril! (rsrsrs).
Evo está, portanto, remexendo sua história. São retalhos que, rejuntados e bem costurados, vão revelar a identidade do seu povo. Um povo que, solenemente, também nós fizemos questão de ignorar. Missão árdua essa! Terão de decidir sozinhos sobre o que vai ou não para o lixo, o que pode ou não escapar pelo cano do esgoto, o que deve ou não ser deletado. E o que precisa ser preservado, para que nele se reconheçam. É fácil?
Então, fiquei pensando que Evo Morales não está mesmo fazendo moda. Isto está claro que não. O que ele está buscando é construir um sentido coletivo de futuro para 70% dos bolivianos, como diria Bernardo Toro. Um sentido que ajude esse povo tornar-se uma nação para não continuar sendo meramente um território habitado.
Uma chompa listrada bem quentinha pra vocês. Ainda devemos ter muitos invernos pela frente. Temo que sim.
PS: Meninas, adorei a visita. Vou postar novas fotos um dia desses. Tenho uma série só de pôr do sol (rsrsrs). Maick, fui lá no opastrame conferir. Adorei! Aproveitei para pôr a leitura em dia. Foi uma tarde inteira. Valeu! Todos, estamos terminando de montar a equipe do novo blog. Queria que estivesse pronta para amanhã, mas não será possível. De qualquer forma, aguardem-nos!
Mas é impossível revirar nossas lembranças de olhos fechados e jogar tudo fora como se fosse lixo. No máximo, o que consigo, a duras penas, é me desvencilhar, pouco a pouco, de alguns, apenas alguns objetos que encontro no fundo de gavetas ou prateleiras. Dentro de caixas que estão dentro de outras caixas, escondidas atrás de mais caixas, no alto do maleiro. Apenas alguns. Aqueles que já deletamos de nossas histórias.
E não sem antes avaliar cuidadosamente o seu real significado. É tarefa para mais de dias. Uma caixinha de fósforos fiat lux vazia! O que pode ser uma caixinha de fósforos embrulhada num papel fantasia verde, com um losango amarelo no meio e um pedaço de palito colado com durex num de seus lados? Heemm? Definitivamente não é uma caixinha vazia de fósforos. Seria óbvio demais.
Claro, né gente! Aquela caixinha é ninguém mais e ninguém menos que Taffarel! Pois então, o goleiro da seleção brasileira de 98, mais tarde escalado para também defender o gol de Rafadani, num campeonato de futebol de botões. Isso foi no aniversário de seis anos do Rafael. Tudo bem, o Rafadani nem teve um desempenho assim muito brilhante. Talvez, e talvez com certeza, nem tenha se classificado para as semifinais. Mas o time representava a civilização de Rafaenglalândia, que sobreviveu por longos cinco anos nas fantásticas viagens de Rafael.
Como vocês podem perceber, ele nunca se contentou com pouco. Toda criança tem um amigo invisível. É com ele que dividem seus medos, angústias e ansiedades, além das brincadeiras. Dani tinha o Leinad, que vivia atrás do espelho e um dia foi embora, escapando por um cano do esgoto. Rafael tinha uma civilização inteira. Com deuses, imperadores, guerreiros, inimigos, manifestações culturais próprias, além de fauna e flora bem caracterizadas. Tudo documentado em mapas, desenhos e histórias que estão bem guardadas em outro armário.
Portanto, aquela não era uma simples caixa de fósforos vazia, pronta para ir pro lixo. É patrimônio de Rafaenglalândia, que deve ser preservado junto com outros registros desta civilização, pois fazem parte da história verdadeira de Rafael. Aliás, é ele quem futuramente deverá decidir sobre o que vai ou não para o lixo. O que pode ou não escapar pelo cano do esgoto. Ou o que precisa ser guardado, para que ele se reconheça, quando já tiver mudado de fase. O que ficará, como se fosse uma carteira de identidade ou o seu passaporte para percorrer a longa estrada da vida.
Pelo menos é assim que eu penso. Por isso também guardo a minha caixa com um monte de clips enferrujados, rótulos de garrafas de cerveja, pedaços de frases escritas em guardanapos de papel, cacos de vidro coloridos, fitinhas, cartõezinhos, santinhos, recortes de jornais, bottons (Quero votar para presidente! - vocês se lembram? hehehe) e outras bugigangas que parecem lixo. Mas só parecem.
