sábado, agosto 11, 2007

Não creio em bush, mas que ele existe, existe!

Hora de bagunçar a cena. De por as informações em desordem. De espalhar os fatos sobre um tapete verde e depois sacudi-los na janela do mundo. O feng shui nos aconselha a não guardar notícia velha, especialmente as ruins, porque provocam reumatismo. Melhor soltá-las ao vento. Deixá-las flutuar sobre a cidade até que peguem uma corrente. Deixá-las subir até o topo de uma montanha para depois escorregar até o mar e por lá ficar. Bem fundo, no fundo mais fundo das águas do oceano.

Vi o bush, aquele que nunca assinou o tratado de Kioto. Agora quer patrocinar um acordão para vender tecnologia limpa aos países emergentes. Negócios, apenas negócios. Queria que alguém me respondesse qual o impacto da guerra no aquecimento global. Qual o impacto da explosão de um carro bomba, no centro de Bagdá, sobre a qualidade do ar. E de dez? E de cem? E de mil? Quantas bombas serão necessárias para levantar uma nuvem de poeira, contaminada por milhões de partículas envenenadas? Quantas árvores bush terá que plantar para compensar os estragos que está fazendo no Iraque? Mil? Cem mil? Uma floresta amazônica? bush não toma conhecimento disso, está ocupado agora em acalmar os investidores. Foi à TV para dizer ao mundo que está no comando, que podemos dormir em paz.

Quem leva bush a sério? Pelo visto, nem os mercados. Continuaram rolando ladeira abaixo. William Gann, o maior especulador da Bolsa de Nova Iorque do início do século passado, dizia que o mercado é movido por duas forças: o medo e a ganância. A gula voraz dos especuladores já conhecemos. O medo é o pesadelo que os atormenta nesta noite. Se tentarem fugir, quanto mais rápido correrem, mais intensa será a crise. Se fingirem de morto, ela virá em passos lentos, mas nem por isso menos avassaladora. Se tomarem de coragem e decidirem enfrentar o medo, o risco é nitroglicerina pura. O beco é sem saída.

Quem leva bush a sério? Pelo visto, nem ele mesmo. Ou será que é bush quem não nos leva a sério e vice-versa? Recapitulando: em março de 2003, contrariando o parecer do Conselho de Segurança da ONU, bush e seus asseclas invadiram o Iraque, com a desculpa esfarrapada de que precisavam investigar o arsenal de armas de destruição em massa que seria mantido por Saddam Hussein. Ninguém acreditou, mas não teve importância. Eles invadiram assim mesmo.

Passaram-se quatro anos. O saldo da brincadeira: US$ 300 bilhões do Tesouro americano jogados no lixo da história, isso considerando as estimativas mais contidas. 50 mil civis e cerca de 2 mil soldados com uniformes americanos, todos mortos. Onde estão as mães desses meninos fardados? Provavelmente, não nos Estados Unidos, mas espalhadas mundo afora, especialmente, nos países excluídos do mapa, pois não conseguimos nem ouvir o choro dessas mulheres. Nem delas, nem das mães iraquianas. O Iraque também não existe mais, mas, paradoxalmente, permanece de pé.

bush e sua turma armaram uma grande confusão, disseminaram a discórdia, espalharam o medo e o horror, o mais medonho de todos, e, agora, cansaram! Querem ir pra casa. Como? Simples. Chamaram a ONU de volta e deram a ela a nobre missão de por ordem na casa: reconciliar os grupos rivais no país e angariar apoio dos vizinhos, leia-se Irã, para ajudá-la a lidar com a crise humanitária que eles mesmo instalaram na região. E ainda tiveram o desplante de dizer, olhando nos olhos, que a ONU deveria assumir um papel mais determinante para trazer paz ao Iraque. Sacaram? Ontem mesmo, sexta-feira, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas já tinha aprovado, por unanimidade, a resolução que determina a expansão do papel da instituição no Iraque. Entrou num beco sem saída.

Mas essas são todas notícias velhas. Já estão correndo no vento e se não foram fisgadas por um galho de árvore, devem estar chegando no topo de uma montanha e logo logo deságuam no mar.

Bons sonhos e um fim de semana iluminado por Santa Ignorância.

Inté.

3 comentários:

Anônimo disse...

Respeito os princípios norte-americanos, fundamentados pela educação religiosa protestante, mas os texanos...

Bom, uma coisa é fazer negócios. Creio que fazer negócios sempre pode ser bom, o mundo é assim desde que nos damos por Homo Sapiens, agora Homus Economicus. O problema é a forma como se faz, por isso que não considero texanos os melhores homens de negócios do mundo. :D

Beijos!

Lais Mouriê disse...

Adorei bush em letras minúsculas!!!
hahahahaha

Bjos querida!

Anônimo disse...

Ei Patrícia,
aquele dia nem deu pra parar pq tava "correndo" então resolvi vê se vc tbm tinha um blog e descobri que sim. Então vim te ler e gostei muito. Se me dá licença eu coloquei o link dele no meu blog...espero que dê pois eu já pus, rs.
Aaaamo escrever, assim, sem grandes pretensões ou seguindo "linhas". Gosto de escrever o q me vem na telha, um dia contos, outro dia projetos de poemas ou crônicas...me parece q vc tbm é assim, escreve o q vem na cabeça...GOSTEI!
Um bj procê e até mais