sábado, janeiro 03, 2009

Férias coletivas


Pronto. Podemos mudar de assunto. Mesmo porque, 2008 ainda não acabou. Tenho uma cesta de pendências me aguardando no gmail. Só depois de resolvê-las estarei pronta para iniciar o próximo ano. Mas não vou pensar nisso agora. Vou deixar para segunda-feira, porque hoje é sábado e, apesar de tudo, já estou de férias. Eu e os principais líderes políticos do planeta e toda a diplomacia internacional. Só as tropas israelenses e os soldados do Hamas não descansam. Estão na luta e não estão de brincadeira.

Não sei quem tem razão nessa confusão toda, se é que é possível alguém ter razão. Há tempos desisti de querer entender as sutilezas desse conflito, porque, às vezes, me parece, essa é a única coisa que eles sabem mesmo fazer: guerrear. Mas seja lá quem for que estiver com a razão nesse episódio, o fato é que já está suficientemente comprovado que os combates não são o melhor caminho para resolver os impasses que dominam esse pequeno pedaço do nosso planeta. E muito menos uma intervenção militar de terceiros, mesmo que com a intenção de restabelecer um cessar-fogo na região.

Tendo mais a concordar com o meu caçula, que não é diplomata, mas tem bom senso. Para ele, não se apaga o fogo ateando mais lenha na fogueira. Se é que nossos líderes, se são, estão de fato querendo fazer alguma coisa para chamar na responsabilidade os chefes de governo de Israel e do grupo de resistência islâmica Hamas, o caminho é outro. Não sei exatamente qual, mas deve haver alternativas. Já por mais nada, esses líderes continuam apoiando um boicote econômico de mais de 40 anos contra uma ilha perdida no meio do Atlântico, que não ameaça ninguém e nem sobrevive no meio de um campo de batalhas. Pelo contrário, ainda que na míngua, conseguiu nesses 40 anos construir um projeto de nação e garantir saúde e educação para o seu povo. Um projeto que tem seus defeitos, mas tem também seus méritos que hoje me parecem bem maiores que os primeiros.

Então, se é que nossos líderes, se são, querem de fato colocar ordem nessa balbúrdia, devem intervir com sensatez. Ao invés de enviar tropas para uma região já plenamente militarizada, explosiva e desde sempre permanentemente em regime de combate, imponham aos belicosos uma ação simbólica, mas firme, dura e eficiente. Que declarem um boicote econômico a Israel até que sejam retomadas as negociações e o cessar-fogo. Não sei se uma medida dessas poderá afetar um país como Israel, que tem uma economia bem desenvolvida. Mas seja como for, Israel é também dependente de alguns produtos, como grãos, carnes e petróleo e precisa tanto do mercado quanto nós, para comercializar seus produtos.

Já no campo de batalha, terá pouco efeito. A Faixa de Gaza é uma região paupérrima. Praticamente não tem indústrias e sofre uma escassez crônica de água e de qualquer tipo de combustível. Com uma população de pouco mais de 1,5 milhão de habitantes, ainda assim é uma das regiões mais densamente povoadas do planeta. Mas metade de seus habitantes vive abaixo da linha da pobreza e pelo menos 45% da sua população ativa está desempregada. Enfim, um boicote econômico seria absolutamente inócuo, para quem já vive na miséria absoluta. Um boicote militar poderia surtir mais efeito. Afinal, quem abastece militarmente a região? Quem fornece armas e munição para o Hamas?

Posso estar variando, mas minha indignação é ainda mais delirante. Se fosse me guiar por ela, proporia aqui a imediata e completa desocupação da região, por um período não inferior a 10 anos ou até que surgisse um entendimento qualquer sobre os destinos de Gaza, devolvendo a vida àquele território de pouco mais de 300 quilômetros quadrados de terra, de forma ordenada e pacífica. Mas me contenho. Só não me calo, como alguns. Como o próximo, que irá substituir aquele. Enfim, assim rasteja a humanidade.

Inté 2009, quando for possível.
Foto: pescada na internet.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ontem comprei uma romã por dez reais. Passado o choque e lendo suas considerações, penso que posso estar contribuindo para essa guerra, além da minha ruína (ressalte-se que foi pra fazer a simpatia de Melquior, Gaspar e Baltazar que não deixam nosso dinheiro faltar). Se penso na borboleta que se abana aqui e provoca um tufão no oriente, aí não tenho dúvidas. Estou financiando a matança. Inda mais que a romã tem origem praquelas bandas de lá. Dizem. De início o boicote me pareceu uma medida eficiente, mas depois fiquei... pensando... boicote é ruim por natureza, é um gesto sem orgulho, meio mesquinho. Vamos ver se Israel perde um pouco da empáfia com a entrada de Barack. Não vai dar pra ele se manter sempre calado.