Então. Estava nessa missão ingrata, de deletar arquivos alheios, e sem querer me lembrei de Evo Morales. Sem querer, não. Fui provocada. No meio dessa mexida, encontrei uma boneca de pano, que meu irmão me daria se tivesse voltado de Cochabomba (com ó mesmo!). Uma boneca que deve ter sido feita por uma índia quíchua ou aimará. E ela me fez lembrar de muitas coisas, porque uma história puxa outra. Me fez lembrar inclusive de Evo Morales e sua chompa. A Folha de São Paulo, na última edição de sábado, dedicou quase uma página do jornal para comentar a chompa de Evo e falar de como essa blusa de lã está virando moda na Europa. Tinha coisa mais importante pra dizer, não é não? Mas, vá lá, moda também é cultura.
Aí, fiquei pensando que Evo Morales não deve ter usado a sua velha chompa listrada só de charme, para criar uma nova tendência nas coleções de inverno. Evo está é remexendo o armário que guarda a história do povo boliviano. A sua história. Está tirando de dentro das caixas, que se escondem dentro de outras caixas e de outras e de outras as lembranças, os sonhos, as esperanças, as histórias vividas e inventadas de 70% dos 9,2 milhões de bolivianos.
Filhos, netos, bisnetos, tetranetos de quíchuas e aimarás que, até ontem, inexistiam sob o domínio de uma minoria. Claro, minoria descendente de europeus-ibéricos brancos que ocuparam a região por volta do século XVI. Não é um novo tipo de preconceito, como diz Vargas Llosa. Isso é fato. Fazer o quê? Pensem bem, 70% de sobreviventes, que é o que são, também de fato, pois só vamos encontrá-los lá, abaixo da linha da pobreza, onde estão resistindo estes anos todos. Dá-lhe Almanaque Abril! (rsrsrs).
Evo está, portanto, remexendo sua história. São retalhos que, rejuntados e bem costurados, vão revelar a identidade do seu povo. Um povo que, solenemente, também nós fizemos questão de ignorar. Missão árdua essa! Terão de decidir sozinhos sobre o que vai ou não para o lixo, o que pode ou não escapar pelo cano do esgoto, o que deve ou não ser deletado. E o que precisa ser preservado, para que nele se reconheçam. É fácil?
Então, fiquei pensando que Evo Morales não está mesmo fazendo moda. Isto está claro que não. O que ele está buscando é construir um sentido coletivo de futuro para 70% dos bolivianos, como diria Bernardo Toro. Um sentido que ajude esse povo tornar-se uma nação para não continuar sendo meramente um território habitado.
Uma chompa listrada bem quentinha pra vocês. Ainda devemos ter muitos invernos pela frente. Temo que sim.
PS: Meninas, adorei a visita. Vou postar novas fotos um dia desses. Tenho uma série só de pôr do sol (rsrsrs). Maick, fui lá no opastrame conferir. Adorei! Aproveitei para pôr a leitura em dia. Foi uma tarde inteira. Valeu! Todos, estamos terminando de montar a equipe do novo blog. Queria que estivesse pronta para amanhã, mas não será possível. De qualquer forma, aguardem-nos!
terça-feira, janeiro 10, 2006
Fotoblog
Ainda das areias escaldantes da costa brasileira. Daqui de onde nem penso. Só olho, com meus olhos e com os olhos da sony cyber shot do Daniel. Pesquei alguns instantes de luz, de sol e de mar. Olha só!
Aprecie. Com moderação (rsrsrs!)
Ano Um chegou!
Foto: Tira a mão que são minhas!
A brisa do mar, para variar...
Foto: minha ainda.
Meu tempo está acabando. Só mais uma, para encerrar.
O sol indo embora.
Foto: Minha também.
O pôr do sol. Já estou quase me cansando de, todo os dias, parar para ver o sol se pôr, na beira do mar. Ai ai, que vida difícil, hem?
O computador está dando pau. Amanhã volto para arrumar.
Um vento salgado e um calor de sol para todos.
Aprecie. Com moderação (rsrsrs!)
Ano Um chegou!
Foto: Tira a mão que são minhas!
O dia chegando de mansinho...
Foto: Minha também
A brisa do mar, para variar...
Foto: minha ainda.
Meu tempo está acabando. Só mais uma, para encerrar.
O sol indo embora.
Foto: Minha também.
O pôr do sol. Já estou quase me cansando de, todo os dias, parar para ver o sol se pôr, na beira do mar. Ai ai, que vida difícil, hem?
O computador está dando pau. Amanhã volto para arrumar.
Um vento salgado e um calor de sol para todos.
sábado, janeiro 07, 2006
Babel ambulante
E nisso já estamos em pleno 2006. Ói procê vê! E ainda das terras litorâneas. Daqui, de onde tentamos tapiar o tempo. Se ainda fosse possível. Não é mais. O delírio ambulante dos adolescentes divide as horas num ritmo alucinante. Eles chegam e vão e voltam e tornam a vazar o tempo todo.
