segunda-feira, fevereiro 11, 2008

O dono do pedaço

Bem que queria, mas vai ficar só na vontade. Como desde sempre, teremos de nos contentar em apenas acompanhar de longe as eleições para a presidência dos Estados Unidos. É uma injustiça, porque, seja quem for o candidato escolhido, suas decisões irão influir na vida de todos nós. Mas um dia chegaremos lá. Isso se antes não der de acontecer do poder do império desmoronar. E esse cenário não está muito distante assim. O mais provável, então, é que ficaremos sempre só na vontade mesmo.

Mas se não podemos votar, pelos menos já podemos dar pitaco sobre a acirrada disputa entre Hillary e Obama e todos os demais, no round final das eleições americanas. Pelo menos é isso que entendi do post que o Yuri publicou no seu blog. Nunca lamentei tanto não ter me esforçado um pouco mais para aprender inglês na época em que todo mundo aprendeu. Agora é tarde demais, estou ocupada com outros afazeres. Segundo Yuri, a Global Voices, em parceria com a Reuters está propondo um diálogo global sobre as eleições nos Estados Unidos. O projeto se chama Vozes sem Votos (Voices Without Votes), e vai mobilizar os não-eleitores de todo o mundo, passando pelo Oriente Médio, Ásia, África, América do Sul e Europa Oriental, inclusive.

Vou ficar de fora outra vez. Essas restrições tiraram muito do meu entusiasmo para acompanhar as eleições americanas. Estou preferindo me recolher às leituras de Mia Couto, Patrícia Reis, Agualusa e assim por diante. E está bom desse jeito. Mas fico pesarosa de não poder dar uma mãozinha a Hillary, porque ela está num sufoco danado. Desconfio, que sua candidatura vai amarelar. Os americanos ainda não estão preparados para eleger uma mulher. Essa é a verdade, por mais paradoxal que possa parecer. Podem até nos surpreender no minuto final, mas fico cismada que não.

Fico tentada, mas não sou besta a esse ponto. Não vou dizer que a sociedade americana é machista, porque não é. Ou, pelo menos não na mesma intensidade das nossas abaixo do Equador. Mas seu perfil é fortemente masculino. Desconfio que eles se vêem como a sociedade provedora do mundo, protetora de todas as famílias de todas as raças, que se encontram sob a ameaça de cruéis dominadores. Pensam ser responsáveis pela guarda, preservação e controle de toda a riqueza do planeta, referência para todos quanto aos valores sublimes da vida. E, principalmente, não se acanham de assumir o papel de donos do destino de todos nós. Enfim, se vêem como se fossem o homem da casa. Como nos velhos tempos de Malboro.

Os dois mandatos de bush, aquele, só serviram para fortalecer ainda mais essa fantasia. Como se não bastasse uma visão masculina do papel que desempenham no mundo, bush desencadeou um processo radical de militarização da sociedade americana fora dos campos de batalha, mas, principalmente, nas coisas miúdas da vida. Posso estar redondamente equivocada, mas é assim que percebo o crescimento de Obama e o desamparo de Hillary nas últimas semanas, mesmo estando ainda à frente do seu parceiro de partido. Temo que os americanos não estejam se deixando levar apenas pelo poder de convencimento de Obama que, dizem, tem um discurso extremamente arrebatador. Nem fazem uma escolha entre o melhor e o pior. Estão apenas reafirmando sua natureza masculina.

Não vou dizer também que Hillary seria a única garantia de uma mudança no jeito americano de governar o mundo. Não necessariamente. Margareth, a Tatcher, é o exemplo de que não basta ser mulher, para ter esse jeito especial de governar. Nem sempre. Mas Hillary traz essa possibilidade, que não vejo em Obama. Pelo contrário, vejo nele, cada vez mais, menos dessa possibilidade. Espero estar enganada. Mas do fundo da minha ignorância e da precariedade de informações que faço questão de manter, com a preciosa ajuda da nossa mídia tupiniquim, é assim que percebo.

Uma semana com muitos quereres e novos fazeres para todos.

Inté, quando for possível. Sempre.

4 comentários:

Anônimo disse...

Não entendi porque Hillary seria melhor que Obama. Ser mulher simplesmente não a faz melhor. O que a faz rejeitar Obama?

patricia duarte disse...

Rsrsrs..Não tenho nada de especial contra Obama. Nem conheço ele! Também não conheço Hillary, mas sou mais simpática a ela pela possibilidade que ela representa. Porque, se quiser, com mais naturalidade, ela poderá se dedicar mais a cuidar do que a conquistar o mundo. Mas estou completamente desinformada sobre os dois candidatos. Se tivesse mesmo de votar, teria de correr atrás. Procurar saber quem são os financiadores de suas campanhas, quais os pontos mais delicados dos programas de governo de cada um e assim por diante. Mas já que não voto, tô só observando. Mas, no cá pra nós, o Obama está me parecendo muito produto de marketing político. Tomara que esteja enganada, pois ele está explodindo, né?

Anônimo disse...

hehehe
circula nos E.U.A a seguinte comparação. Obama seria um Mac e a Hillary um Windows..
Como estudei um pouquinho de Comunicação e Política, o que vejo é que a Hillary,essa sim, é um produto de mkt, muito maior do que o Obama, que usa alternativas (internet, por exemplo) para realizar sua campanha, tanto que se dependesse dos internautas ele já estaria eleito.
Por fim, é uma disputa interessante: mulher x negro...esse é o pano de fundo das eleições por lá.

patricia duarte disse...

ãnhan! vc está com Obama,hem? Já vi tudo. Mas vc tem razão qto a Hillary. E hoje é difícil achar um candidato que não tenha uma super-equipe de marqueteiros nos bastidores. Ainda mais onde, né? Também concordo que Obama é mais ligado, tá por dentro da linguagem dos jovens que, me parece, é o seu grande eleitorado. Isso não é uma estratégia de marketing? Também concordo com vc, que será uma disputa muito interessante. Já estou até começando a ficar animada. rsrsrs. Vamos ver, né? abs.