Quem vai querer?
Fora da TV e do rádio, a crise parece ainda maior. Os portugueses, já sabia disso, são chorões por natureza. Eles mesmos admitem. Preferem reclamar antecipadamente a ter de pagar um mico mais tarde. Faz parte da cultura, do jeito de ser português. Mas agora não é só um estado de espírito. Reclamam de coisas concretas. Queixam-se da falta de emprego, da falta de oportunidade e da incapacidade do país de oferecer aos seus cidadãos um nível de vida melhor, equivalente àquele dos demais países da União Européia. Nem pedem muito. A referência é a Espanha. Lá, o salário mínimo já é o dobro do de Portugal. Queixam-se do fechamento de fábricas e da redução das atividades comerciais e de prestação de serviço. É um quadro recessivo que vem se formando de cinco anos para cá, mas ninguém sabe direito o porquê. Alguns atribuem à políticas públicas mal conduzidas e à corrupção, mas não entram em detalhes.
Duas amigas que deixei em Portugal.
Depois volto para colocar a conversa em dia
Em Sortelha, encontrei duas portuguesinhas muito especiais: Felismina e Encarnação. Já viveram muitas histórias, mas repetiram a mesma ladainha: nunca viram Portugal numa situação como a atual. Ficaram com os olhinhos brilhando quando disse a elas que trabalhava. Ficaram encantadas com esse fato e concordaram que o Brasil é um país abençoado. Não sei se me acharam muito incompetente para ser capaz de arrumar um emprego e daí o espanto ou se ficaram mesmo admiradas do mercado, num período de escassez, dar oportunidade para mulheres. Enfim, vai saber o que se passa na cabeça dessas meninas, mas elas concordam: a crise portuguesa foi provocada por políticas mal concebidas. Veja só, não podemos mais criar ovelhas, não podemos mais fabricar nosso pão, não podemos plantar, não podemos nada. Só ficar aqui, fazendo essas cestinhas de brecejo, que ninguém compra. Depois dessa, claro, comprei dois cestinhos de lembrança. Adorei as duas.
Mas seja qual for a crise que Portugal enfrenta, se versão 2.0 ou versão 2.8, o fato é que o país não transparece, para quem o visita, toda essa desolação. Pelo contrário, o país parece em construção. Por todo canto que andamos, existem obras a pleno vapor. E, da mesma forma que vimos muito anúncios de imóveis a venda, vimos muitos anúncios de emprego também. Talvez com salários não tão altos quanto gostariam, mas empregos. Enfim, como os portugueses gostam de dizer, tudo é conforme for. Tudo pode ser que sim e pode ser que não. Depende. Para nós, brasileiros, pode ser que o quadro não seja tão grave, comparado com o que vivemos aqui. Mas, para eles, pode ser até mais grave do que imaginamos, quando comparado com o que eles vêem nos países vizinhos. Depende, né.
Por enquanto é isso. Uma semana de boas notícias para todos nós, que estamos sempre precisando, né?
Inté.
5 comentários:
Seja benvinda. Nosso assunto aqui é o segundo turno das eleições municipais. Qualquer coisa também de dificílima compreensão. Conta mais da terrinha pra nós.
Pois é. Estou tendo muita dificuldade para pensar sobre isso. Essa mistura de política com religião foi a pior coisa que poderia nos ter acontecido. Quando eu achava que estávamos maduro o suficiente para discutirmos programas, projetos e não nomes, caímos nessa baixaria. Lamentável. Por isso não tenho dúvidas quanto ao meu voto. Voto no projeto. Tá marcado o café para sábado, né?
Patrícia, chique demais seu texto sobre Portugal. Menina, você realmente não se exibe, que bacana. E as suas amigas, que coisa! Mas melhor que tudo é seu humor. Ah... sem senso de humor fica muito chato viver. E para ter humor é imprescindível inteligência. Escreva mais e mostre mais fotos, por favor.
Um beijo da colega.
Patrícia,
Quero o diário de bordo, aliás exijo ler tudinho.
Trate de escrever tá bem?
Bjs
Oi meninas! Tô num mato sem cachorro. Sem computador e sem tempo para escrever. espero que na próxima semana esses problemas estejam resolvidos. Enquanto isso, se tiverem curiosidade, já deixei um texto inicial da viagem no blog Cadernos de Viagem, aqui do lado.
Obrigada pela visita. bjins
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