A reforma já está na rua
Estou num dilema terrível: adoto ou não a reforma ortográfica e, se adoto, defino ou não um dia D para colocá-la em prática. Eis a questão. Sei que não terei muita escolha, mais cedo ou mais tarde estarei tendo ideias sem acento, ainda mais soltas no ar do que aquelas que tenho tido até então. Essas não me escapavam, pois, se tentavam fugir, conseguia segurá-las pelo agudo e pendurá-las em algum cabide dos meus pensamentos. Agora, temo que serão mais fugazes ainda e ficarão pulando de galho em galho, como macaquinhos travessos, sem que eu consiga agarrá-las para examiná-las mais atenta e profundamente.
Mas também sei que se tiver dificuldades para assimilar as novas regras, sobreviverei, como tenho sobrevivido até hoje escrevendo só de ouvido e de memória, sem nunca ter dominado completamente as normas da língua culta, especialmente as exceções. Nem cheguei a ser crucificada por conta dessa minha ignorância. No máximo, tive de me recolher a minha insignificância, quando passei, por uma razão ou outra, pelas mãos precisas de revisores. Não costumo me aborrecer com esse tipo de correção nem mesmo com intromissões mais agressivas. Mas, nesses casos, abro mão da autoria para aderir à criação coletiva e o resultado final é sempre melhor.
Não são, portanto, as novas regras que me incomodam. Me adaptarei, mais dia menos dia. E se tropeçar, tenho certeza, algum olhar mais atento virá me socorrer. Pior, muito pior, são as vírgulas, mas essa é outra história. O que está, de fato, me aporrinhando, me deixando sem assunto, quando vem a vontade de escrever qualquer besteira, é essa urgência em se adotar a nova ortografia, mal saída do forno, ainda queimando a língua. Pensei que teria toda a vida pela frente até ser obrigada a me enquadrar. Mas nada. Mal amanheceu 2009, abri os jornais e as novas regras estavam lá, em pleno exercício. Viraram notícia de primeira página e hoje já ficaram velhas.
Da noite para o dia, ficamos todos fora de moda. Nossos textos parecem pão dormido. A meninada, viciada em novidades, não estranha a nova escrita, mas, sim, a forma antiquada que insistimos em preservar. Lêem nossos textos com a curiosidade de quem vasculha o passado atrás de bizarrices. Deus me livre! Agora, só resta a nós, mortais, nos apressarmos. E é essa pressa que não suporto, especialmente num domingo chuvoso, como o de agora. Por isso me entrego a esse dilema: aderir ou não aderir à reforma! Amanhã penso nisso.
Inté outro dia.
Estou num dilema terrível: adoto ou não a reforma ortográfica e, se adoto, defino ou não um dia D para colocá-la em prática. Eis a questão. Sei que não terei muita escolha, mais cedo ou mais tarde estarei tendo ideias sem acento, ainda mais soltas no ar do que aquelas que tenho tido até então. Essas não me escapavam, pois, se tentavam fugir, conseguia segurá-las pelo agudo e pendurá-las em algum cabide dos meus pensamentos. Agora, temo que serão mais fugazes ainda e ficarão pulando de galho em galho, como macaquinhos travessos, sem que eu consiga agarrá-las para examiná-las mais atenta e profundamente.
Mas também sei que se tiver dificuldades para assimilar as novas regras, sobreviverei, como tenho sobrevivido até hoje escrevendo só de ouvido e de memória, sem nunca ter dominado completamente as normas da língua culta, especialmente as exceções. Nem cheguei a ser crucificada por conta dessa minha ignorância. No máximo, tive de me recolher a minha insignificância, quando passei, por uma razão ou outra, pelas mãos precisas de revisores. Não costumo me aborrecer com esse tipo de correção nem mesmo com intromissões mais agressivas. Mas, nesses casos, abro mão da autoria para aderir à criação coletiva e o resultado final é sempre melhor.
Não são, portanto, as novas regras que me incomodam. Me adaptarei, mais dia menos dia. E se tropeçar, tenho certeza, algum olhar mais atento virá me socorrer. Pior, muito pior, são as vírgulas, mas essa é outra história. O que está, de fato, me aporrinhando, me deixando sem assunto, quando vem a vontade de escrever qualquer besteira, é essa urgência em se adotar a nova ortografia, mal saída do forno, ainda queimando a língua. Pensei que teria toda a vida pela frente até ser obrigada a me enquadrar. Mas nada. Mal amanheceu 2009, abri os jornais e as novas regras estavam lá, em pleno exercício. Viraram notícia de primeira página e hoje já ficaram velhas.
Da noite para o dia, ficamos todos fora de moda. Nossos textos parecem pão dormido. A meninada, viciada em novidades, não estranha a nova escrita, mas, sim, a forma antiquada que insistimos em preservar. Lêem nossos textos com a curiosidade de quem vasculha o passado atrás de bizarrices. Deus me livre! Agora, só resta a nós, mortais, nos apressarmos. E é essa pressa que não suporto, especialmente num domingo chuvoso, como o de agora. Por isso me entrego a esse dilema: aderir ou não aderir à reforma! Amanhã penso nisso.
Inté outro dia.
Foto: minha
4 comentários:
A cagada tá feita. Vamos aderir e pronto. :)
Forte Abraço!
Fazer o que! Se bem que Portugal ainda não implantou suas reformas. Ainda temos uma chance.
Não acho que temos chance, infelizmente. Estão nos obrigando a aceitar! Terei mesmo que me despedir do circunflexo no vôo... Ai, que esquisito...
Pois é, também acho que não temos chance. Mas estou custando a me acostumar com as mudanças. Acho que vou fazer por partes também. Cada semana adoto uma regra em uma palavra. hehehe....
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