Estão por aqui e querem ir logo ali, onde o mar tem mais onda. Estão por lá e querem vir pra cá, onde o mar é mais azul. Estão por perto e já estão saindo, porque essa noite vão bombar até amanhã. Estão no meio da muvuca e querem distância. Principalmente das xícaras e panelas que batem na pia. Querem sossego para não despertarem do tédio aborrecente que alimenta suas almas de rebeldes sem causa. E vai acompanhar essa turma!
Nisso, o dia passa num estalar de dedos. Nisso, bate uma onda e afunda meus pés na areia. Me deixo parar onde estou. E, enquanto fico, escuto vozes que caminham pelo vento. Sopra um brother, depois um hermano e voam consoantes indecifráveis e is e us que também não localizo de onde. Cruzes! Deve ser o tal do mundo globalizado. Ou o delírio ambulante virou epidemia e contagiou todos nós. E vão que vão!
Nisso, três pirralhos nativos despencam na água e esparramam onda pra tudo quanto é lado. Argh! Definitivamente, argh! Não vou me esforçar pra pensar.
Nisso, bate um vento contra o mar. Escuto um zezinho berrando bonés da Copa! Prefiro camarões à dorê! Brasil já virou hexa no marketing apressado do vendedor descalço. Merecer até que merece, né? Mas prefiro esperar pra torcer. Cê bobo? O Brasil vai à luta com a legião estrangeira. Vai que na hora do vamuvê a turma não se entrosa? Hem?
Não estou agourando, só exercitando 50% da minha desconfiança. Já faz tempo que os jogadores brasileiros foram atacados pelo delírio ambulante. Estão espalhados por todo canto do planeta. Se hoje você for na Moldávia, vai encontrar alguém falando português por lá. Se for no Cazaquistão, vai trombar com um mano desses também. Na Estônia, fácil, fácil. Omã idem e por aí afora tudo, até onde sua vista desejar. São milhares com o pé na estrada. No ano passado, saíram 878 atletas para tentar à sorte nesse mundão. Em 2004, 857. É só ir somando.
Mas nisso, de repente, eles têm de estar juntos de novo, como nos velhos tempos. Todos no mesmo lado do campo. E vai que eles não se reconheçam mais? Bobagem. É o que passa pela minha cabeça nesse agorinha mesmo.
Nisso, bate outra onda e solta meus pés. Saio andando e pensando. Como Leminsk. No andar. Não no pensar, que sei dos meus limites. Prinicpalmente na areia. E penso que não vai ser por falta de time que vamos deixar de torcer nessa Copa. Se a seleção internacional brasileira não der conta do recado, teremos pelo menos mais quatro ou cinco motivos para continuar ali, na labuta.
Acho que foi isso que ouvi na CBN dia desses. Agora, além de jogadores, exportamos técnicos também. Quatro ou cinco deles estarão dirigindo seleções adversárias nessa Copa de 2006. Tô me lembrando do Japão, de Portugal e de Costa Rica. Mas tem mais. Tá tudo dominado. Pode dar Brasil de um jeito ou de outro.
Na arquibancada, com certeza. Lá já somos vice antes de entrarmos em campo. Li outro dia, não sei onde, que o português é a segunda língua da Copa. Em primeiro, claro, está o inglês, com 378,5 milhões de torcedores. Isso muito por conta dos EUA. Eles bem que estão se esforçando pra entrar nesse mercado. Daniel já perdeu três colegas de sala por culpa desse esforço. Eles ganharam uma bolsa do Colégio Americano só porque são bons de bola. Dá pra nós? E lá a mensalidade é equivalente à renda de uma família de classe média. Média média ou baixa, não entendo o IBGE, mas média.Tudo bem, eles podem ganhar o torneio interescolar, mas a Copa, péra lá, né?
Então, se excluíssemos dessa panelinha os EUA, o português assumiria uma liderança inquestionável. Somos 205,9 milhões de torcedores fanáticos, gritando gol, gol, gol, gol!, golo, golo, golo! ou teto, teto, teto!, dependendo do sotaque.
Nisso, fui pensando, poderíamos melhorar ainda mais nossa performance, se incluíssemos o portunhol nessa babel esportiva. Ainda preferimos ficar de frente pro mar, esperando os velhos e mesmos descobridores predadores. Mas, desconfiados, já estamos olhando também pras montanhas. E se abrirmos as porteiras para a América Latina, o portunhol ganharia status de dialeto rapidim. Só está faltando uma forcinha, né? Aí seríamos 410 milhões redondos de torcedores gritando: gôle! gôle! gôle! Quê dyo espero sedjam todos do Brazili, cierto? hehehe.
Nisso, pensei bem, vou é pegar o meu boné da Copa já de uma vez.
Saudações verde-amarela e respingos de sol para todos!
Estão por aqui e querem ir logo ali, onde o mar tem mais onda. Estão por lá e querem vir pra cá, onde o mar é mais azul. Estão por perto e já estão saindo, porque essa noite vão bombar até amanhã. Estão no meio da muvuca e querem distância. Principalmente das xícaras e panelas que batem na pia. Querem sossego para não despertarem do tédio aborrecente que alimenta suas almas de rebeldes sem causa. E vai acompanhar essa turma!
Nisso, o dia passa num estalar de dedos. Nisso, bate uma onda e afunda meus pés na areia. Me deixo parar onde estou. E, enquanto fico, escuto vozes que caminham pelo vento. Sopra um brother, depois um hermano e voam consoantes indecifráveis e is e us que também não localizo de onde. Cruzes! Deve ser o tal do mundo globalizado. Ou o delírio ambulante virou epidemia e contagiou todos nós. E vão que vão!
Nisso, três pirralhos nativos despencam na água e esparramam onda pra tudo quanto é lado. Argh! Definitivamente, argh! Não vou me esforçar pra pensar.
Nisso, bate um vento contra o mar. Escuto um zezinho berrando bonés da Copa! Prefiro camarões à dorê! Brasil já virou hexa no marketing apressado do vendedor descalço. Merecer até que merece, né? Mas prefiro esperar pra torcer. Cê bobo? O Brasil vai à luta com a legião estrangeira. Vai que na hora do vamuvê a turma não se entrosa? Hem?
Não estou agourando, só exercitando 50% da minha desconfiança. Já faz tempo que os jogadores brasileiros foram atacados pelo delírio ambulante. Estão espalhados por todo canto do planeta. Se hoje você for na Moldávia, vai encontrar alguém falando português por lá. Se for no Cazaquistão, vai trombar com um mano desses também. Na Estônia, fácil, fácil. Omã idem e por aí afora tudo, até onde sua vista desejar. São milhares com o pé na estrada. No ano passado, saíram 878 atletas para tentar à sorte nesse mundão. Em 2004, 857. É só ir somando.
Mas nisso, de repente, eles têm de estar juntos de novo, como nos velhos tempos. Todos no mesmo lado do campo. E vai que eles não se reconheçam mais? Bobagem. É o que passa pela minha cabeça nesse agorinha mesmo.
Nisso, bate outra onda e solta meus pés. Saio andando e pensando. Como Leminsk. No andar. Não no pensar, que sei dos meus limites. Prinicpalmente na areia. E penso que não vai ser por falta de time que vamos deixar de torcer nessa Copa. Se a seleção internacional brasileira não der conta do recado, teremos pelo menos mais quatro ou cinco motivos para continuar ali, na labuta.
Acho que foi isso que ouvi na CBN dia desses. Agora, além de jogadores, exportamos técnicos também. Quatro ou cinco deles estarão dirigindo seleções adversárias nessa Copa de 2006. Tô me lembrando do Japão, de Portugal e de Costa Rica. Mas tem mais. Tá tudo dominado. Pode dar Brasil de um jeito ou de outro.
Na arquibancada, com certeza. Lá já somos vice antes de entrarmos em campo. Li outro dia, não sei onde, que o português é a segunda língua da Copa. Em primeiro, claro, está o inglês, com 378,5 milhões de torcedores. Isso muito por conta dos EUA. Eles bem que estão se esforçando pra entrar nesse mercado. Daniel já perdeu três colegas de sala por culpa desse esforço. Eles ganharam uma bolsa do Colégio Americano só porque são bons de bola. Dá pra nós? E lá a mensalidade é equivalente à renda de uma família de classe média. Média média ou baixa, não entendo o IBGE, mas média.Tudo bem, eles podem ganhar o torneio interescolar, mas a Copa, péra lá, né?
Então, se excluíssemos dessa panelinha os EUA, o português assumiria uma liderança inquestionável. Somos 205,9 milhões de torcedores fanáticos, gritando gol, gol, gol, gol!, golo, golo, golo! ou teto, teto, teto!, dependendo do sotaque.
Nisso, fui pensando, poderíamos melhorar ainda mais nossa performance, se incluíssemos o portunhol nessa babel esportiva. Ainda preferimos ficar de frente pro mar, esperando os velhos e mesmos descobridores predadores. Mas, desconfiados, já estamos olhando também pras montanhas. E se abrirmos as porteiras para a América Latina, o portunhol ganharia status de dialeto rapidim. Só está faltando uma forcinha, né? Aí seríamos 410 milhões redondos de torcedores gritando: gôle! gôle! gôle! Quê dyo espero sedjam todos do Brazili, cierto? hehehe.
Nisso, pensei bem, vou é pegar o meu boné da Copa já de uma vez.
Saudações verde-amarela e respingos de sol para todos!
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